segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Hugo Borges Leite

*Uma história que foi contada pelo Ernande Vargas, do Caiboaté, ao amigo Napoleão Langendorf Leite, funcionário da Corsan, hoje trabalhando em Rosário do Sul.

Lá no interior de São Gabriel, tinha o seu Dário dono de uma casa comercial que vendia de tudo, mas não fiava de jeito nenhum.

Um certo dia chegou lá o senhor Hugo Borges Leite e disse ao seu Dário, que estava com uma certa dificuldade e queria cinco pila emprestado. O seu Dário tirou o dinheiro da gaveta e disse: "Não tem problema te empresto o dinheiro".

Ele pegou o dinheiro na mão e disse, "agora me bota um trago". O seu Dário deu uma retrucada, e ele disse: "não estou lhe pedindo fiado, pedi foi o dinheiro emprestado". Hugo Borges Leite, nasceu em 01-04-1923 e faleceu em 05-11-1982.

Como o pessoal gostou bastante da primeira historinha, o amigo Napoleão Langendof Leite mandou mais uma aventura de seu pai.

A exemplo da outra, esse fato é real e aconteceu quando o seu Hugo Borges Leite era jovem e solteiro. Ele estava num baile lá pelas bandas de Vista Alegre, daqueles de antigamente onde sempre tinha churrasco gordo. De repente deu um tremendo entrevero com ele, na sala da casa.

Uma turma mal encarada resolveu mandá-lo embora. Era empurrão pra cá e empurrão pra lá. Nesse vai e vem ele foi parar perto de onde o churrasco estava sendo assado. O assador era o avô do Napoleão, o seu Ataliba da Costa Leite, ou seja, o pai do seu Hugo. Como eram muitos os desafetos, e seria suicídio enfrentar toda aquela gente, o seu Hugo resolveu ir embora.

Mas antes chegou junto de seu pai e disse no ouvido: "Vou dar uma salgada nessa carne". Mijou em cima de todo a churrasco e se mandou a cavalo para casa. Como não havia outra solução o meu avô deu mais uma passada no fogo para não deixar cheiro e mandou para o povo se alimentar. Pelo que se sabe, ninguém reclamou. Pelo contrário, teve gente que repetiu e engraxou os bigodes. E não sobrou nada do churrasco.

Mais uma historinha do seu Hugo. Quando jovem ele gostava muito daqueles bailes de campanha, temperados com churrasco. E o assador era sempre o pai dele.

Certa ocasião aconteceu um baile em Vista Alegre. E lá estava presente uma prima do seu Hugo, muito bonita, mas eles não se "bicavam" de jeito nenhum. Como o que ele mais gostava era de confusão, logo a convidou para dançar. Lógico que ela não aceitou, e já veio a gozação dos amigos:

“Levou um carão Hugo”. E ele bem tranquilo disse que foi apenas a "potranca zaina que negou o estribo". Deixou terminar a “marca”, dançou a próxima com outra moça e voltou a convidar a prima para dançar. Novamente ela não aceitou.

Aí ele foi nos amigos e disse que a "potranca zaina" negara o estribo novamente. Em seguida foi lá nos fundos e comeu uns pedaços de churrasco e engraxou bem as mãos com graxa e carvão juntos.

E outra vez convidou a prima para dançar. Novamente ela não aceitou. Hugo voltou na frente dos amigos e repetiu: “Negou o estribo mais uma vez, mas garanto para vocês que eu monto”.

Voltou no churrasco, comeu um mais um pedaço e voltou a sujar as mãos o mais que pode. Retornando ao salão, convidou ela mais uma vez para dançar. Já cheia com a insistência do primo, e também para se livrar dele, imaginou que se dançasse uma vez seria o suficiente para se ver livre.

E dançou só uma mesmo, pois foi a última música da noite. Seu Hugo limpou bem as mãos engraxadas e encarvoadas no vestido branco e lindo da prima. Ela foi para o quarto e não apareceu mais na sala.

Seu Hugo quando jovem fazia parte do Partido Libertador (PL). Certa ocasião havia um comício lá no seu Benedetti, do engarrafamento, no Passo da Lagoa. Ele era do antigo PTB. Como seu Hugo já tinha tomado umas que outras, mesmo sendo amigo dos Benedetti, resolveu desmanchar o comício.

Tinha um monte de gente gritando “viva o PTB”, “já ganhou”, “já ganhou”. Seu Hugo, que sempre lidou bem com cavalos, resolveu entrar comicio a dentro, jogando sua montaria contra o povo e gritando “Viva o Partido Libertador”, mostrando seu lenço vermelho no pescoço.

Não deu outra, confusão formada, gente correndo para todos os lados, até que os donos da festa civica botaram o seu Hugo rua afora. E o comício pode recomeçar na boa, com inflamados discursos contra a a presença do intrépido “Libertador”.

Agora, sim,para encerrar. De vez em quando seu Hugo dava alguma agitadas, por isso chegou ao ponto de ser preso pela autoridade da Campanha, por 14 vezes num ano só. A autoridade era, nada mais, nada menos, que o seu Euclides Bica.

Seu Hugo andava meio complicado e necessitava mudar de querência por uns tempos. Mas para isso precisava de uma carta de recomendação. Encontrou o seu Euclides que ia lá para as bandas do "Pau Fincado" e pediu para ele a tal carta.

A resposta foi bem seca: "Hugo, só posso te dar carta de má conduta". Depois de ouvir isso, ele nem retrucou, ia para o lado contrário, ou seja para o lada da casa do seu Euclides. Saiu a "trotezito" no más. Ao chegar na casa  do seu Euclides, disse para a filha dele:

"Rola" o teu pai disse para ti preencher para mim, uma carta daquelas de bons antecedentes que tem aí assinada, que eu te pago dois pilas. Ela de imediato, disse: "Está bem Hugo, vou fazer para ti". Dentro de minutos estava pronta, e Hugo pagou e foi embora. (Histórias enviadas por Napoleão Langendorf Leite, filho de Hugo Borges Leite)

Daí mais ou menos uma semana, quando o seu Euclides voltou, ele já tinha pego e trem e se mandado para os lados da Argentina.

O saudoso Hugo Borges Leite, personagem central dessas hilariantes histórias. (Foto enviada por Napoleão Langendorf Leite, filho do senhor Hugo Borges Leite)

3 comentários:

  1. Esse ai da foto é o falecido Carlos Dácio Assis Brasil (Tio Caio).

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  2. Foto feita pelo fotógrafo Lauro Alves, para o jornal Diário de Santa Maria, do dia 25-07-2009. Título: O herdeiro intelectual de Assis Brasil. Segue link com foto.
    http://www.clicrbs.com.br/dsm/rs/impressa/4,1304,2592439,12789

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  3. Tem uma confusão nos comentários, esta foto é de "Hugo Borges Leite" meu pai, nascido em 01/04/1923 e falecido em 05/11/1982

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