*Terminada a sangrenta Guerra do Paraguai, o veterano e
valoroso 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o “Regimento Boi de Botas”, como
foi batizado, retornou diretamente a São Gabriel, então sua sede, sob o comando
do marechal Emilio Luiz Mallet, que seria mais tarde o patrono de nossa
Artilharia.
Nova fase de sua dinâmica existência iria experimentar o
Regimento, sob o comando do então capitão Henrique Guatimozim Ferreira da Silva
fuzilado pelas forças florianistas em 1894, em Santa Catarina, juntamente com
um filho, que permaneceu no comando de 1874 a agosto de 1879, prestando
inúmeros e incontáveis serviços na modificação, modernização e reorganização do
parque de artilharia, já então julgado antiquado, face às novas armas
aparecidas na Europa.
Trouxe o Regimento em seu regresso, canhões “La Hitte” de
campanha, de calibre 4, que compuseram a célebre “artilharia revolver 4” de
Mallet, inegavelmente fator decisivo na derrota dos paraguaios, que teve sua
vitória maiúscula em 24 de maio de 1866.
Para demonstrar a importância estratégica de São Gabriel,
“centro estratégico de real valor”, na opinião de Caxias, basta se dizer que
existiam Corpos de Artilharia somente em São Gabriel, Rio de Janeiro, Amazônia
e Assunção (Paraguai), das forças de ocupação brasileiras.
Chegou a vez do Brasil substituir seus antigos canhões
“La Hitte”, franceses, pelos alemães “Krupp”, de calibre 8. A São Gabriel coube
o experimento que, infelizmente tornou-se sangrento, como narraremos a seguir:
No dia 20 de março de 1880, a bateria encontrava-se na
“Invernada Reiúna”, de São Gabriel, sobre a prefixação da 3ª Bateria, tendo no
comando o capitão Henrique Guatimozim Ferreira da Silva, para fazer o primeiro
exercício com a nova arma, inclusive identificar com seu manejo oficiais e praças.
O capitão Guatimozim, ensinando pessoalmente o processo
de carregamento da arma, dirigiu-se a 3ª Bateria e, quando introduzia a granada
na câmara do canhão, este sofreu uma violenta explosão, tendo o projetil se
estilhaçado dentro da alma da peça.
As consequências foram gravíssimas, tendo o valoroso
capitão a mão direita e parte do antebraço arrancados, pelo forte impacto. Um
sargento foi atingido gravemente e um
soldado perdeu a visão no local. Foi uma página triste na história do velho
Regimento, que tantas glórias conquistou para a Pátria.
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