segunda-feira, 8 de abril de 2013

Estância da Formosa

Localizada a 55 quilômetros da sede do município de São Gabriel, a Estância da Formosa é fruto da coragem e espírito empreendedor de descendentes de imigrantes italianos que desenvolviam atividades de engenho de arroz, comércio e olaria em Restinga Seca (RS).

A Formosa é uma lagoa de enorme proporções, a maior de São Gabriel, localizada entre o rio Santa Maria e Jaguari, seu tributário. Fica parte no município de São Gabriel e parte no de Lavras do Sul. Divide esses dois municípios.

O historiador Osório Santana Figueiredo, consultado pelo operador do blog, disse que conheceu a lagoa no ano de 1943 durante a grande seca, quando um fogo havia queimado o seu tirirical medonho. Aí se pôde entrar lá. Do contrário ninguém que não a conhecesse podia chegar até a lagoa. O tirirical era tão alto que cobria um homem de pé a cavalo.

O seu interior era recortado por um labirinto de piques medonhos, habitada por bichos de toda espécie como cérvos, veados, capinchos e cobras de todos os tipos. Arrodeada de um espesso matagal, refúgio de bandidos e ladrões de gado. Muitas vezes à noite, acampados na ponta da lagoa, as pessoas eram surpreendidas pela presença desse tipo de gente. Levavam carne a vontade e pediam em troca, açucar, sal e café. Açucar eles comiam de colher.

Há mais de 50 anos lá chegaram os Giulliani e domaram o banhadal plantando arroz. Alberto Giuliani e seus irmãos, Arnaldo, Baptista e João, assumiram novos desafios em São Gabriel, no início da década de 1960. Já naquela época a visão empreendedora dos Giuliani era comprovada, pois o engenho da família em Restinga Seca foi o primeiro no Brasil a exportar arroz.

Eles adquiriram uma extensa área de terras localizada às margens dos rios Santa Maria e Jaguari, em São Gabriel. Os recursos para aquisição da Estância da Formosa vieram da venda do engenho em Restinga Seca e do arrendamento para terceiros de parte das terras da própria fazenda para o cultivo de arroz.

O inicio não foi fácil. Até a lenha era escassa, havia somente o caraguatá. Após alguns anos, Alberto e seus irmãos desfizeram a parceria. Na partilha Alberto ficou com 50% da Formosa e os outros 50% com seu irmão João. Arnaldo e Baptista foram para Restinga Seca e Cachoeira do Sul.

Alberto Giuliani e Raquel Magoga Giuliani tiveram cinco filhos, dois deles, morreram ainda jovens vítimas de acidentes. Os outros três, Sergio Augusto, Paulo Fernando e João Roberto continuaram conduzindo as atividades na Formosa junto com o pai. Alberto Giuliani mantinha uma gestão austera e tradicional da propriedade com grande habilidade em negócios ligados a agropecuária e a criação de cavalos da raça puro sangue inglês.

Após sua morte, aos 65 anos, os filhos deram continuidade ao trabalho do pai, dividindo a execução das atividades da propriedade. A produção de bovinos era a principal atividade da fazenda, mas a falta de pastagens nativas foi à limitação para desenvolver a pecuária.

Em 1992, Sergio propôs aos irmãos a dissolução da sociedade e assumiu junto com sua esposa Núbia Regina Sangoi Giuliani e os três filhos Daniela Sangoi Giuliani, Alberto Giuliani Neto e Sergio Augusto Giuliani Filho, na época com 16 anos e o único dos filhos a morar e trabalhar na Fazenda com os pais.

Em 2003, Aberto (Betinho), formado em Medicina Veterinária e filho mais novo de Sergio, foi morar na Estância para conduzir as atividades ao lado dos pais. Um pouco mais tarde a filha Daniela, também integrou o grupo para administrar os negócios da família.

Depois de muita conversa, os filhos convenceram o pai de que havia necessidade de organizar um sistema de gestão diferenciado, seguindo as novas necessidades e tendências do agronegócio. Foi então decidido que no processo de sucessão familiar cada um teria um cargo na administração da propriedade.

Os frutos das mudanças em pouco tempo foram sendo colhidos, pois com a reestruturação da gestão a propriedade teve um aumento de 40% na renda bruta e uma redução de 15% dos custos operacionais.

Foi em 2001 que iniciou a semeadura de soja na Formosa. Na safra 2011/2012 foram cultivados 1245 hectares com a leguminosa.

Dois anos atrás o historiador Osório Santana Figueiredo andou por lá com João Francisco Giuliani e correram de carro por todo o antigo banhadal. Hoje lá existe um povoado com esse nome, tem colégio e casas de comércio.  Linha de ônibus diária que sai de lá às 7 horas, passa pelo Batovi e chega em São Gabriel pelas 9h30min. (Fontes: Revista Plantio Direto, edição 127, janeiro/fevereiro de 2012 e historiador Osório Santana Figueiredo)

Sergio e Núbia Giuliani atuam como Conselheiros de Administração da propriedade.
Daniela Giuliani, diretora Financeira da Formosa Agropecuária.


Sérginho e Betinho Giuliani, administram com a irmã Daniela a Formosa Agropecuária em São Gabriel.

A soja na várzea é uma realidade na Formosa. 

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