O “Bar A Toca”, do Marciano Bastos, localizado frente à
Prefeitura Municipal é uma das casas mais tradicionais da cidade. Não sei ao
certo quanto tempo de funcionamento tem, mas certamente anda em volta de 40 ou
50 anos. Cheguei em São Gabriel em 1983 e saí da cidade em 1999. Estou há 16
anos em Brasília. Passaram-se, só aí, 32 anos. E “A Toca” já existia.
Com certeza o Marciano deve ter me falado de quando
deixou Bagé, sua terra natal e veio para São Gabriel. Chegou, se aquerenciou e
ficou, constituindo família, casando com a professora dona Carmem, com quem tem uma
linda filha, que peço perdão por haver esquecido o nome.
Marciano tem uma afeição muito grande pela Vila Maria,
onde morou por muitos anos. Por essa razão é fiel torcedor da “Escola de Samba
Vai Mesmo”, digna e popular representante da localidade no Carnaval de rua de
São Gabriel.
A “Vai Mesmo” dos saudosos amigos Domingos Rivas, Benhur,
que foi zelador do estádio Silvio de Faria Corrêa por longos anos e Gabriel
Alves Pereira, entre tantos outros abnegados carnavalescos que a memória já
gasta pelos 74 anos de idade não permite lembrar.
Sou eternamente grato ao Marciano. Ele quase não ia aos
jogos da SER São Gabriel, quando eu presidia o clube, pois reservava o domingo
para descanso e estar junto dos familiares. Mas nunca negou apoio e auxilio
financeiro. Marciano gosta de futebol. É torcedor do S.C. Internacional.
O “Bar a Toca”, é um local democrático, de tantas e
tantas discussões, onde os frequentadores tratam de política, religião, futebol
e qualquer coisa, sem que por isso haja briga. Local frequentado pela turma das
rádios e jornais da cidade, funcionários da Prefeitura, vereadores e
profissionais liberais.
Lembro que o saudoso amigo, advogado doutor Francisco
Marciano Ferrer, com toda a sua inegável sabedoria dizia que “A Toca é
cultura”. Verdade absoluta. Basta ver alguns de seus clientes, além do próprio
doutor Ferrer:
Doutores Biage, Dagoberto Focaccia, Domingos Rivas
(falecido), Plauto Pereira (falecido), José Antônio Macedo e Charlesmagne Neme
(falecido), brilhantes advogados gabrielenses; Bereci da Rocha Macedo,
economista renomado e articulista político respeitado; João Alfredo Reverbel
Bento Pereira, jurista aposentado e empresário rural; Guido Ávila, do “Jornal
da Cidade”; o amigo Zeca do Sindicato Rural (o “Butiá” é maldade); o saudoso
Eraldo, aposentado do Posto de Saúde e suas histórias incríveis (já falecido);
Luiz Porciuncula, o “Popô, de saudosa memória; Clóvis Moure, o popular ”Sete
Vacas”; Bebeto, carnavalesco de escol e funcionário da Prefeitura Municipal; o
saudoso Toninho do açougue, fanático torcedor do Internacional; o “Gaitinha”,
figura popular da cidade; José Geraldo Bisogno, funcionário do Sindicato Rural;
o jovem Lincoln Bento Pereira, filho do gabrielense João Tito Bento Pereira;
José Amiltom Paixão de Mello, o “Sapinho”, um dos melhores jogadores que o
futebol de São Gabriel conheceu em todos os tempos; Homero Moura, funcionário
municipal aposentado, de saudosa memória. Foi uma verdadeira legenda do bar;
Outro que nos deixou faz tempo foi o taxista Antônio Luiz; Nelson Martins
Miralha, lateral da SER São Gabriel; Luiz Antônio Pereira Lopes, o popular
“Bocha”; o competente fotógrafo José Carlos Conceição; Luiz Fernando Mendes, o
“famoso” Curitiba; o conhecido e saudoso radialista Glauco Fernando de León
Vezzani; José Lucca, político, esportista, carnavalesco e sindicalista, entre
outras atividades. O sempre lembrado Carlos Alberto Moreira, que alegrava as
tardes do bar “A Toca” com seu violão e voz, em improvisos sempre bem
humorados. O também saudoso Luiz Carlos Bastianello, funcionário da Justiça e
amigo de todas as horas.
Sobre Cláudio Castro o homem da TV Rio Grande, que tive o
prazer de trazer de Rio Grande para a nossa cidade ao início dos anos 80, conto
o ocorrido no Restaurante do Clube Caixeiral. O Geraldo Bisogno, do Sindicato
Rural que me acompanhava falou bem baixinho ao meu ouvido: “O Cláudio Castro
está repetindo a sobremesa!!!”.
O “Montanha”, um dos grandes impulsionadores do glorioso
Independente F.C.; José Ritta, bajeense
que de brincadeira eu chamava de “carma do Marciano”; os saudosos carnavalesco
Carlinhos Rangel, fundador do Bloco da Geni e Anastácio Paulo Gama, o “Tacho”,
eterno massagista da SER São Gabriel e meu inesquecível companheiro de
pescarias. E tantos outros, que peço desculpas por não nominar. Cabeça de velho
é sujeita a esquecimentos.
O doutor Ferrer, alguns meses antes de falecer, morando
em Caxias do Sul, me enviou uma carta que guardo até hoje como uma verdadeira
relíquia, em que falava dos seus tempos de São Gabriel e do bar “A Toca”. Ele
dizia do grande afeto que tinha pelo Marciano Bastos. E comparava o bar a um verdadeiro
zoológico.
Isso, porque na época alguns clientes eram conhecidos
apenas por apelidos e quase formavam uma lista de “jogo do bicho”. Alguns já
morreram, outros não, mas confesso que nunca mais soube nada deles. Lembro que
tinha “Gato”, “Pinto”, “Bagre”, “Sabiá”, “Zebra” e “Rato“.
Os jantares na “Toca” foram famosos. Cozinheiros
improvisados mostravam suas aptidões no preparo de pratos os mais diversos e
deliciosos. Verdadeiros “chefs” de cozinha. Eu mesmo fui cozinheiro por
diversas vezes. Também o Zé Lucca, o “Tacho” e tantos outros.
Muitos nomes famosos passaram pela “Toca”. Os prefeitos
Erasmo Chiappetta, Balbo Teixeira, Rossano Gonçalves, doutor Eglon Meyer
Corrêa, o governador Alceu Collares, conterrâneo e amigo de Marciano. O
ex-jogador “Flávio Minuano”, que treinou a SER São Gabriel. O cantor
regionalista “Gaúcho da Fronteira”, entre outros.
Nilo Dias e Marciano Bastos, quando do lançamento do livro "100 anos de futebol em São Gabriel.
Q bela recordação!Sou filha do Ferrer. Um abraço!
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