sábado, 3 de outubro de 2015

Argemiro de Assis Brasil

O General Argemiro de Assis Brasil tem o estilo inconfundível e carismático do gaúcho da campanha. Filho de grandes estancieiros, Leônidas de Assis Brasil e de Márcia de Assis Brasil, nasceu no dia 4 de maio de 1909, em São Gabriel (RS), a 336 quilômetros de Porto Alegre.

Menino mudou-se para Porto Alegre, quando entrou para o Colégio Militar. Depois, em 1927, ingressou na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, atual Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, formando-se em 1930 como aspirante a- ficial de infantaria.

Participou, em 1932, da Revolução Constitucionalista e, com a derrota do movimento, foi preso e exilado na Europa, tendo vivido em Portugal, Espanha e Inglaterra. Beneficiado pela anistia concedida aos revoltosos pelo presidente Getúlio Vargas, retornou ao Brasil em 1934 e reassumiu suas funções como militar.

Desempenhou cargos importantes no Exército, chegando a General-de-Brigada. Foi membro da Missão Militar Brasileira de Instrução no Paraguai, de 1950 a 1953. Em Asunción foi instrutor e professor de História no Colégio Militar Mariscal Solano López, equivalente paraguaio da nossa Academia Militar das Agulhas Negras, onde substituiu o General Golbery do Couto e Silva, com quem sempre manteve boas relações de amizade.

Era Adido Militar à Embaixada do Brasil em Buenos Aires quando foi chamado para ser Ministro Chefe da Casa Militar do Governo João Goulart, a quem acompanhou nas duras horas que precederam e sucederam o movimento militar de 1964. Preso, cassado em seus direitos políticos e demitido do Exército, o General Assis Brasil recebeu a anistia das mãos de João Figueiredo, filho do seu ex-comandante na Revolução Constitucionalista de 1932, Coronel Euclides, com quem foi exilado.

De fala mansa, pausada, gestos largos dos homens dos pampas, faz questão de afirmar que é um gaúcho e um militar que honra os seus princípios. Atualmente, vive modestamente em Canoas, cidade da Grande Porto Alegre.

Argemiro, além de tudo que representou em sua vida militar, também entrou para a história por ser o homem que levou o ex-presidente João Goulart para o exilio no Uruguai. Foi no dia quatro de abril, na estância de Cinamomo, quando ele se convenceu de ir para o vizinho país.

Jango e Argemiro pegaram o Cessna. Nessa altura dos acontecimentos, só andavam os dois, porque já haviam largado o pessoal na primeira estância. Tínham mandado a família dele, antes, para Montevidéu, depois de um pouso na barranca do Rio Uruguai.

O próprio Cessna que os transportou também levou a mensagem. Pelas três e meia da tarde do dia quatro, foram para o Uruguai. Quando o avião sobrevoava Durazno, Jango disse que queria voltar para o Brasil. Daí, Argemiro teimou: “Não, senhor. Agora, não, vai embora. Já estamos em rumo de Querência, pertinho de Montevidéu, a uns dez minutos."

Foram recebidos pelas autoridades uruguaias, alguns populares bateram palmas. Não havia muita gente. Ele foram recebidos muito bem. Os jornalistas de lá queriam entrevistas, mas essas foram negadas. Depois se encaminharam para uma casa que tinham preparado para Jango. Quando estava tudo no lugar, o general Argemiro disse: “Presidente, a minha missão está cumprida." E Jango respondeu: "Mas, Assis, se você voltar para o Brasil, eles vão judiar de você."

E Argemiro respondeu: “Sou soldado e tenho de me apresentar. Não quero ser considerado um desertor. Vou avisar ao Ministro da Guerra que vou voltar". No dia seguinte passou um Western avisando da sua chegada. Desembarcou no Brasil e foi preso.

Com a decretação do Ato Institucional no 1 (AI-1), em 09 de abril de 1964, foi posto na reserva e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Em fins de 1964, foi preso ao retornar ao país e demitido das fileiras do Exército. Após ser libertado, passou a dar aulas particulares em Canoas (RS). Readquiriu seus direitos políticos em 1974 e, em 1980, foi beneficiado pela anistia decretada no ano anterior pelo presidente João Batista Figueiredo (1979-1985), sendo reformado como general-de-exército.

Foi casado em primeiras núpcias com Alda Gomes de Assis Brasil, com quem teve dois filhos e, posteriormente, com Iná de Assis Brasil. Faleceu no dia 11 de março de 1982, em Canoas (RS). (Fonte: Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001 e blog da família Assis Brasil)


Argemiro, em outubro de 1963, com o ex-primeiro ministro Tancredo Neves. (Foto: assisbrasil.org)

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