Muito
cedo, ainda antes da "Revolução Federalista", mudou-se para a Capital do Estado,
onde estudou, exerceu o jornalismo e escreveu muito, publicando seus primeiros
livros. Em 1885 matriculou-se na tradicional "Faculdade de Direito de São Paulo".
Adoeceu, retornando ao Estado, continuando sua vida de homem de imprensa.
Em
junho de 1897 publicou seu primeiro livro, intitulado "Pelo Futuro". Seguiram-se: "O Rio Grande Independente" (1898) e "Através da Imprensa" (1900). Apenas, mais tarde,
se lançou como ficcionista.
Em
1898 foi ao Rio de Janeiro onde conheceu importantes figuras literárias da
época. Demorou-se pouco, retomando as lides jornalísticas. Em 1901 mandou edificar, no terreno da
família, em Porto Alegre um pequeno prédio que se tornou ponto de velhos e
novos intelectuais gaúchos.
Após
idas e vindas, em 1910 estava novamente no Rio de Janeiro, onde permaneceu a
maior parte do tempo até 1924. Foi eleito para a "Academia Brasileira de Letras" em 6 de setembro de 1913, tomando posse no dia 21 de junho do ano seguinte. Foi
o primeiro gaúcho eleito para a "Casa de Machado de Assis".
Rompeu
com os antigos federalistas, aderindo ao "Partido Republicano Rio-Grandense",
pelo qual exerceu mandatos de deputado federal entre 1918 e 1924, quando
retornou ao Rio Grande, assumindo a direção do "Arquivo Público do Estado" e,
posteriormente, do "Museu Júlio de Castilhos", onde passou a residir, até sua
aposentadoria em 24 de março de 1939.
Participou
ativamente da "Revolução de 30", inclusive, comparecendo e falando na sessão de
13 de novembro daquele ano, devidamente fardado à gaúcha.
Solteirão
e mulherengo, após pelo menos duas grandes desilusões amorosas, casou-se com
sua governanta, Ofélia Balthesan, em 8 de abril de 1839. Mudou-se para o Rio de
Janeiro. Doente e corroído pelo alcoolismo, longe da mulher, mas assistido por
poucos e fiéis amigos, faleceu no "Hospital Miguel Couto", em 2 de setembro de
1944.
Foi
velado na "Academia Brasileira de Letras" e sepultado no "Cemitério São João
Batista" no dia seguinte. Em 1949 seus despojos foram exumados e transportados
para o Rio Grande do Sul, sendo, sob-honras militares, depositados no "Cemitério
da Santa Casa de Misericórdia", de Porto Alegre, em 17 de setembro daquele ano.
Com
a morte de Alcides Maya, à exceção de “Tapera”, os direitos autorais de suas
obras passaram à viúva, que somente reapareceu para a história, possibilitando
a reedição dos livros pela "Editora Movimento", em parceria com o "Curso
Universitário" e a "Universidade Federal de Santa Maria".
Osório
Santana Figueiredo, historiador gabrielense, autor da obra "Alcides Maya, o Clássico dos Pampas", lembrou que ninguém pode editar
obra literária sem consentimento do autor ou herdeiros. E também falou da frieza com que
foi tratado por Dona Ofélia.
Além
das dificuldades legais em reeditar os livros de Alcides Maya deve-se levar em
consideração o conteúdo sociológico que perpassa o romance e os contos do
criador de Miguelito.
Em sua ficção, como destacou Floriano Maya d’Avila, seu
sobrinho e “filho espiritual”, (Porto Alegre: "Terra e gente de Alcides Maya".
Editora Sulina. 1969), há toda uma crítica profunda as estruturas sociais da
Campanha e do sistema político determinado pela caudilhagem.
Floriano
desenvolveu teses esboçadas por José Salgado Martins em "Alcides Maya: o
ensaísta e o escritor de ficção" (Rio de Janeiro – Porto Alegre – São Paulo.
Editora Globo, s/d [1964]).
A
crítica ao sistema de poder, que também não mereceu a devida atenção dos
estudiosos, é outro elemento que contribuiu para que seus livros fossem
lançados ao esquecimento. O que se agravou com a adesão ao sistema
castilhista-borgista.
Miguelito,
de "Ruínas Vivas", o grande personagem de Alcides Maya é o protótipo do gaúcho.
Filho bastardo de um jovem estancieiro (Artur), que, aluno da "Faculdade de
Direito de São Paulo", faleceu prematuramente e Elisa, filha de Chico Santos,
veterano das guerras gaúchas.
Seu
pai representou o aventureiro branco, detentor da cultura europeia; Elisa era a
“china”, meio branca, meio índia, meio negra, talvez. Desprezado pelo avô
paterno, o branco pai e filho dos conquistadores das terras americanas,
herdeiros do poder colonial, tornou-se um verdadeiro “guaxo”.
Sem
pai, sem mãe, sem avó, sem terras, tornou-se o índio vago, indomável. Se
tivesse um pedaço de terras seria o “taura”, o valente; como proletário rural,
sem direito a prole, tornou-se o “maula”, o perseguido pela lei e a Justiça, a
serviço dos poderosos. Miguelito é o nosso Martín Fierro. (Fonte: Paulo
Monteiro, na revista “Somando”, Edição 183 – Ano XVI – Junho/2012, páginas 30 e
31).
"Tapera", segunda edição, 1962.
"Romantismo e Naturalismo na obra de Aluísio Azevedo
", 1926.
"Crônicas e Ensaios", primeira edição, 1918.
"Alma Bárbara", 1912.
"Tapera", primeira edição, 1911.
Sua obra ficcional compõe-se do romance "Ruínas Vivas" (1910) e dos livros de contos "Tapera" (1911) e "Alma Bárbara" (1922). Nessas narrativas, Maya cartografa a região da campanha, descrevendo seus usos e costumes, registrando a violência no campo, o êxodo rural e a formação dos bolsões de miséria decorrentes de modificações nos modos de produção das estâncias gaúchas.
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