São Gabriel sempre esteve presente em momentos
importantes da vida nacional, através de unidades do Exército que nela foram
sediadas e em militares que se destacaram nessas contendas. Muitos entraram com
merecimentos para a história, outros nem tanto.
E por isso deve se dar méritos ao historiador Osório
Santana Figueiredo, que sempre que pode cita em seus livros, crônicas ou em
conversas com amigos, vultos que não tiveram o merecido reconhecimento da
história.
Seguidamente converso com o historiador pela modernidade
dos meios de comunicação, em especial a Internet. E tenho perguntado sobre
várias coisas de um passado distante, e o historiador sempre responde com
gentileza e dados esclarecedores. Num desses contatos, fiquei sabendo de dois
fatos realmente bastante interessantes.
Um deles teve como personagem um preto velho de nome
Cesarino, morador do “Cerro do Minuano”, no “Cerro do Ouro”. Segundo o seu
Osório, que o conheceu bem, tratava-se de um sujeito falante e por tradição
oral conhecia toda a “Campanha de Canudos”.
Quando o Presidente Castelo Branco decretou uma pensão
para os heróis de “Canudos”, o historiador mandou chamá-lo e pediu-lhe os
documentos, para que tivesse acesso ao benefício.
Ele respondeu que os documentos todos haviam sido
queimados numa casa em São Sebastião. Seu Osório interessou-se pelo caso e
apelou ao coronel comandante do Regimento, que tomou a questão a peito, e foi
revirado todo o Arquivo do Exército. E nada acharam.
Tempos depois um velho amigo de Cesarino contou que tudo
que ele sabia, era porque ouvira falar. E como tinha o dom de decorar tudo,
costumava dizer que estivera lá. E como era contemporâneo de muitos veteranos
tinha tudo na ponta da língua. Por fim ele mesmo pediu para que parassem de
pesquisar. O seu Osório sabia que ele era casado, mas não guardou o nome da
esposa.
A segunda história envolveu um homem chamado Zeferino,
tocaio no nome, sobrenome e amigo de um outro Zeferino, esse herói da Guerra do
Paraguai. Sabia "tim por tim" do que foi aquela campanha, contado
pelo veterano.
Logo depois de o Zeferino, herói, ter falecido, ele se
apresentou como sendo o verdadeiro. Ouvido por oficiais, em uma longa
entrevista, para saber se tinha direito a uma pensão vitalícia, ele enganou direitinho.
Como foram consideradas verdadeiras as suas narrativas,
passou a receber a pensão. Quando veio o dinheiro foi com todos os atrasados.
Ao regressar para casa no Cerro do Ouro, passou na estrada por um tio do
historiador Osório Figueiredo, que estava de pouso com a carreta na Sanga
Funda.
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