quinta-feira, 26 de março de 2015

O Regimento Mallet

*Terminada a sangrenta Guerra do Paraguai, o veterano e valoroso 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o “Regimento Boi de Botas”, como foi batizado, retornou diretamente a São Gabriel, então sua sede, sob o comando do marechal Emilio Luiz Mallet, que seria mais tarde o patrono de nossa Artilharia.

Nova fase de sua dinâmica existência iria experimentar o Regimento, sob o comando do então capitão Henrique Guatimozim Ferreira da Silva fuzilado pelas forças florianistas em 1894, em Santa Catarina, juntamente com um filho, que permaneceu no comando de 1874 a agosto de 1879, prestando inúmeros e incontáveis serviços na modificação, modernização e reorganização do parque de artilharia, já então julgado antiquado, face às novas armas aparecidas na Europa.

Trouxe o Regimento em seu regresso, canhões “La Hitte” de campanha, de calibre 4, que compuseram a célebre “artilharia revolver 4” de Mallet, inegavelmente fator decisivo na derrota dos paraguaios, que teve sua vitória  maiúscula em 24 de maio de 1866.

Para demonstrar a importância estratégica de São Gabriel, “centro estratégico de real valor”, na opinião de Caxias, basta se dizer que existiam Corpos de Artilharia somente em São Gabriel, Rio de Janeiro, Amazônia e Assunção (Paraguai), das forças de ocupação brasileiras.

Chegou a vez do Brasil substituir seus antigos canhões “La Hitte”, franceses, pelos alemães “Krupp”, de calibre 8. A São Gabriel coube o experimento que, infelizmente tornou-se sangrento, como narraremos a seguir:

No dia 20 de março de 1880, a bateria encontrava-se na “Invernada Reiúna”, de São Gabriel, sobre a prefixação da 3ª Bateria, tendo no comando o capitão Henrique Guatimozim Ferreira da Silva, para fazer o primeiro exercício com a nova arma, inclusive identificar com seu manejo oficiais e praças.

O capitão Guatimozim, ensinando pessoalmente o processo de carregamento da arma, dirigiu-se a 3ª Bateria e, quando introduzia a granada na câmara do canhão, este sofreu uma violenta explosão, tendo o projetil se estilhaçado dentro da alma da peça.

As consequências foram gravíssimas, tendo o valoroso capitão a mão direita e parte do antebraço arrancados, pelo forte impacto. Um sargento foi atingido gravemente e  um soldado perdeu a visão no local. Foi uma página triste na história do velho Regimento, que tantas glórias conquistou para a Pátria.

 Canhões desse tipo foram usados pelo 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o “Regimento Boi de Botas”.

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