terça-feira, 25 de junho de 2013

Argemiro de Assis Brasil

*Argemiro de Assis Brasil foi um militar brasileiro, nasceu em São Gabriel, no dia 11 de maio de 1907 e faleceu em Canoas (RS), no dia 23 de junho de 1982. Era filho de Leônidas de Assis Brasil, fazendeiro gaúcho, e de Márcia de Assis Brasil, que possuíam uma propriedade rural em Cacequí (RS), onde Argemiro passou boa parte da infância.

O início de sua vida escolar foi em seu município natal. Em 1921, foi estudar no Colégio Militar de Porto Alegre, indo em seguida para a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. Em 1929, graduou-se oficial da Arma de Infantaria do Exército, formando-se em primeiro lugar na sua turma.

Em 1930, já segundo tenente, se negou a combater o governo de Washington Luís, em razão do qual foi preso e anistiado três meses depois por Getúlio Vargas. Em 1932, como primeiro tenente, participou do movimento revolucionário paulista, razão pela qual foi exilado por dois anos na Europa. Viveu por algum tempo clandestinamente na Argentina, sendo anistiado novamente em 1934 por Vargas.

Em 14 de janeiro de 1939, em Santa Maria (RS), casou-se em primeiras núpcias com a professora santamariense Alba Arruda Gomes, com a qual teve dois filhos, Antônio Carlos de Assis Brasil, militar e engenheiro residente no Rio de Janeiro e Paulo Renato de Assis Brasil, médico, residente em Canoas.

Casou-se ainda, em segundas núpcias, com Iná Marques, atualmente residente em Canoas, que passou a assinar-se Iná de Assis Brasil. Com o casamento, Argemiro recebeu como enteado o filho do primeiro casamento de Iná, Juarez Marques.

Concluiu em primeiro lugar em 1945, no posto de capitão, o curso da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais. Major em 1949, formou-se na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, também em primeiro lugar. Recebeu a Medalha Marechal Hermes, devido aos três primeiros lugares que conquistou.

Foi professor de história universal e militar na Escola de Estado-Maior do Exército. Em 1950, foi ao Paraguai como membro da Missão Militar Brasileira de Instrução. Lecionou História Militar e Geopolítica no curso de formação de oficiais do exército do Paraguai.

Regressando ao Brasil em 1953 como tenente-coronel, serviu no Comando da 3ª Região Militar, em Porto Alegre. Como coronel comandou o 2º Regimento de Infantaria em Santa Maria, o 19º Regimento de Infantaria em São Leopoldo e foi Chefe de Estado-Maior da 3ª Região Militar. Em 1962, foi nomeado adido militar na Embaixada Brasileira em Buenos Aires.

Em 1963, foi promovido a General de Brigada e convidado pelo presidente João Goulart para o cargo de Ministro Chefe da Casa Militar da Presidência, permanecendo até 1964.

Ao acontecer o golpe militar de 1964, acompanhou João Goulart em seu exílio até Montevidéu, no Uruguai, retornando ao Brasil, onde se apresentou aos seus superiores e foi imediatamente preso no Forte de Jurujuba.

Foi demitido do Exército, tendo cassados seus direitos políticos por 10 anos e, para sempre, as suas condecorações militares brasileiras. Foi impronunciado pela Justiça Militar no Inquérito Policial Militar a que respondeu em 1964, não lhe cabendo qualquer punição.

Teve empregos e créditos bloqueados, ficando impedido de trabalhar para o seu sustento. Com a morte de sua mulher em 1967, deixou de existir a pensão que ela recebia, devido ao general ser considerado legalmente morto por ter sido demitido.

Assis Brasil sobreviveu com muita dificuldade por 15 anos, até ser anistiado, pois não recebia nenhuma aposentadoria militar, apesar de seus mais de 40 anos de serviço no Exército Brasileiro.

Sustentava-se com o que ganhava ministrando aulas particulares de matemática em Canoas, com a ajuda de parentes e com uma pensão de meio salário mínimo que recebia do INPS, como idoso. Morava, modestamente, em casa de madeira em bairro pobre da periferia de Porto Alegre.

Sempre se declarou contra qualquer revanchismo, classificando-se, em entrevista dada ao jornal “Folha da Manhã”, de Porto Alegre, em junho de 1979, como um soldado preocupado somente com a "profissão militar".

Apesar da surpresa com que recebeu o duro tratamento dado pelos militares que lideraram o movimento militar, o general disse, nessa entrevista, que seus autores estavam sob forte "impacto emocional".

Em 1981 foi reabilitado pelo presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, que lhe devolveu a patente militar e o passou à condição de inativo.

Logo após receber a anistia, ao lhe ser perguntado em um programa de televisão da TV Guaíba de Porto Alegre qual sua opinião sobre a anistia que estava recebendo, declarou: “Eu já havia anistiado, há muito tempo, todos aqueles que fizeram aquilo comigo”.

Ao falecer, em 1982, não deixou bens materiais. Por ocasião de seu sepultamento, amigos pessoais afirmaram em depoimento a jornais que cobriram o acontecimento, que "ele era um patriota que nunca teve uma só palavra de ressentimento, nem mesmo em relação às injustiças que lhe cometeram".

O Coronel Pedro Alvarez, outro militar demitido, observou nessa ocasião: "Assis Brasil foi um homem coerente, que nunca abandonou suas ideias, mesmo nas horas mais difíceis. Ele foi um dos líderes do movimento nacionalista nas nossas Forças Armadas". (Fonte: Genealogia da 3ª Geração, da Família Assis Brasil)

General Argemiro de Assis Brasil, segundo-tenente, em foto de 1936.

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