Carlos de Macedo Reverbel nasceu em Quarai, no dia 21 de
junho 1912. Alfabetizou-se em São Gabriel, onde passou a infância, e foi
continuar os estudos em Bagé, no Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora. Mas como
não tinha jeito de fazê-lo interessar-se pelos estudos, seus pais, na esperança
de que ele mudasse o comportamento, o transferiram para Santa Maria, como
interno do Colégio Santa Maria, dos Irmãos Maristas.
Também não deu certo. Uma nova tentativa foi feita, desta
vez matriculando-o no Colégio Anchieta, de Porto Alegre, não mais como interno.
Carlos gostou da mudança, mas isso não se refletiu nos estudos, sim nas
conversas da Rua da Praia, nas chances de ouvir grandes oradores de então, nos
comícios, nos júris e na Assembléia.
Pelos estudos um total desencanto. Em 1933, sua vida
começou a mudar, quando ouviu do seu professor de português, o padre Bento
Malmann, um elogio às suas redações: “Você dá para a coisa, invista nisso!”.
Foi o que bastou para abandonar a escola no quinto ano do antigo Curso Primário,
para se dedicar ao jornalismo.
Reverbel seguiu a risca a frase do padre Bento, indo às
escondidas dos pais para Florianópolis a fim de tentar a sorte como jornalista.
Sem completar o ginasial, inexperiente na profissão, conseguiu emprego no pior
jornal da capital catarinense, “A Pátria”. E ficou morando no casarão do
próprio jornal. E foi lá que aprendeu tudo o que podia, com os ensinamentos do dono
do diário, um exímio jornalista e político oposicionista do governo de então.
Passado um ano, foi tentar a sorte no jornal “Correio do
Povo”, de Porto Alegre. Antes, resolveu visitar os familiares, em São Gabriel, que
já haviam se conformado com a decisão de Reverbel. Nessa visita disse a sua avó, que era grande amiga de
Dolores, viúva de Caldas Júnior, o que pretendia na capital gaúcha. Então, ela
escreveu uma carta a Dolores sobre a intenção do neto. E imediatamente ele foi
empregado como auxiliar de repórter. Era o ano de 1934.
Paralelamente, foi mostrando o seu talento, seu estilo
objetivo, fluente e seus pendores para a crônica e sua vocação inata de
pesquisador das coisas do Rio Grande. Em 1936, nascia a “Folha da Tarde” e
Reverbel foi guindado a jornalista também desse vespertino.
Tinha pouco mais de 20 anos, e trabalhava há dois na
Caldas Júnior, e já sabia exatamente o tipo de coisa que podia ou não podia ser
dita nos jornais do doutor Breno Caldas.
Em 1937 tirou férias e viajou de trem para São Gabriel,
não sem antes fazer escala em Santa Maria. Como o trem só sairia da cidade no
dia seguinte, hospedou-se no Hotel Farol, jantou no restaurante Pezzi, e foi
fazer uma visita ao amigo Clarimundo Flores, proprietário, diretor e redator do
jornal “A Razão”.
Clarimundo se ressentia da falta de um redator, naqueles
dias, e perguntou a Reverbel se não podia ajudá-lo na redação do jornal,
durante o período das férias. Carlos concordou e acabou ficando bem mais tempo
em “A Razão”, com a permissão do “Correio do Povo”.
Ao voltar das férias, Reverbel mudou de ares novamente e
foi trabalhar no Rio de Janeiro, sempre com a aprovação do “Correio do Povo”,
onde tinha cadeira cativa. Permaneceu um ano no Rio, no jornal "O Correio". De volta ao "Correio do Povo", de Porto Alegre, passou a colaborar na “Revista do Globo” por cerca de 18 anos, ao lado de nomes
famosos, como Érico Veríssimo e Mário Quintana. Trabalhou ainda no jornal “Zero
Hora”, de Porto Alegre e foi um dos criadores da revista “Província de São
Pedro” .
Carlos Reverbel publicou nove livros, a maioria contendo
seleções de suas crônicas. Pela ordem: “Barco de papel (crônicas). Porto
Alegre: Globo, 1978”; “Saudações aftosas (crônicas). Porto Alegre: Martins
Livreiro, 1980; “Um capitão da Guarda Nacional. Porto Alegre: Universidade de Caxias do Sul e Martins Livreiro, 1981; “Diário
de Cecília de Assis Brasil. Porto Alegre: L&PM, 1984”; “Pedras Altas: a
vida no campo segundo Assis Brasil. Porto Alegre: Le Camp PM, 1984”; “Maragatos e
Pica-paus: guerra civil e degola no Rio Grande. Porto Alegre: L e Camp PM, 1985”;
“O gaúcho. Porto Alegre: Le Camp PM,1986”; “Assis Brasil. Porto Alegre: Instituto
Estadual do Livro,1990”; “Arca de Blau (memórias). Depoimento a Cláudia
Laitano. Porto Alegre: Artes e Ofícios Editora, 1993”; “Luiz Rossetti: o editor
sem rosto e outros aspectos da imprensa do Rio Grande do Sul (em parceria com
Elmar Bones). Porto Alegre: Copesul, 1996” e “Carlos Reverbel - Textos
Escolhidos. Depoimentos a Cláudia Laitano e Elmar Bones. Porto Alegre: Já
Editores, 2006”.
Jornalista militante pesquisou sobre imprensa e história
do Rio Grande do Sul, formando a maior biblioteca especializada do Estado. Foi casado com Orga Garcia reverbel, professora e autora de 18 livros, falecida em Santa Maria onde morava, em 2008 com a avançada idade de 91 anos. Carlos
Reverbel faleceu em 27 de junho de 1992, em Porto Alegre, com 85 anos de idade.
Em 1993 foi escolhido como o patrono da “Feira do Livro de Porto Alegre”.
(Fonte: Wikipédia e outros)
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