Viva São Gabriel
domingo, 22 de abril de 2018
sexta-feira, 20 de abril de 2018
Que bela lembrança
São Gabriel já teve nos seus bons tempos, uma equipe de
basquete, como bem mostra essa verdadeira relíquia, que achei na página do
saudoso amigo Gastão Dubois, no Facebook. E tem uma curiosidade digna de registro: a foto é do tempo em que o Ginásio de esportes não contava ainda com cobertura.
Não sei qual a formação desse time, mas segundo a legenda que Gastão colocou, nela estão Fernando Camargo, Neguinho Edson, Nairo Henrique Gonçalves Vidal, Cafézinho, Gladis Berbigier, Souza, Arnulfo Marques Huerta, José Carlos Facin, Pelé, Tiago Porciúncula, Lampert e Elmano Leal, não sei se nessa ordem.
Não sei qual a formação desse time, mas segundo a legenda que Gastão colocou, nela estão Fernando Camargo, Neguinho Edson, Nairo Henrique Gonçalves Vidal, Cafézinho, Gladis Berbigier, Souza, Arnulfo Marques Huerta, José Carlos Facin, Pelé, Tiago Porciúncula, Lampert e Elmano Leal, não sei se nessa ordem.
Gastão faleceu em abril do ano passado, vítima de um
infarto fulminante, aos 69 anos de idade. Gastão, que era gabrielense de
nascimento trabalhava como assessor de imprensa do time do Avai.
Era também radialista, sendo narrador, repórter e
comentarista, tendo trabalhado na extinta TV RCE e em outros órgãos ligados ao
esporte. O corpo foi cremado em Palhoça (SC).
Gastão Dubois havia adotado Florianópolis há muito tempo
como sua segunda terra natal. O seu neto, Leonardo Dubois, explicou que Gastão
sentiu-se mal e foi levado para a UPA, onde chegou com dores e não resistiu.
Deixou a viúva Dona Dina, o filho Luiz Gastão e netos.
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Círculo Operário Gabrielense
Fundado em 12 de setembro de 1937, filiado a Federação
dos Círculos Operários do Rio Grande do Sul, em 24 de maio de 1945, teve sua
sede provisória em diversas residências particulares para finalmente em 1940
construir sua sede própria em amplo terreno no centro da cidade adquirido por
doação do município, onde se mantém até hoje.
Desde a sua fundação é uma entidade filantrópica e
socorrista, assistencial e religiosa sob amparo da Igreja Católica. Atuou até
certo tempo como entidade de classe e precursora dos diversos sindicatos hoje
em atuação. Foi precursor do atual Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa
Margarida do Sul, já que naquela cidade, havia um Núcleo Circulista. (Foto: Página de Luis André Lopes Lemes, no Facebook. Texto: Página da Federação dos Círculos Operários do Rio Grande do Sul, na Internet)
terça-feira, 17 de abril de 2018
Abraço de urso
Em 1981, eu trabalhava na Rádio Batovi, que tinha na direção o amigo Paulo Gilberto Hoher. A emisora tinha sido fundada há pouco tempo, e ainda dentro das festividades alusivas ao evento, foi marcado um show do cantor nativista Dante Ramón Ledesma, no antigo Cine Vitória.
O Paulo Gilberto Hoher, que era amigo do
cantor, resolveu homenageá-lo com uma churrasco, na sede do antigo Clube de
Diretores Lojistas (CDL), hoje Câmara de Diretores Lojistas, na rua Barão de
São Gabriel.
O pessoal da rádio foi todo assistir o show. Só eu fiquei
para preparar o churrasco. Chovia muito e eu me esbaldei a tomar caipirinha. O
churrasco ficou bom, mas eu nem tanto assim. Quando a turma chegou do show eu
dei um abraço no Dante Ramón Ledesma, que estava vestido todo de branco.
Minhas
mãos, pretas de carvão ficaram estampadas em suas costas. O Dante estava
acompanhado da esposa e nós tivemos de fazer “gato” e “sapato” para não
deixá-lo de costas para ela.
A festa terminou e eles foram embora para o hotel. E eu não
quero nem pensar no que aconteceu por lá, quando ele retirou o casaco branco e
se deparou com aqueles dedos pretos de carvão, gravados em suas costas. Foi um
autêntico abraço de “urso”. Acontece.
segunda-feira, 16 de abril de 2018
Reliquias militares
Clarim que tocou o último "Silêncio" do 3º Regimento de Cavalaria Motorizada (CRM) , em São Gabriel. No dia 2 de setembro de 1942, tornou-se sede dessa unidade do Exército. A extinção aconteceu em 31 de maio de 1969.
Nesse ano, no dia 24 de julho ocupava a Legendária Caserna o 6º Batalhão de Engenharia e Combate, vindo com transferência da capital do Estado permanecendo até hoje, por onde passaram-se muitas histórias. (Fonte: Geraldo Tiaraju Barbosa)
Nesse ano, no dia 24 de julho ocupava a Legendária Caserna o 6º Batalhão de Engenharia e Combate, vindo com transferência da capital do Estado permanecendo até hoje, por onde passaram-se muitas histórias. (Fonte: Geraldo Tiaraju Barbosa)
Corneta que tocou a primeira "Alvorada" no 6º BE Cmb. (Fonte: Geraldo Tiaraju Barbosa)
domingo, 15 de abril de 2018
Encontro de tradicionalistas
Pena que eu não tenha nem idéia de quando e onde foi tirada essa foto, que com certeza se constitui em verdadeira reliquia. Está na página do amigo professor Luiz Maneghello, no Facebook. Não tenho condições de identificar a todos, por isso peço a ajuda de alguém que possa dizer quem são.
O segundo é Luzardo Mello, ex-vereador, o quarto o ex-prefeito Ramiro Meneghello, pai do professor Meneghello, ao seu lado o ex-vereador Idalino Ramos, o penúltimo é Roberto Ferrony. Os demais não lembro os nomes.
O segundo é Luzardo Mello, ex-vereador, o quarto o ex-prefeito Ramiro Meneghello, pai do professor Meneghello, ao seu lado o ex-vereador Idalino Ramos, o penúltimo é Roberto Ferrony. Os demais não lembro os nomes.
sábado, 14 de abril de 2018
Um castelo no Pampa gaúcho
O castelo fica em Pedras Altas, mas a história mora em São Gabriel. Assis Brasil era gabrielense de nascimento. E construiu um castelo em estilo medieval para dar de presente a sua esposa Lídia de São Mamede, filha de um conde europeu e que residia em um local semelhante na Europa.
O castelo está tombado desde 1999 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Pena que hoje se encontre em progressiva degradação. O prédio tem 44 cômodos, inúmeras peças históricas e uma valiosa biblioteca de 8 mil volumes.
O castelo mantém até hoje móveis trazidos de Nova Iorque. Foram instaladas 12 lareiras, espalhadas pelo prédio para enfrentar o rigoroso inverno do pampa gaúcho. A quantidade de objetos históricos impressiona. Um deles é uma prosaica janela que ainda preserva os vidros quebrados durante a invasão dos chimangos. “Toda a casa deve ter suas cicatrizes”, explicou Assis Brasil para justificar a manutenção dos cacos de vidro que perduram na janela.
Assis Brasil queria provar que era possível ser homem do campo sem ser rude. Assis Brasil queria enobrecer o campo. Para enobrecê-lo, ele não apenas comprou livros, mas também introduziu no local (e no Brasil) os gados Jersey e Devon, a ovelha Karakul e o cavalo árabe.
Tinha a tese — na época revolucionária — de que uma área pequena e bem trabalhada poderia produzir mais do que as tradicionais fazendas gaúchas, onde o gado era criado sem maiores cuidados. Havia uma estação de trem próxima ao castelo, hoje desativada. Ali embarcavam animais das raças Devon, Jersey, Karakul, além da lã de ovelha, banha de porco, queijos, manteiga e frutas secas.
No sonho de Assis Brasil, o trabalho caminharia junto com a educação. “O arado e o livro são ferramentas do progresso”, escreveu. Depois de trabalharem na terra, os trabalhadores poderiam estudar.
O que Assis Brasil não previu foi que a fazenda poderia até sobreviver de sua produção, mas jamais sustentar um oneroso castelo que se ressentiria das infiltrações naturais do clima úmido do Pampa. O castelo tem aparência medieval, mas seu projeto trazia novidades exclusivas, como o fato de os banheiros ficarem dentro da fortaleza, numa época em que a lei mandava instalar sanitários fora das casas.
O castelo não é apenas um curioso exemplar arquitetônico, ele tem história. Ali, deu-se a assinatura do acordo de paz que encerrou a revolução gaúcha de 1923. Em sua biblioteca foi assinada a paz de Pedras Altas entre as forças políticas que apoiavam Borges de Medeiros e suas enjoativas reeleições — foi presidente do Estado entre 1898 e 1927 — e aquelas que se insurgiam contra o fato.
A paz foi assinada em 14 de dezembro de 1923. A Revolução de 23 durou apenas 11 meses, mas assustou um Estado onde — com suas degolas — estavam presentes as lembranças da guerra de 1893, o mais sangrento dos confrontos da história do Rio Grande.
O castelo está tombado desde 1999 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado. Pena que hoje se encontre em progressiva degradação. O prédio tem 44 cômodos, inúmeras peças históricas e uma valiosa biblioteca de 8 mil volumes.
O castelo mantém até hoje móveis trazidos de Nova Iorque. Foram instaladas 12 lareiras, espalhadas pelo prédio para enfrentar o rigoroso inverno do pampa gaúcho. A quantidade de objetos históricos impressiona. Um deles é uma prosaica janela que ainda preserva os vidros quebrados durante a invasão dos chimangos. “Toda a casa deve ter suas cicatrizes”, explicou Assis Brasil para justificar a manutenção dos cacos de vidro que perduram na janela.
Assis Brasil queria provar que era possível ser homem do campo sem ser rude. Assis Brasil queria enobrecer o campo. Para enobrecê-lo, ele não apenas comprou livros, mas também introduziu no local (e no Brasil) os gados Jersey e Devon, a ovelha Karakul e o cavalo árabe.
Tinha a tese — na época revolucionária — de que uma área pequena e bem trabalhada poderia produzir mais do que as tradicionais fazendas gaúchas, onde o gado era criado sem maiores cuidados. Havia uma estação de trem próxima ao castelo, hoje desativada. Ali embarcavam animais das raças Devon, Jersey, Karakul, além da lã de ovelha, banha de porco, queijos, manteiga e frutas secas.
No sonho de Assis Brasil, o trabalho caminharia junto com a educação. “O arado e o livro são ferramentas do progresso”, escreveu. Depois de trabalharem na terra, os trabalhadores poderiam estudar.
O que Assis Brasil não previu foi que a fazenda poderia até sobreviver de sua produção, mas jamais sustentar um oneroso castelo que se ressentiria das infiltrações naturais do clima úmido do Pampa. O castelo tem aparência medieval, mas seu projeto trazia novidades exclusivas, como o fato de os banheiros ficarem dentro da fortaleza, numa época em que a lei mandava instalar sanitários fora das casas.
O castelo não é apenas um curioso exemplar arquitetônico, ele tem história. Ali, deu-se a assinatura do acordo de paz que encerrou a revolução gaúcha de 1923. Em sua biblioteca foi assinada a paz de Pedras Altas entre as forças políticas que apoiavam Borges de Medeiros e suas enjoativas reeleições — foi presidente do Estado entre 1898 e 1927 — e aquelas que se insurgiam contra o fato.
A paz foi assinada em 14 de dezembro de 1923. A Revolução de 23 durou apenas 11 meses, mas assustou um Estado onde — com suas degolas — estavam presentes as lembranças da guerra de 1893, o mais sangrento dos confrontos da história do Rio Grande.
O castelo em sua magnitude. (Foto: Assis Brasil)
O castelo visto por uma das laterais (Foto: Cecília Assis Brasil)
Foto antiga do castelo, ainda em toda a sua plenitude. (Foto: Almanaque Literário)
O retrato atual do castelo mostra a situação de abandono em que se encontra. (Foto: Almanaque Literário)
Eis a filosofia do criador do castelo, Joaquim Francisco de
Assis Brasil: Suor e sabedoria.
Portão de ferro. (Foto: Portal Férias)
Chalé. (Foto: Portal Férias)
A biblioteca, composta de 15 mil exemplares, foi
construída a partir de um profundo estudo sobre a orientação solar para evitar
a proliferação de mofo. O lugar abriga obras em inglês, francês, português e
latim. (Fotos: Almanque Literário)
sexta-feira, 13 de abril de 2018
Adel Bento Pereira e a Estância do Inhatium
Adel Bento Pereira não se limitou a atividade rural, também foi
político e revolucionário, escrevendo seu nome com letras de ouro na história
do Rio Grande do Sul.
Era filho de São Gabriel, onde nasceu no dia 27 de dezembro de
1888. Seus pais eram João Bento Pereira e Rita Cassia de Oliveira Pereira.
Os pais de Adel foram proprietários da velha Estância do Inhatium,
a partir de 1879, depois que esta havia passado pelas mãos de vários outros
donos.
A Estância se localiza nas proximidades do arroio Inhatium, que
antigamente era chamado de "Ynãchiu", nome indígena, que significa
“mosquito que pica”.
E que definição bem correta. Realmente, o mosquital que existe por
lá, especialmente no verão, é de fazer qualquer vivente correr. No inverno é
bem melhor, já que eles pouco dão as caras.
Uma vez, em pleno verão, eu fui jogar umas linhas por lá, junto
com o saudoso amigo Anastácio Paulo Gama, o popular "Tacho", que foi
massagista da S.E.R. São Gabriel. Era tanto mosquito que nem se podia abrir a boca,
senão engolia uma dúzia deles. Não deu para aguentar e tivemos que ir embora.
Lembro de algumas outras passagens que vivi no arroio Inhatium,
junto às chamadas “Pontes Brancas”. Eu e o tenente Dutra, meu amigo de pescarias
nos tempos de São Gabriel, costumávamos em frias madrugadas ir até lá para
pescar lambaris, que depois serviriam de iscas para as pescarias da tarde.
E para aquecer o corpo ia sempre uma garrafa de “3 Fazendas”, que
voltava vazia. Embora o frio a “sede” era danada. As pessoas que passavam pela
estrada olhavam atentamente para nós, dentro da água gelada, certamente
pensando que éramos loucos.
Nessas empreitadas tínhamos a oportunidade de assistir um
espetáculo raro da natureza: quando o dia amanhecia, milhares de pássaros deixavam
as árvores em que passaram a noite e saiam a voar em enormes nuvens, com um
barulho quase ensurdecedor de seus cantos. Que era bonito, não tenham dúvidas.
E não esqueço que o saudoso amigo Ênio Lucca, pai de José Lucca, Flávio
e “Pico”, o “rei da eletricidade automotiva”, também companheiro de pescarias, que
costumava dizer, cada vez que passávamos pelo arroio Inhatium, em direção a
algum pesqueiro:
“Isso aqui é um divisor de águas”. Confesso que não entendia muito
bem o que ele queria dizer com isso. Mas como se tratava de um homem estudioso,
lia muito, não duvidava de nada do que ele dizia.
E o banhado do Inhatium é histórico. Em 1881 deu-se no local um
violento combate entre infantarias inimigas, quando o major Anção da Silva saiu
gravemente ferido de bala e morreu em São Gabriel. E o tenente Joaquim José
Ferreira Vilássa foi ferido na espalda direita.
A estância também serviu de palco para algumas cenas do filme "Lua
de Outubro", produzido em 1998. O filme narra os sangrentos acontecimentos
históricos registrados durante a “Revolução Federalista” no Rio Grande do Sul.
O PRIMEIRO DONO DA INHATIUM
O primeiro proprietário da Inhatium foi o sesmeiro, tenente de
Milícia Balthazar Pinto de Aguiar, um juiz de paz no interior de Santa Maria.
Ele era adversário ferrenho de Bento Gonçalves e um dos líderes de Santa Maria,
na sua fase inicial de “Acampamento”. Santa Maria nasceu de um acampamento
militar.
Balthazar recebeu as terras de Portugal a título de sesmaria. Descontente
com a divisão territorial determinada pelo Tratado de Santo Ildefonso, os
portugueses passaram a fazer concessões de sesmarias, sistema que perdurou até 1822,
em terras dos campos neutrais.
Campos Neutrais foi a denominação dada, pelo Tratado de Santo
Ildefonso, a uma faixa de terra desabitada no Sul do Estado do Rio Grande do
Sul cuja posse não seria de nenhuma das partes em conflito.
Esta faixa se estendia dos banhados do Taim ao Arroio Chuí e até
hoje, embora fazendo parte dos municípios de Santa Vitória do Palmar e Chuí,
continua sendo conhecida desta forma.
Os agraciados foram aqueles que haviam se destacado nas disputas territoriais
em favor da coroa portuguesa. Sabe-se que Balthazar manteve em sua propriedade
10 escravos negros, todos mandados batizar.
Essa classe de militares donos de terras foi uma das origens da
aristocracia pastoril gaúcha, consolidando o regime das estâncias. Muitas delas,
até hoje existentes em São Gabriel são frutos de doações de sesmarias.
Também se sabe da existência de documentos que dão conhecimento de
que Antônio Alves Trilha encaminhou pedido de concessão de sesmarias, no ano de
1815, nos campos de Inhatium, hoje situados entre São Gabriel e Rosário do Sul.
Depois a Inhatium pertenceu a Maria Inácia da Pureza, casada com
José Alves Trilha, que a vendeu para Manuel José Pereira da Silva, por 40.400
mil contos de réis. Ele era casado com Emerenciana Antônia Gonçalves Borges.
Manuel José era filho de José Pereira da Silva e Maria Rosa Gomes,
ambos naturais de Laguna (SC) e descendentes dos açorianos povoadores, lá
chegados em 1748.
Foi tesoureiro geral da República do Piratini e suplente de
deputado à Assembleia Constituinte e Legislativa instalada em Alegrete, a 1 de
dezembro de 1842, quando da terceira capital Farroupilha.
Entre seus filhos se distinguiu o doutor João Pereira da Silva
Borges Fortes (1816-1893), formado em Medicina no Rio de Janeiro, com larga
atuação na política riograndense. Ele casou com Francisca de Paula Alves Valle,
filha de Tomás Ferreira Valle e de Leonilda Alves Valle.
DOM PEDRO II FOI HÓSPEDE NA INHATIUM
No dia 30 de agosto de 1865, o imperador dom Pedro II passou por
São Gabriel, pela segunda vez. Desta feita a caminho de Uruguaiana, para
assistir a rendição dos paraguaios e ficou hospedado na casa da família Borges
Fortes, na “Estância do Inhatium”.
Como agradecimento aos obséquios prestados à real comitiva,
recebeu a veneranda dona Emerenciana, avó do general João Borges Fortes, de
mãos de Tereza Cristina de Bourbon, esposa do imperador D. Pedro II e
imperatriz consorte do Império do Brasil, o título de ”Dama do Paço”.
Tereza Cristina ficou conhecida como “a mãe dos brasileiros”. Nascida
como uma princesa do Reino das Duas Sicílias, era filha do rei Francisco I,
pertencente ao ramo italiano da Casa de Bourbon, e de sua esposa, a infanta
Maria Isabel da Espanha.
O casamento de Teresa Cristina e Pedro nunca se tornou uma paixão
romântica. Inclusive, manteve-se em silêncio na questão das supostas relações
extraconjugais do marido – incluindo um caso com a aia de suas filhas.
Dos quatro filhos que Teresa Cristina e Pedro tiveram, dois
meninos morreram na infância e uma filha morreu de febre tifoide aos 24 anos.
Doente e em lamentação, ela morreu de uma parada
cardiorrespiratória pouco mais de um mês depois da deposição da monarquia.
Na visita do Imperador, também Borges Fortes recebeu o título de “Cavaleiro
da Ordem de Cristo” e da “Rosa”. Mais
tarde, recusou o título de “Barão do Inhatium”, que lhe fora oferecido, pois
era homem simples e despido de honrarias.
Ainda em São Gabriel o imperador disse adeus a João Propício Mena
Barreto, “Barão de São Gabriel”, antigo comandante-em-chefe do Exército
Brasileiro durante a Guerra do Uruguai, que estava a morrer de tuberculose.
Depois da partida de Dom Pedro II, João Borges Fortes mandou
publicar no jornal local “Echo Gabrielense”, um agradecimento pelo fato do
Imperador ter se hospedado em sua casa. E como comemoração, deu carta de
liberdade a dois escravos.
A ligação da Família Borges Fortes com a “Estância do Inhatium” se
deve ao fato de Tomaz Ferreira do Valle e Leonídia Alves da Cunha, terem sido
sogros do doutor João Pereira da Silva Borges Fortes.
PRIMEIRA VISITA DE DOM PEDRO II
No dia 13 de janeiro de 1846, a então povoação de São Gabriel
recebeu a primeira visita do imperador Dom Pedro II, que veio ao Sul para
conhecer o bravo povo gaúcho que havia lutado na Revolução Farroupilha.
Ele teve deslumbrante, carinhosa e festiva recepção. Ao espocar de
foguetes e ao som de músicas e hinos guerreiros, a população ovacionou
constantemente o jovem e louro imperador do Brasil, que na oportunidade,
assistiu Missa na Igreja do Galo.
Consta que nessa sua primeira estada em São Gabriel, o monarca foi
recebido na “Estância do Sobrado”, propriedade de Antônio Martins da Cruz Jobim,
o “Barão de São Gabriel”, que hoje fica no município de Santa Margarida do Sul.
Diom Pedro II teria vindo a cavalo de Rio Pardo até São Gabriel,
guardado pelo Regimento do tenente-coronel Manoel Luiz Osório, mais tarde
Marques do Herval e pernoitou na estância.
E na segunda visita a cidade, em 1865, depois de sair da então
Nossa Senhora da Assunção de Caçapava, teria também se hospedado na “Estância
da Figueira”, considerada uma das primeiras estâncias gaúchas, hoje localizada na
Serrinha, no município de Santa Margarida do Sul, uma das primeiras estâncias
gaúchas.
Na época ela pertencia ao senhor Maneco Marinheiro, que era
soldado do Exército Brasileiro, sediado em Uruguaiana. Foram, portanto, os seus
caseiros os anfitriões de Sua Majestade.
Conta a história que foi nessa estância que se deu o encontro
diplomático entre Dom Pedro II e o coronel uruguaio Don Barnabé Magarinos, que
trazia noticias da Guerra do Paraguai e da Tríplice Aliança, a mando do
presidente do Uruguai general Venâncio Flores.
Dizem que quando da chegada do visitante, Dom Pedro II estava
caçando perdizes e foi chamado as pressas, apresentando-se vestido com um
poncho gaúcho, cansado e com as botas encharcadas. Don Barnabé teria ficado
espantado, pois nunca imaginara ver o monarca com uma indumentária guasca.
A antiga Estância da Figueira hoje é chamada de “Morada da
Figueira”. A saudosa amiga e escritora Myrta Luza Garcia Dias Rieth, em seu
extraordinário livro “Estâncias históricas e antigas de São Gabriel e Santa
Margarida do Sul”, conta com propriedade a história da Estância do Sobrado e
também da Estância da Figueira.
O que se sabe de certo é de que a Estância da Figueira se trata de
uma propriedade histórica, não se tendo idéia de quando teve início.
Acredita-se que foi sede de vastos campos, pertencentes a Antônio
Monteiro Mânsio, que foi sogro do marechal Bento Manoel Ribeiro, que na Guerra
dos Farrapos trocou de lado duas vezes, terminando ao lado dos imperiais.
A velha estância ganhou o epiteto de “Tapera Imperial” e chegou a
constar do roteiro turístico de São Gabriel, antes da emancipação de Santa
Margarida do Sul. Depois de passar por vários donos, hoje o que resta da
estância pertence a CMPC Celulose Riograndense.
Apenas como registro, publico aqui os versos compostos pelo
saudoso poeta gabrielense, Edilberto Teixeira, sobre a estância que chegou a
ser sua.
Tantas taperas perdidas/Por estas lombas pampeanas/Qual silhuetas
humanas/Lembrando a herança charrua/E quanta morada nua/Deste amor
tradicional/Lembrando Pedro II/ Destas taperas do mundo/Esta é a tapera
imperial.
O historiador Hemetério José Veloso da Silveira, que esteve na
cidade, assim descreveu a visita do imperador: “Antes de ter decorrido um ano
da pacificação da Província, mereceu São Gabriel uma primeira visita do então
jovem imperador Dom Pedro II.
O monarca teria passado alguns dias como hóspede no sobrado de
propriedade do estancieiro Tomaz Ferreira Valle. Divertiu-se ele, quando o
deixavam só tirando duas vistas do panorama sorridente, que com doces enlevos o
fizeram exclamar: “Como é bela esta paisagem”.
No entanto, pesquisas feitas pelo saudoso historiador Osório
Santana Figueiredo dizem que o sobrado da praça nunca foi de Tomas Ferreira
Vale.
Sabedor do movimento para construção da Igreja Matriz, Dom Pedro
II contribuiu com a soma de dois contos de réis, bastante grande para a época.
OUTROS DONOS DA INHATIUM
Com a morte de dona Emerenciana a estância foi de Maria Cândida
Batista Pereira, casada com o primo João Batista Rodrigues e de Rita de Cássia
Pereira, casada com João Cândido Silveira.
Depois da morte do marido, Rita casou pela segunda vez com João
Bento Pereira Soares, que passou a ser o dono da estância, conforme já dito ao
início da matéria.
Com o falecimento de João Bento, em 1900 e de Rita Cassia em 1903,
os campos foram divididos entre os filhos Adel e Alfredo Bento Pereira Filho,
este, prefeito de São Gabriel e avô do advogado, escritor e amigo João Alfredo
Reverbel Bento Pereira.
Alfredo era casado com dona Alice Menna Barreto Prates da Silva.
Ele participou ao lado dos republicanos de diversos conflitos armados, quando ganhou
o título de coronel.
Médico humanitário foi intendente no município em 1929 e prefeito
municipal de 1932 até 1935. Morreu em 1946. Dos sete filhos de Alice e Alfredo,
apenas um deles seguiu carreira militar. Valdo Prates Pereira.
Alfredo Bento Pereira Filho, um dos filhos de Alfredo era pai de
João Alfredo Reverbel Bento Pereira. Ele nasceu em 1920, formou-se em
engenharia civil e constituiu matrimônio com Lovely Garcia, filha de um
estancieiro e médico do município de Cachoeira do Sul, José Felix Garcia.
Alfredo se tornou prefeito municipal de São Gabriel entre 1969 e
1973 e morreu em 1979.
Com a introdução do gado Hereford no Brasil, em 1906, e a difusão
desta raça pelo Rio Grande do Sul, Adel Bento Pereira como novo proprietário da
Estância do Inhatium, iniciou a criação da raça em sua propriedade.
Em 1912, Adel contraiu núpcias com Zelma Machado, de cujo
consórcio nasceram sete filhos: Delma, Nice, Ivan, Carlos, Helena, Flávia e
Cenira.
UM PROPULSOR DO PROGRESSO
São Gabriel tinha na pessoa de Adel Bento Pereira, um propulsor do
seu engrandecimento econômico. Cidadão dotado de grande capacidade de trabalho,
muito contribuiu para o refinamento da pecuária gabrielense.
Na sua propriedade, a “Fazenda Inhatium”, onde residia com a
família, havia toda uma instalação pastoril, de acordo com os requisitos da
técnica recomendada. Ali se primava pela ordem, pelo asseio e pela genética por
meio de finos reprodutores das melhores raças estrangeiras.
Na criação do gado vacum, sobressaía-se a raça “Hereford”, que
sempre mereceu a atenção dos criadores gabrielenses. Para facilitar o manejo da
sua criação estabeleceu distante da sede, um Posto de nome “São João”, tendo
concluído as construções dessas instalações em fins de 1943.
Acredito que o nome hoje de “Estância Luz de São João”, de
propriedade do empresário Celso Jaloto, tenha origem nesse posto avançado.
O rebanho lanígero era também bastante apurado, merecendo especial
atenção os afamados “Rambouillet”. Adel não esqueceu de emprestar o seu cuidado
especial aos eqüinos, que no Rio Grande do Sul muito se desenvolveram.
Nesse ramo da pecuária, Adel decidiu-se pela raça de corrida “Puro
Sangue Inglês” (PSI), tendo para isso, importado matrizes da Inglaterra.
ESTÂNCIA LUZ DE SÃO JOÃO
A partir de 1965, com o falecimento de Adel Bento Pereira, a
estância passou a ser dirigida por sua filha Cenira Bento Pereira Rocha e seu
esposo Gilberto Maia de Carvalho Rocha, que estabeleceram a “Estância São
João”, desmembrada da antiga Estância do Inhatium e deram continuidade na
criação de gado Hereford.
A agora denominada “Estância Luz de São João”, teve a sua origem
nos campos desmembrados da antiga “Estância do Inhatium”, propriedade da
família Bento Pereira desde o ano de 1879.
Ela está Localizada no distrito do Batovi, cerca de 30 quilômetros
da cidade de São Gabriel. Desde 2003 pertence ao casal Celso Jaloto e Magda
Jaloto (Maguí).
Jaloto é graduado em Engenharia Militar e Civil, com especialização
em Análise de Sistemas e especialização em Aperfeiçoamento de Oficiais de
Engenharia pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército. Em 1993
publicou o livro “A Sesmaria do Inhatium”, que está esgotado.
Também publicou as obras “Santo Anastácio: história de uma cidade”
(1995) e “A maçonaria baiana e sua história” (2000).
A “Estância Alvorada do Inhatium”, agora com a denominação de “La
Buenacha”, é um desmembramento da histórica Inhatium, de Adel Bento Pereira, da
herdeira Flávia Bento Pereira.
Filha de Adel, casada com Layr Nuñez, a estância ficou para seu
único filho o médico Jorge Pereira Nuñez, casado com a advogada Ana Elizabeth
Marques Nuñez, e desta, os netos Taiana, Tauê e Rami e a bisneta Yasmin.
Layr Contino Nuñez nasceu em Porto Alegre, no dia 25 de fevereiro
de 1926 e faleceu em 19 de março de 2015, em São Gabriel, onde residia, aos 89
anos de idade.
Foi um militar, produtor rural, maçom de grau máximo (33) e cônsul
honorário do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense. Era filho do ex-presidente do
Grêmio, Severino Nuñez Filho e de Itália Contino Nuñez.
Começou a carreira militar como oficial da Cavalaria e se
aposentou como coronel da reserva. Serviu no 9º Regimento de Cavalaria (hoje 9º
RCB) e no extinto 3º Regimento de Cavalaria Mecanizada (onde agora está o 6º BE
Cmb).
Fundou o Lions Club de São Gabriel, bem como participou da
inclusão da primeira universidade na cidade e do primeiro sinal local de
televisão. Atuou em favor do “Projeto Pelotão Esperança”.
Seus méritos foram reconhecidos com o título de “Cidadão
Gabrielense”, recebido em 1994 e pela “Medalha Plácido de Castro”, em 2009.
Como homenagem também empresta seu nome ao campo de Polo da cidade, de
propriedade do Circulo Militar Gabrielense.
Chegou pela primeira vez em São Gabriel, no ano de 1947. Mas só
veio a fixar residência definitiva na cidade em 1961. Era tio avô do cantor “Gabriel,
o Pensador”.
Helena, filha de Adel Bento Pereira casou com Álvaro Amado Valli, e
também foi dona de uma parte da estância, que atualmente pertence a Eduardo
Valli, casado com Flávia Pereira de Souza, pais de Felícia Valli e Inacio
Valli.
PRESENÇA REVOLUCIONÁRIA
Adel Bento Pereira não limitou sua atividade à vida privada.
Aderiu, também, à vida política de São Gabriel e do Rio Grande do Sul. Já na
mocidade ingressou nas hostes republicanas.
A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento deflagrado
em São Paulo, mas teve adesões no Rio Grande do Sul. Liderados por Borges de
Medeiros, alguns gaúchos entraram em combate contra tropas fiéis ao presidente
Getúlio Vargas.
Destemidos políticos gaúchos estiveram envolvidos no conflito,
como Raul Pila, Batista Luzardo, Lindolfo Collor, João Neves da Fontoura e
outros, tendo a frente o doutor Borges de Medeiros.
Esses revolucionários foram dominados no “Combate da Estância da
Olaria”, no dia 20 de setembro de 1932, em Piratini. No confronto, Borges foi
preso e mais de 200 revolucionários morreram.
DOIS CORPOS PROVISÓRIOS
Conta o saudoso historiador Osório Santana Figueiredo em seu livro
“História de São Gabriel”, que quando da Revolução de 1932 foram criados dois
"Corpos Provisórios" em São Gabriel, o “13º” e o “40º Corpo Auxiliar
da Brigada Militar", comandados pelos irmãos tenentes-coronéis Adel e
Alfredo Bento Pereira. O “40º” foi dissolvido após 45 dias da sua criação.
O "13º Corpo Auxiliar" tinha um efetivo de 400 homens,
reforçado por um esquadrão do “12º Corpo Auxiliar”, de Dom Pedrito, sob o
comando do major Leopoldino Dutra, conhecido por “Pudico”, com 150 homens.
E também pelo 3º Esquadrão do “1º Regimento de Cavalaria da
Brigada Militar”, com 120 homens, sob o comando do 1º tenente Júlio Pinheiro,
auxiliado pelo 1º tenente Cely Guarani de Bem, do “13º”. Ao todo, 670 homens
providos de farta munição e com regular adestramento militar.
A força Borgista não ia além de 204 homens, recrutados às pressas,
numa campereada pagueira, os quais, em sua maioria, desconheciam o manejo das
suas próprias armas. Seguiam aliciados pelo entusiasmo dos seus chefes políticos.
A surpresa foi geral. Antes mesmo de ser iniciado o combate, a
tropa rebelde, teve um piquete aprisionado, quando em repouso, estendia os
pelegos para a sesta.
A força governista atacou pelos quatros cantos, num movimento
envolvente. Mesmo assim não pode evitar que grande parte dos revolucionários
conseguisse fugir para o Uruguai, liderados pelo estóico Batista Luzardo,
uruguaio de Salto.
DIGNIDADE DE CHEFE
O doutor Borges ficou. Sua dignidade de chefe o impediu de fugir.
E ficou até o último cartucho. A resistência organizada pelo capitão Martim
Cavalcanti foi tenaz e heroica. Só cessaram fogo quando esgotada a munição.
A prisão do antigo presidente do Estado foi levada a efeito num
ato de solene respeito. O velho político entregou-se calmamente. Era um forte.
Nem a dor da desgraça o fazia diferente ou perturbado.
O coronel Adel Bento Pereira empenhou toda sua tropa nesse “Combate
da Estância da Olaria”, compreendendo os 1º, 2º, 3º, e 4º Esquadrões do “13º
Corpo Auxiliar”, comandados pelos capitães Itolbidez Garcez, Frantz Bragança,
Scyla Gomes da Silveira e Caboclo Marques, respectivamente.
O Esquadrão de Dom Pedrito perdera o capitão Catulino Nogueira,
morto com um tiro na testa, e mais duas praças. O “13º” tivera vários mortos e
feridos.
A derrota dos rebeldes gaúchos foi decisiva para a Revolução
Paulista. São Paulo precisava do apoio dos rio-grandenses e como perdera, nada
mais restava do que capitular. E isso aconteceu a 1º de outubro.
ÚLTIMO GRANDE CONFLITO
A Revolução Constitucionalista de 1932 tinha por objetivo a
derrubada do Governo Provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova
constituição para o Brasil.
Foi uma resposta paulista à Revolução de 1930, a qual acabou com a
autonomia de que os estados gozavam durante a vigência da Constituição de 1891.
A Revolução de 1930 impediu a posse do governador de São Paulo (na
época se dizia "presidente") Júlio Prestes na presidência da
República e derrubou do poder o presidente da república Washington Luís, que
fora governador de São Paulo de 1920 a 1924, colocando fim à República Velha.
Foi a primeira grande revolta contra o governo de Getúlio Vargas e
o último grande conflito armado ocorrido no Brasil.
No total, foram 87 dias de combates, (de 9 de julho a 4 de outubro
de 1932 - sendo o último dois dias depois da rendição paulista), com um saldo
oficial de 934 mortos, embora estimativas, não oficiais, reportem até 2.200
mortos, sendo que numerosas cidades do interior do Estado de São Paulo sofreram
danos devido aos combates.
São Paulo, depois da revolução de 32, voltou a ser governado por
paulistas, e, dois anos depois, uma nova constituição foi promulgada, a de
1934.
Assim foi encerrada a era romântica dos lances épicos, das
guerrilhas improvisadas e do culto à guerra, vividos pelo nosso velho Rio
Grande do Sul.
A título de curiosidade conto que em 1940, São Gabriel, então com
35.849 habitantes, tinha oito associações culturais e artísticas, oito
entidades esportivas, dois teatros e dois clubes sociais. Somente naquele ano
foram realizados 53 torneios de tênis e polo no município e na região da
Campanha Gaúcha.
Com justiça Adel Bento Pereira hoje é nome de rua em São Gabriel.
É o reconhecimento da comunidade a um de seus filhos mais ilustres. (Pesquisa:
Nilo Dias)
Tenente de Milícia Balthazar Pinto de Aguiar, o primeiro dono da Estância Inhatium.
Homenagem às mulheres
O "Dia Internacional da Mulher" não passou em
branco em São Gabriel. No dia 6 de fevereiro último, a Câmara Municipal prestou justa homenagem a 15 personalidades que se
destacaram durante o ano de 2017 em nossa cidade. Foram elas:
Vera Regiane de Oliveira Figueiredo (vereador Adão
Santana), Maira Beatriz dos Santos de Oliveira Souto (vereador Renato
Silveira), Ana Liz de Barros Barreto Ramalho (vereador Valdomiro Lima), Maria
Eulália Mâncio (vereador Antônio Bertazzo), Maria Izabel Cortiana Ferreira
Montagner (vereador Felipe Abib), Cláudia Regina da Silveira Achyles (vereador
Éder Barboza), Alzira Elaine Melo Leal (vereador Marlon Mendes Maciel), Marilei Ferreira Silva
(vereador André Focaccia), Juliana Medeiros Carvalho (vereador Claudiomiro
Borges da Silveira), Clarrissa Freitas Rodrigues Coletto (vereador Vagner
Aloy), Valéria da Motta Lacerda (vereador Evaristo de Oliveira), Maria Luiza
Bicca Bragança Ferreira (vereadora Flávia Batista de Almeida), Rosângela Peres
Aude. (vereador Rossano Farias), Túnia Beatrz Vinhas Peres (vereador Cilon
Lisoski) e Nelizabeth Andrade Silva (vereador Carlos Alberto Mc Cordes Lannes).
A professora Alzira Elaine Melo Leal, foi homenageada pelo jovem vereador Marllon Maciel. (Fonte: Jornal "Tribuna Popular")
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Teatro na Rádio São Gabriel
A foto acima é de 1955. Nela estão os "artistas gabrielenses do Teatro Juvenil", que era apresentado ao vivo, porque na época não existia gravador de som. Nos estúdios da primeira sede da Rádio São Gabriel, então ZYO-2, localizada na esquina das ruas General Mallet e Mascarenhas de Moraes, vemos da esquerda para a direita:
Ana Mária Moraes Ribeiro, Élida Pereira Gatto, Circe da Silva Oliveira, Odilon Borba, Italo Zailu Pereira Gatto, Ayrton Meyer Corrêa, Laila Marly Vargas Alves, Ramón Monteavaro, Luiz Fernando Franzen Vinadé, Ismar Monteiro Lopes e Antônio Paulo. (Foto: Arquio de Italo Zailu Pereira Gatto)
segunda-feira, 9 de abril de 2018
Do álbum das recordações
O casal amigo Raul Rivas e Ligia Ferrony Rivas, em foto antiga. (Fonte: Página de Ligia no facebook)
Valiosa recordação. O casamento de Raul e Ligia. (Fonte: Página de Ligia no facebook)
Raul e Ligia em foto recente. (Fonte: Página de Ligia no facebook)
quarta-feira, 4 de abril de 2018
A praça estava linda
No Natal de 2015 a Praça Doutor Fernando Abbott recebeu uma ornamentação muito linda, feita pelas Secretarias Municipal de Turismo e da Educação. Todas as peças foram confeccionadas com garrafas Pet e CDs que foram apreendidos pelo Judiciário local. O resultado pode ser observado nas fotos abaixo. (Fonte: Página de Malu Bragança, no Facebook)
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Um casamento que dura 50 anos
Uma foto histórica, que mostra o casamento dos amigos
Miguel Abib e Maria da Graça, no distante dia 22 de junho de 1967. No ano
passado eles completaram 50 anos de casados, tempo que faz inveja a muitos
casais de hoje que casam e descasam com uma facilidade incrível. (Fonte: Página
de Gisele Abib, no Facebook)
domingo, 1 de abril de 2018
A maior batalha campal do Brasil
Eu já escrevi para o jornal “O Fato” alguns trabalhos a respeito
de vultos ilustres da história rio-grandense e também de episódios históricos
ocorridos em solo gabrielense e de outras paragens.
Na certeza de que isso é de grande valia para nossas escolas e
seus alunos, pois alguns professores (as) já manifestaram isso a Ana Rita, é
que continuo a me aprofundar na busca por subsídios, que possam mostrar com
mais clareza como ocorreram.
A “Batalha do Passo do Rosário” aconteceu em 20 de fevereiro de
1827, bem próximo da atual cidade de Rosário do Sul, e também de São Gabriel e
a pouco mais de 100 km da fronteira com o Uruguai.
Constituiu-se na maior batalha campal travada no Brasil. Os
brasileiros chamaram de “a Batalha do Passo do Rosário”, os argentinos e
uruguaios de “La batalla de Ituzaingó”.
Até hoje militares e historiadores dos dois lados da fronteira
discutem se ouve um empate técnico ou uma vitória castelhana inconclusa.
A Banda Oriental, outrora parte do vice-reinado espanhol do Rio da
Prata, conquistada pelas armas de Don João VI, anexou-se, depois da
independência do Brasil, ao Império, em virtude do voto das autoridades e
populações orientais.
Mas, levada pelo espirito de liberdade, que fizera de todas as
colônias americanas Estados livres, revolucionando-se, rompeu os laços de união
e declarou-se “Província Unida aos Estados do Rio da Prata”.
O Brasil, que mantinha a posse desse território, já por direito de
conquista, já por atos da federação, tratou de reivindicar a sua soberania.
Eis aí a causa da guerra, que terminou na “Batalha do Passo do
Rosário” ou de “Itainzagó”.
DECLARAÇÃO DE GUERRA
O Exército Republicano, composto por tropas argentinas e uruguaias
tinha mais de oito mil combatentes divididos entre homens de infantaria,
cavalaria e artilharia, comandados pelo brigadeiro Carlos Maria de Alvear.
O Exército Imperial, ou Exército do Sul, composto por brasileiros,
alemães e indígenas missioneiros, por sua vez, possuía pouco mais de seis mil
soldados, comandados pelo Marquês de Barbacena.
Devido a revolta de Juan Lavalleja, com o apoio das Províncias
Unidas do Rio da Prata, contra o domínio do Império do Brasil sobre a Província
Cisplatina, fez com que Dom Pedro I, declarasse guerra aquele país, em Janeiro
de 1826.
O imperador, de inicio, não deu muita atenção a revolta, pois
tinha questões consideradas mais importantes a tratar, como as do Maranhão,
Pará, Pernambuco, Bahia e da própria capital, Rio de Janeiro. Contava, assim,
com poucos recursos para debelar o levante na mais meridional das provinciais
do Império.
Porém, quando a revolta ganhou apoio da população uruguaia, Dom
Pedro teve que recrutar o mais rápido possível uma força de combate e enviá-la
para o Sul.
Ele próprio pensou em comandar as forças que iriam à Província
Cisplatina, nome do então Uruguai. Mas teve que mudar de ideia devido o
falecimento de sua esposa, Dona Leopoldina. Então nomeou para o comando do
Exército Imperial, Felisberto Caldeira Brant, o “Marquês de Barbacena”.
Pelo lado inimigo, nem tudo era um mar de rosas. As Províncias
Unidas do Rio da Prata quase sempre estavam em desacordo sobre políticas
internas, e não raras vezes guerreavam entre si. A única coisa que as unia era
o ódio comum ao Império do Brasil.
Com a possibilidade de darem um golpe no Império, apoiaram o
levante uruguaio contra a dominação brasileira. Primeiro foi político e
logístico e, depois, militar.
A intenção era convocar tropas para lutar ao lado de Juan Lavalleja.
Mas aconteceu uma luta pelo comando das forças, que se opuseram a Lavalleja.
Por fim, o comando foi dado a Carlos Maria de Alvear.
AS CAUSAS DA BATALHA
A “Batalha do Passo do Rosário” só ocorreu em razão do avanço do
exército de Carlos Maria de Alvear, no final de janeiro de 1827 sobre as
pequenas vilas e cidades da fronteira situadas no lado brasileiro. O visconde
de Barbacena começou, então, a perseguição ao inimigo, vindo a achá-lo disposto
à batalha no dia 19 de fevereiro.
Segundo alguns historiadores, Alvear fez Barbacena acreditar que
perseguia a retaguarda de um Exército em retirada, quando na verdade todo o
efetivo estava por perto.
Essa teoria tem por base o fato de que o Exército Imperial já
estava no local da batalha, desde a noite do dia anterior ao seu desfecho. Por
outro lado, o terreno escolhido por Alvear para o combate era propício para a
movimentação de unidades de Cavalaria, as quais o Exército Republicano possuía
em vantagem numérica de três para um.
Na manhã do dia 20, o Exército Imperial avançou sua Infantaria com
apoio de Cavalaria sobre o I Corpo de Tropas republicanas sob o comando de Juan
Lavalleja, dando inicio ao combate.
Os uruguaios em principio resistiram bravamente, mas não demorou
para que começassem a ceder terreno em alguns pontos, proporcionando que as
tropas brasileiras se dirigissem sobre as três ou quatro peças de Artilharia
que se encontravam no centro do esquema inimigo.
Foi o momento em que surgiu no campo de batalha a Cavalaria
republicana. E a esquerda brasileira, formada por Infantaria de voluntários com
pouco adestramento militar, recuou e correu para salvar-se. Em vão o marechal
José de Abreu tentou conter seus homens e acabou morrendo no combate.
A ala direita do Exército Brasileiro também recuou, repassando as
margens do córrego (braço do rio Santa Maria) para o lado brasileiro.
Somente o centro das forças brasileiras, composto por mercenários
alemães manteve posição. Resistiu a diversas investidas da Cavalaria inimiga.
Os soldados alemães faziam parte do projeto de imigração de Dom
Pedro I. Em 1823 haviam sido criados quatro batalhões de estrangeiros com
alemães, dois de Granadeiros (para a guarda da Corte) e dois de Caçadores (que
lutaram na Guerra da Cisplatina e na Confederação do Equador). Os batalhões
foram dissolvidos em 1830 e os soldados foram enviados para colônias agrícolas.
Por fim, as forças republicanas não conseguiram quebrar a formação
do centro do Exército inimigo, mas lhe atingiram a retaguarda desguarnecida
pelo recuo das alas.
Barbacena ordenou o recuo das tropas. Elas saíram do campo de
batalha em formação, mas o mesmo não ocorreu à esquerda e à direita do
Exército.
Alvear conquistou o campo de batalha, mas não possuía tropas
descansadas para perseguir o adversário. Mandou tocar fogo na mata que cercava
o local da luta.
Assim, o Exército Imperial pôde se reagrupar dias depois na
retaguarda. Os cativos feitos por argentinos e uruguaios vieram sobretudo, das
unidades que formavam as alas das forças sob Barbacena.
A MARCHA DA VITÓRIA
Entre as munições abandonadas pelo Exército Imperial encontrava-se
um cofre com uma partitura, entregue pelo Imperador ao Marquês de Barbacena,
para que fosse interpretada após a primeira vitória imperial.
Dom Pedro I teria mandado compor a “Marcha da Vitória”. Mas o
plano de “Sua Majestade Real” falhou: em um confronto cujo resultado é motivo
de discórdia até agora, os castelhanos levaram a música como troféu.
Além de cantar vitória os argentinos rebatizaram a melodia de
“Marcha de Ituzaingó”, a versão castelhana para o nome “Passo do Rosário”.
Anunciaram que o próprio Dom Pedro I criara a obra. E foram mais
adiante ainda: desde então, tocam a música de 3min57segundos nos quartéis e nos
rapapés ao Presidente do país.
O Exército aliado republicano apoderou-se dela e batizou-a como
”Marcha de Ituzaingó.” Todos os anos, quando em atos oficiais traslada-se a
bandeira da Argentina. É um dos três atributos que ostenta o Presidente da
República: bastão de mando, banda presidencial e Marcha de Ituzaingó.
DOMÍNIO NAVAL
De todo modo, o Brasil seguiu com o domínio naval, já que logo em
seguida, com a “Batalha de Monte Santiago”, as ações navais argentinas ficaram
limitadas à guerra de corso.
“A Batalha de Monte Santiago” foi um confronto naval da “Guerra da
Cisplatina”. Ocorreu entre 7 e 8 de abril de 1827. A divisão brasileira,
comandada por James Norton, surpreendeu uma esquadrilha argentina e a
perseguiu, perdendo os inimigos dois de seus melhores navios.
O almirante Brown, que comandava os argentinos, ficou ferido. Como
consequência dessa batalha, o Império do Brasil obteve supremacia naval, o que
foi decisivo no curso dos acontecimentos.
O bloqueio econômico imposto pela Marinha de Guerra do Brasil
causava prejuízos econômicos significativos a Buenos Aires. A luta em alto mar,
pelo lado republicano, restaria reduzida, em grande parte, a esforços de
corsários.
Na batalha morreu o comandante Rafael de Carvalho, que dirigia o
brigue “29 de Agosto”. E, também, o comandante Francis Drummond, do lado
republicano.
Montevidéu e Colônia do Sacramento seguiram sob o controle do
Brasil. A supremacia naval foi decisiva, pois sem controle naval as Províncias
Unidas não tinham meios para vencer o conflito.
Essa guerra foi, em sua essência, uma guerra naval e o domínio da
Banda Oriental e de Montevidéu ainda assim não significaram nenhuma vantagem
para Buenos Aires, enquanto o bloqueio naval pode ser mantido pelo inimigo.
O próprio José de San Martín dizia, em julho de 1827, que ambas as
vitórias podiam contribuir para acelerar a conclusão da desejada paz. E que não
viu em nenhuma dessas batalhas caráter de decisivas.
GUARDA FÚNEBRE
Anualmente, o 4º Regimento de Carros de Combate - Regimento Passo
do Rosário - (4º RCC), localizado em Rosário do Sul, é o guardião ou mantenedor
das tradições da “Batalha do Passo do Rosário”.
Todos os anos o 1° RCG (Regimento de Cavalaria de Guardas), os
“Dragões da Independência”, localizado em Brasília, realiza uma formatura em
memória à “Batalha do Passo do Rosário”.
Dela participam todos os militares do Regimento, e ao término da
formatura é realizada uma guarda fúnebre em homenagem aos que combateram em
favor do país.
No episódio "O anjo da vitória", dos "Contos
Gauchescos" de Simões Lopes Neto, o narrador Blau Nunes fala dessa
batalha, dita de Ituzaingó, da qual teria participado quando criança.
Embora passados 190 anos do episódio, até hoje arqueólogos com
detectores de metais esquadrinham o ventre do pampa, em Rosário do Sul, na
busca de vestígios da maior batalha já travada em solo brasileiro.
Cada peça que encontram - bala de canhão, cabo de espada,
projéteis, estribos, pistolas, uma fivela que seja -, surpreende e pode
reacender antigas pendências.
Sabe-se de alguns livros sobre a Batalha. Por exemplo: “175 Anos
da Batalha do Passo do Rosário”, de Cláudio Moreira Bento; “A Batalha do Passo
do Rosário”, de Tasso Fragoso; “Guerra com as Províncias Unidas do Rio da
Prata”, de Luiz Manoel de Lima e Silva; “Campanha de Ituzaingó”, de Henrique
Oscar Wiederspahn.
O general Tasso Fragoso também publicou, em 1934, um excelente
trabalho intitulado “História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai”,
em cinco volumes, que se transformou em obra historiográfica referencial no
Brasil sobre aquele confronto. (Pesquisa: Nilo Dias)
Monumento ao general José de Abreu, Barão do Serro Largo,
levantado no local onde se feriu a "Batalha do Passo do Rosário".
sábado, 31 de março de 2018
São Gabriel das carretas
25 de julho de 1986. Há 200 anos a carreta faz parte do cenário urbano das ruas de São Gabriel. O carreteiro com suas quitandas é uma criatura estimada da população gabrielense. (Foto: Valdir Kaiser, publicada no blog "Guia da Bombacha")
Ano 1983, 12 de março. Uma carreta aproxima-se da ponte sobre o rio Vacacai, já de cimento armado. (Fonte: "Guia da Bombacha)
Ano 1958, 19 de março. Carreteiros do município de São Gabriel aproximando-se da cidade pelo Corredor das Pontes Brancas. Nota-se o piá tocando os bois na carreta da frente, seguido pelo pai. (Foto: Capa do livro "São Gabriel desde o principio", de autoria do saudoso historiador Osório Santana Figueiredo)
Ano 1940. O carreteiro é o gaúcho de aguilhada na mão, tão bravo como se estivesse de lança em punho. Aqui o vemos com suas carretas carregadas de bolsas de lã de ovelha, um dos principais produtos da pecuária rio-grandene. (Fonte: Livro "O Rio Grande do Sul", de Wolfgang Hoffmann Harnisch)
Ano 1940. Carreteiros com suas carretas toldadas de santa fé deixando a cidade, na curva da antiga ponte de madeira, sobre o rio Vacacai. (Fonte: Livro "Rio Grande do Sul", de Wolfgang Hoffmann Harnisch)
Ano 1932. Granja Campestre, do senhor Nabor Salgado. Belo cenário à margem do rio Vacacai, vendo-se em primeiro plano, os carretões em fileira com os arrasatões, alinhados para o começo da safra de arroz daquele ano. (Foto: Publicada no blog "Guia da Bombacha")
Ano 1923. 19 de março. A carreta que transportou a família do escritor Francisco D'Ávila Flores, da localidade de Pau Fincado, município de São Gabriel, para a cidade de Santa Maria. Assim ele a recorda: "Velha carreta que eu acompanhei, no meu petiço bragado, em viajada definitiva, das coxilhas gabrielenses até Santa Maria". (Fonte: "A tragédia da casinha branca", publicada no blog "Guia da Bombacha")
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