segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Concurso literário ACAM/AMBIP

A Associação Cultural Alcides Maya (ACAM) e a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública Municipal (AMBIP), anunciaram na última sexta-feira (8/11)o resultado de seu "Concurso Literário 2013", que teve como tema "Esportes". O Júri, composto pelas professoras Maria de Lourdes Silva, Adelma Teixeira, Ana Rita Fagundes Léo, Maria Serli Zoch Lopes e radialista Augusto Solano Lopes Costa escolheu como vencedora a crônica "Esporte, ontem, hoje e amanhã", de autoria de Sandra Mara Machado Zoch.

O segundo lugar ficou com Paulo Fabrício Blanco da Silva, com a crônica "Fragmentos dos jogos de menino" e a terceira colocação foi para o editor deste blog, Nilo dias, com o trabalho "O Templo sagrado do futebol gabrielense".

O quarto lugar foi para Nero Menezes dos Santos, com a crônica "O Esporte e a qualidade de vida" e a quinta colocação para Talita Lúcia Pilz Pinnow com o trabalho "O grande jogo".

Na "Categoria Juvenil o primeiro lugar ficou com Alexia Mâncio Quevedo Rodrigues com a crônica "Praticando esporte, derrubando barreiras" e a segunda colocação foi para a crônica "Futebol é mais que esporte", de autoria de Anderson Santos de Freitas.

A premiação será entregue durante um jantar no dia 14 de novembro, no "Restaurante do Clube Caixeiral", às 20h30min.

Abaixo publicamos as crônicas premiadas.

PRIMEIRO LUGAR

Esporte, ontem, hoje e amanhã

Sandra Mara Zoch

Sem saber, desde criança pratiquei todos os tipos de esportes, não focando em troféus ou medalhas, mas através de uma vida simples e descomplicada na qual só almejava uma coisa: ser feliz. E isto era notório, demonstrado através do meu sorriso largo e a alma satisfeita pelas muitas brincadeiras criativas que vivi, onde Deus, o autor dela me premiava no final de cada dia com todas essas realizações. Retornando no corredor dos meus velhos tempos vou explicar como foram as "Olimpíadas" da minha vida.

Pratiquei muita dança, não no balé "Boshev", mas sim na casinha de chão batido, nos bailes de família, onde ao som da gaita do  seu Zeferino, quando tocava a música que amava que dizia "o churrasco já tá pronto, traz a faca e a farinha"... dançava com meu pai, mãe e amigos, só parava na chegada do sol anunciando o amanhecer, então íamos pra nossas casas exaustos mas, já na expectativa do próximo encontro.

O futebol não era sofisticado que nem os dos times de agora, jogávamos no campinho da esquina, com uma bola feita de meia-calça e com os pés cheios de rosetas parecíamos estar jogando no Maracanã, espero que Neymar e Cristiano Ronaldo com todos seus bilhões sejam tão ricos como fui quando jogadora.

Praticava natação no Rio Vacacaí, nem se comparava com as piscinas refinadas que Cielo ganha seus títulos, mas na minha Praia da Alegria era assim: quando chegava domingo enchia de gabrielenses, prontos para praticar esse esporte, mamãe preparava galinha com farofa e junto com minha família passávamos o dia todo nela nadando, pescando e brigando, lindas lembranças que guardo no coração.

A corrida praticava de duas formas, primeiro era ao som da voz do locutor Joel Moreira, eu pulava da cama, colocava o Kichut, tapapó, os cadernos num lindo saco de arroz, tomava meu café e ia correndo até a escola parecia estar na corrida de São Silvestre e antes de bater pra entrar na aula ainda fazia uma corrida na quadra com os colegas, quem chegasse primeiro ganhava figurinhas da copa pra colocar no álbum.

O tiro ao alvo era muito interessante, nosso "alvo" era os amigos, praticávamos jogando baldes de lata cheios de água uns nos outros e depois nos jogávamos nas "pocinhas" e saímos como dizia mamãe: parecem "porcos", todos embarrados, nem sentia a dor da tamancada de tão feliz que ficava.

João do Pulo ou Maurren Maggi, nem imaginam que fui eu quem começou esse esporte, eu pulava alto nas fogueiras de pneus que fazíamos nas ruas com as vizinhanças nas festas de São João, levávamos pipoca, bolo de milho e às vezes saímos todos chamuscados, diziam que quem pulasse a fogueira ia "molhar" a cama durante o sono não tenho lembrança se praticava esse esporte.

Mas o meu preferido era o ciclismo, a primeira vez que montei numa bicicleta, foi uma emoção tremenda, ela foi toda montada de pedaços de outras, eu subia nela ao amanhecer e só largava na hora de dormir, a correia nem existia mais, os meus joelhos todo escalavrado de tanto cair pra aprender, andava por todo bairro e, até na hora da comida eu ficava observando ela com os olho cheio de amor, mal engolia a comida e saia eu novamente pedalando, espero que Roberto Pinheiro o melhor ciclista brasileiro tenha essa experiência em sua linda e vencedora jornada, hoje, ainda pratico esporte na lida do dia a dia, e com a graça do Senhor Jesus sou realizada como desportista.

O esporte faz parte de nossas vidas, não importa se tem um grande nome como o de Michael Phelps, Cesar Cielo, Leonel Messi e outros, ou nós, os simples esportistas anônimos, temos que fazer nossa história através dele, pois ele move o mundo, transforma vidas, satisfaz a alma, proporciona saúde e realiza sonhos.

Sandra Mara Machado Zoch

SEGUNDO LUGAR

Fragmentos dos jogos de menino

Fabrício Blanco

Quando passo por um jogo qualquer, seja em uma várzea ou bate-bola de rua, ando com minha cabeça virada para não perder os detalhes. Mesmo que tropece feio. O que está ali adiante é o que fiz anteriormente. O esporte pode funcionar como uma hipnose. Eu tinha um tênis preto de pano, era meu favorito. Eu o acatava, ele comandava, virei seu servo.

Acreditava que me convertia em um craque ao usá-lo. Meu calçado esfarrapado. Quanto mais surrado, mais amaciado se tornava. O par ficava imundo de terra, destinava-lhe horas a fio no final do dia para esfregá-lo na tábua do tanque. E fazia isso como quem dedilha madeira para descobrir fogo. Acreditava neles como sendo os pés verdadeiros.

Em minha rua, as partidas aconteciam com traves adaptadas, qualquer objeto servia. Trave com rede significava campeonato, presença da família e festa.

O mesmo valia para quem possuísse uma bola, bola representava um imóvel, tal casa e car-ro para um adulto. Um bem durável. Um patrimônio. Um investimento. Quem possuía bola era abastado. Invejado. As que eu tinha nunca foram trocadas, faleceram de velhas, cheias de cicatrizes incisivas.

Nossos jogos tinham um respeito litúrgico. Acima da chuva e das trovoadas. Superior à vontade do juiz e do número de atletas. Nossos jogos eram o reverso do mundo produtivo, o ócio alegre, a diversão intuitiva.

Não lembro de nenhum  jogador que não se comovesse com  nossas partidas. É como se elas fossem uma referência de vida. Estávamos sempre em movimento. Faiscávamos os pés correndo pelo campo de várzea a levar qualquer resultado como pessoal. Uma derrota era ofender a família. Com um desejo de cair para voar mais rápido. E não havia como sairmos cedo do campo, mesmo contundidos não aceitávamos substituição, reclamávamos da lentidão do anjo da guarda, sem abandonar o time nem na mais absoluta desvantagem.

Aprendendo a dividir os chutes e os empurrões no desejo de satisfação na ação solitária com a bola. Naquela época o tempo não era tão narcisista, tão individualista, que não percebesse que as paixões não poderiam caber dentro de ideais.

Nesses momentos que dedicamos para algum esporte, a mente tira folga e quem entra em campo é nosso corpo. Nesse momento podemos mostrar força e perícia, pontaria e destreza. A motricidade partilha treinos secretos. Mente é cultura, corpo é natureza.

Entre as tantas coisas que o esporte proporciona, o que realmente importa é a alma que inventamos enquanto a eternidade não chega.

Paulo Fabrício Blanco da Silva

TERCEIRO LUGAR

O templo sagrado do futebol gabrielense

Nilo Dias 

Perto do gramado ou do alto da arquibancada, o importante é estar ali, na cena de um drible perfeito e sob o êxtase de um grito de gol. São Gabriel dá essa condição aos desportistas apaixonados. Tem casa própria a serviço da magia do futebol desde a década de 50, quando foi erguido o Estádio Sílvio de Faria Corrêa.

O estádio existe graças ao esforço de representantes dos clubes de futebol da época – E.C. Cruzeiro, G.E. Gabrielense, Gráfico F.C. e G.E. Minuano, que abriram mão das rivalidades e ao lado da Prefeitura Municipal e Liga Gabrielense fizeram de um sonho a realidade.

A festa de inauguração, realizada no dia 19 de maio de 1957, foi um espetáculo para não ser esquecido, com direito a Hino Nacional, discursos de autoridades e benção do monsenhor Henrique Rech, que os mais antigos conheceram tão bem.

De lá para cá já acumulamos 56 anos de momentos emocionantes, revezando gerações de torcedores em tardes memoráveis, por conta do esporte mais popular do planeta. Foi assim com o Cruzeiro e Gabrielense, depois Municipal, Associação São Gabriel, Oriente, SER São Gabriel, São Gabriel F.C. e o será em 2014 com o novíssimo E.C. São Gabriel.

Nessa perene trajetória, o Estádio Sílvio de Faria Corrêa viu o nascer e o desaparecer dos clubes e colocou na prateleira da história jogadores que deixaram um rastro brilhante de saudade.

Desde a primeira bola em campo, presente do desportista Homero Costa, o “Saporiti”, os diferentes times de futebol profissional que tivemos enfrentaram equipes do estado, do país e até do exterior. No dia 16 de junho de 1957, o E.C. Cruzeiro tornou-se o primeiro clube de São Gabriel a ganhar um jogo internacional no Estádio Silvio de Faria Corrêa. Os áureo-cerúleos derrotaram na ocasião, ao Huracán, de Rivera (Uruguai), por 3 X 1.

O Sílvio de Faria Corrêa foi palco da primeira ascensão do São Gabriel - época SER São Gabriel à elite do futebol gaúcho. Viu o São Gabriel F.C. ganhar do Palmeiras de São Paulo, pela Copa do Brasil. E também sua volta a Divisão Principal do futebol gaúcho em 2002, 21 anos depois da última participação.

Não é trivial poder hoje contar esses feitos e conquistas. E é singular dispor de espaço tão popular onde a cidade se encontra e se transmuta em multidão. Ao torcedor é relevante ser protagonista deixando o coração entrar em campo junto com seus craques, quem sabe, para esquecer as agruras do mundo.  Quem é movido pelo amor à camisa em relação à São Gabriel sabe que o Silvio de Faria Corrêa, merecidamente, por direito, é o templo sagrado do futebol gabrielense.

Jornalista Nilo Dias.

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