quarta-feira, 17 de maio de 2017

São Gabriel na Guerra dos Farrapos (1)

A Revolução Farroupilha foi a mais longa guerra civil da história brasileira, durando de 1835 até 1845. Foram dez anos de batalhas entre Imperialistas e Republicanos. Os primeiros defendiam a manutenção do império e os segundos lutavam pela proclamação da república brasileira.

Esta matéria trata apenas de fatos ocorridos em São Gabriel. Contar tudo o que se passou nesses 10 anos de lutas incessantes, exigiria grossos livros. Mas é importante que as pessoas tenham conhecimento da história. Por isso, espero que os alunos de nossas escolas tenham acesso a tudo isso.

Penetrar nos meandros da história é algo fascinante. Certo dia comentei a esse respeito com o historiador Osório Santana Figueiredo. Quando eu pesquisava em velhos jornais no escritório do amigo Ruy Barros, para escrever o livro “100 anos de futebol em São Gabriel”, de repente eu me sentia “viajando” pelo tempo e estacionando nos acontecimentos de outras épocas.

E o seu Osório me confirmou que é assim mesmo. Da pesquisa sobre o futebol, passei a me interessar por outros temas históricos, em especial que dizem respeito a São Gabriel. Isso, para atender os compromissos que tenho com o jornal “O Fato”, da amiga Ana Rita Focaccia.

E confesso que isso tem me feito um bem enorme. Agora compreendo o porquê da longevidade dos amigos Osório e Dagoberto Focaccia, o primeiro com mais de 90 anos e o segundo com bem vividos 80.

A mente tem que ser usada em sua plenitude. O uso da memória é uma ginástica, seja através da leitura ou da lembrança de coisas passadas. É o que estou fazendo.

Hoje leio muito. Tenho uma apreciável biblioteca que está sempre aumentando. Antes, eu adquiria livros esportivos. Hoje também me interesso por obras históricas, especialmente sobre o Rio Grande do Sul. E aproveito as horas vagas de aposentado, para resumir esses livros e apresenta-los em matérias fáceis de ler e entender, que são publicadas no jornal.

GARIBALDI E ANITA EM SÃO GABRIEL

São Gabriel teve importante participação na Revolução Farroupilha. Em 15 de março de 1841, Giuseppe e Anita Garibaldi chegaram a cidade, onde permaneceram por algum tempo no novo acampamento farroupilha onde foram construídos e improvisados diversos barracões para abrigo das tropas.

O próprio Garibaldi, com auxílio de alguns de seus marinheiros construiu uma cabana, para nela abrigar sua família, a quem passou a dedicar maior atenção, pois havia apenas exercícios militares de adestramento das tropas, sem qualquer confronto com os inimigos nas cercanias. Assim decorreram semanas, onde nada se decidia.

Lá encontraram Francesco Anzani que, segundo Garibaldi, foi o melhor soldado italiano que conheceu e a quem “a Legião Italiana de Montevidéu ficou devendo a sua organização de ferro”.

Anzani era natural de Alzate, Itália, onde nasceu em 1809. Faleceu em Gênova, Itália, em 5 de junho de 1848. Quando jovem lutou pela independência da Grécia. Depois, largou a Universidade de Parma para dirigir-se para a França, onde fez parte do movimento republicano de junho de 1832. Combateu, ainda, contra Dom Miguel, na Guerra Civil Portuguesa, onde foi ferido e na Espanha.

Preso em Gênova, em 1838, pela polícia sarda, foi entregue às autoridades austríacas. Colocado sob vigilância, preferiu emigrar para a América, onde combateu com Giuseppe Garibaldi no Uruguai, participando da batalha de Santo Antônio do Salto, em 8 de fevereiro de 1846.

Retornou à Itália, em 1848, morrendo logo depois de desembarcar em Gênova, vítima de tuberculose. Garibaldi deu o nome de Anzani, a um de seus batalhões.

Quando chegaram a São Gabriel, Anita já dominava e entendia a língua italiana. Com a proximidade do Uruguai, e através dos mensageiros que de lá chegaram, teve os primeiros contatos com a língua espanhola. A ociosidade bélica de Garibaldi durante o tempo passado em São Gabriel foi pródiga em ensinamentos para Anita.

Aqueles funestos dias seriam lembrados para sempre na memória de quem lá esteve. Garibaldi os registrou em suas “Memórias”. Anita detalhou em carta enviada ao casal Costa, em São Simão, os terríveis momentos e as deprimentes cenas de que foi vítima e testemunhou.

São Gabriel teve importante participação na Revolução Farroupilha. Em 15 de março de 1841, Giuseppe e Anita Garibaldi chegaram a cidade, onde permaneceram por algum tempo no novo acampamento farroupilha onde foram construídos e improvisados diversos barracões para abrigo das tropas.

O próprio Garibaldi, com auxílio de alguns de seus marinheiros construiu uma cabana, para nela abrigar sua família, a quem passou a dedicar maior atenção, pois havia apenas exercícios militares de adestramento das tropas, sem qualquer confronto com os inimigos nas cercanias. Assim decorreram semanas, onde nada se decidia.

Lá encontraram Francesco Anzani que, segundo Garibaldi, foi o melhor soldado italiano que conheceu e a quem “a Legião Italiana de Montevidéu ficou devendo a sua organização de ferro”.

Anzani era natural de Alzate, Itália, onde nasceu em 1809. Faleceu em Gênova, Itália, em 5 de junho de 1848. Quando jovem lutou pela independência da Grécia. Depois, largou a Universidade de Parma para dirigir-se para a França, onde fez parte do movimento republicano de junho de 1832. Combateu, ainda, contra Dom Miguel, na Guerra Civil Portuguesa, onde foi ferido e na Espanha.

Preso em Gênova, em 1838, pela polícia sarda, foi entregue às autoridades austríacas. Colocado sob vigilância, preferiu emigrar para a América, onde combateu com Giuseppe Garibaldi no Uruguai, participando da batalha de Santo Antônio do Salto, em 8 de fevereiro de 1846.

Retornou à Itália, em 1848, morrendo logo depois de desembarcar em Gênova, vítima de tuberculose. Garibaldi deu o nome de Anzani, a um de seus batalhões.

Quando chegaram a São Gabriel, Anita já dominava e entendia a língua italiana. Com a proximidade do Uruguai, e através dos mensageiros que de lá chegaram, teve os primeiros contatos com a língua espanhola.

A ociosidade bélica de Garibaldi durante o tempo passado em São Gabriel foi pródiga em ensinamentos para Anita. Aqueles funestos dias seriam lembrados para sempre na memória de quem lá esteve. Garibaldi os registrou em suas “Memórias”. Anita detalhou em carta enviada ao casal Costa, em São Simão, os terríveis momentos e as deprimentes cenas de que foi vítima e testemunhou.

A CARTA DE ANITA

Ao casal Costa.

São Gabriel, 10 de março de 1841: Caros amigos, depois das penosas aventuras por que passamos, parece um sonho viver de novo numa casa confortável e poder escrever com calma esta carta que, graças à cortesia do nosso novo amigo Francesco Anzani, espero que chegue até vocês em pouco tempo.

Imaginem que Francesco ainda tem paciência para me ensinar ortografia, e eu estudo durante as longas horas de ócio que freqüentemente passamos juntos no conforto dos nossos quartéis de São Gabriel. Estamos todos sãos e salvos, mas só por milagre…

Quando nos despedimos … estávamos bem e com saúde, encorajados com a provisão de alimentos que vocês nos quiseram dar e pelos seus votos de boa sorte.

Mas logo a viagem se tomou penosa, por causa das chuvas incessantes. Nunca tomei tanta chuva em toda a minha vida. … alcançamos as tropas dos farrapos e iniciamos com eles a caminhada em direção das alturas. …

A coluna de companheiros parecia estender-se até o infinito. … Ministros, parlamentares, funcionários, empregados, artesãos e pobretões, todos fugitivos, com suas famílias e coisas, animais, provisões, armas, munições e até mesmo máquinas para imprimir jornais.

Vocês não imaginam o sofrimento de todos; por causa do terreno totalmente intransitável, era preciso cortar a vegetação densa, metro por metro, a chuva incessante ensopava nossas roupas, os pés gelados escorregavam na lama, de noite tremíamos de frio e nos apertávamos uns contra os outros, como animais, para conseguir um pouco de calor. …

As reservas de alimentos logo se esgotaram e a caça começou a rarear. Não conseguíamos mais acender fogo, pois a madeira estava toda úmida. Para tornar aceitável algum raro pedaço de carne, nós o colocávamos na garupa do cavalo, sob a cela, até ele cozinhar um pouco com o calor do animal. Depois de atravessar o vale do rio das Antas, começamos a subida.

O sofrimento aumentou ainda mais, por causa do terreno íngreme e da falta de alimento. Todos sofreram, em especial as crianças e as mulheres, que, depois de algum tempo, não conseguiam prosseguir.

A caminhada era muito difícil e as crianças caíam exaustas. As mães, não querendo largá-las, abatiam-se com elas, apesar de saberem que não teriam como se salvar. Às vezes os homens sem coragem de separar-se dos seus ficavam com eles ou então os matavam, para não entregá-los a uma lenta agonia.

Com um reflexo de horror nos olhos, continuavam a caminhada cada vez mais devagar, conscientes de que logo também cairiam exaustos na lama e seriam cobertos pela densa vegetação. Acho que por muito tempo será possível reconstituir a nossa trajetória pela fila de esqueletos que marcam o caminho.

Com certeza nossas perdas foram mais graves do que aquelas que sofremos nas muitas batalhas de que participei. Durante a subida, eu procurava frutas e raízes para comer, qualquer coisa que me pudesse alimentar, porque meu leite estava diminuindo e Menotti, sob o poncho que o prendia ao meu colo, quase já não tinha forças para chorar.

Seus gemidos tornavam-se cada vez mais fracos, a carinha pálida se enrugava, estava sujo, trêmulo e a única coisa que eu podia fazer era soprar por cima dele para lhe dar um pouco de calor.

Eu usava folhas e alguns trapos que restavam para conservá-lo o mais enxuto possível. Nas raras paradas eu lhe dava de mamar.

Muitas vezes vi, com dor no coração, alguma outra mulher tirar seu bebê do meio das roupas e encontrá-lo morto. Imaginem minha apreensão… Pela primeira vez senti minhas forças diminuírem e me cansava até por carregar o peso do menino, que afinal só tinha algumas semanas de vida.

Fiquei grata a José, que, voltando-se para ver se eu o estava seguindo, percebeu a minha angústia e quis carregar Menotti, agasalhando-o embaixo do poncho e conservando-o quente com seu bafo por algum tempo…

Quando mais uma vez a aurora chegou à serra com a sua luz pálida, ele veio até mim. Eu estava deitada, encostada a uma rocha, tentando me proteger do frio de algum jeito. José estava acompanhado de um soldado e trazia duas mulas. Disse para eu partir imediatamente e pôr nosso filho a salvo do outro lado da montanha.

Ele me olhava com aquele jeito de quem não admitia discussão e acrescentou que aquela era a única esperança para Menotti. Devolveu-me o menino depois de beijá-lo carinhosamente.
Então me abraçou e me empurrou na direção das mulas, evitando o meu olhar. Ele não quer me mostrar o quanto essa decisão está lhe custando, pensei.

É claro que eu estava sem forças para resistir. Peguei o Menotti, reduzido a um pacotinho, e parti com o soldado, que puxava as mulas com muito esforço, tropeçando nas pedras e nos arbustos que abundavam na vegetação virgem da serra.

Eu continuava com a impressão de estar escalando o infinito. À noite, deitamos no chão, amontoados sobre os animais exaustos.

As vezes parecia que eu tinha lâminas fincadas na cabeça, e procurava segurar o enjôo que tomava conta de mim no ar rarefeito da montanha. Na tarde seguinte, quando eu já estava achando que se caísse mais uma vez não teria forças para me levantar, notei que o terreno se tornava menos íngreme.

Então pude montar em uma mula, e fui revezando, montando ora em uma ora em outra, para elas não desabarem de exaustão. Passamos mais uma noite quase sem dormir, torturados pela fome. Menotti ainda respirava, mas, quando eu tentava dar-lhe de mamar, mal o sentia sugar.

No dia seguinte, enquanto nos arrastávamos mecanicamente, passo a passo, de repente percebi que o terreno formava um suave declive. Olhei ao redor e não consegui acreditar: a floresta tinha quase acabado e à nossa frente estendiam-se colinas e campos cultivados a perder de vista.

Caminhamos então em direção a uma fumaça que apareceu ao longe, e finalmente chegamos a um acampamento, onde alguns soldados estavam deitados ao redor de uma fogueira, bebendo de seus cantis.

Assim que nos viram, amontoaram-se ao nosso redor para saber quem éramos; pegaram o Menotti, já quase morto, deram-lhe um banho, envolveram-no em roupinhas limpas e lhe deram leite, gota a gota.

Eu também bebi leite de uma tigela fumegante, e aquela me pareceu a bebida mais fina do mundo. Enfim, caros amigos, estávamos salvos… Poucos dias depois, o único vestígio do pesadelo eram os meus pés que continuavam sangrando. Ainda tive que mantê-los enfaixados por muito tempo…

Anita Ribeiro Garibaldi

GARIBALDI DEIXOU A REVOLUÇÃO

Foi em solo gabrielense, que em 1841, Giuseppe Garibaldi obteve de Bento Gonçalves, que reassumira em 14 de março a presidência da República Riograndense, a sua dispensa das fileiras Farroupilhas.

E em pagamento por seus quatro anos de serviços prestados a causa, recebeu do líder revolucionário 900 cabeças de gado. O herói italiano pretendia retomar as suas atividades embarcado, ou quanto muito, fixar-se junto a um Porto, onde pudesse conviver com o mar, a sua grande paixão de navegador.

Garibaldi, acompanhado de sua mulher Anita, pretendia ir até Montevidéu, para uma estada temporária. Não tinha a intenção de abandonar definitivamente a causa republicana. Assim decidido, procurou o general Bento Gonçalves e expôs-lhe todas as suas angústias, dúvidas e incertezas.

De tal encontro não existem registros oficiais, havendo historiadores que afirmam ter Garibaldi argumentado a Bento Gonçalves que Montevidéu poderia ser uma alternativa para as ligações marítimas da República Riograndense.

A maioria, porém, defende a tese de que Garibaldi não partiu para Montevidéu com estas intenções. O que importa, porém é o fato de que desta confabulação, que não teve testemunhas e que durou quase duas horas, ficou definido que Garibaldi partiria com sua mulher e filho, sendo-lhe entregue uma manada de 900 bois, que deveriam servir para as despesas de manutenção da família, durante os primeiros tempos.

Estava encerrada a participação de Anita e de seu companheiro Giuseppe Garibaldi na Revolução Farroupilha. No Uruguai Garibaldi lecionou Matemática. E nasceram mais filhos.

Em 26 de março de 1842, na Igreja de São Francisco, regularizou a união com Anita, que declarou ser viúva de Manoel Duarte de Aguiar. O casal vivenciou freqüentes momentos de estrema miséria, em função de seu idealismo.


Comandou a Esquadra Uruguaia contra a potente e numerosa Esquadra de Rosas liderada por Browm, sendo completamente batido. Depois comandou uma Divisão de Voluntários Italianos, em Montevidéu.

Após 14 anos na América, retornou à Itália, onde foi recebido como herói. Na Itália, combateu, venceu e perdeu a sua Anita. E abortou mais uma vez o seu projeto de unificar a Itália. E mais uma vez o exílio: Gibraltar, África, Estados Unidos, América Central e o Peru.

MORTE DO PRIMEIRO PRESIDENTE FARROUPILHA

No dia 4 de março de 1840 faleceu em São Gabriel, quase repentinamente, em consequência de aneurisma interno, o doutor Marciano José Pereira Ribeiro, que fora o primeiro presidente farroupilha, empossado em Porto Alegre no dia 1 de setembro de 1835.

Marciano José Pereira Ribeiro era natural de Minas Gerais. Formado em medicina em Edimburgo, Escócia, foi deputado provincial eleito à 1ª Legislatura da Assembleia Provincial do Rio Grande do Sul.

Era 3° vice-presidente da província do Rio Grande do Sul ao estourar a Guerra dos Farrapos, quando Porto Alegre foi dominada pelos farroupilhas. Enquanto o presidente da província fugia, e os outros vice-presidentes não eram considerados confiáveis, assumiu como presidente interino duas vezes, de 21 de setembro de 1835 a 16 de fevereiro de 1836 e de 28 de março a 15 de junho de 1836.

Foi preso em 1836 e enviado ao Rio de Janeiro, de onde fugiu em 1840 e retornou ao Rio Grande do Sul, entrando por São Gabriel. Sua saúde já estava abalada, falecendo pouco tempo depois.

PELEIA NO ARROIO DO SALSO

Em 11 de junho de 1840, junto ao Arroio do Salso, tributário do Vacacai, encontraram-se as forças do coronel Manuel dos Santos Loureiro, da Guarda Nacional, e as do farroupilha Fileno de Oliveira Santos.

Depois de renhida peleia Fileno foi morto, dispersando-se os seus homens. Loureiro, que seguia para São Gabriel, então em poder dos farroupilhas, continuou sua marcha e entrou, sem mais novidades, na vila, no dia seguinte, pois os republicanos a haviam evacuado, abandonando nela três bocas de fogo, aliás, inúteis para eles.

No dia 28 de junho de 1841, Francisco Pedro de Abreu retomou a cidade de São Gabriel, surpreendendo a Guarda de Polícia rebelde, aprisionando o comandante intitulado major, Maximiano, um tenente, 22 soldados, e armamento sendo o de Infantaria, novo, mandado por Fruto Ribro (Frutuoso Rivera), e 400 e tantos cavalos.

A Guerra continuou por mais quatro anos. Os farroupilhas depuseram as armas e o Governo Imperial concedeu anistia aos revoltosos, tendo seus oficiais e praças sido incorporados ao exército e mantidas suas patentes.

Também as dívidas e os compromissos do Governo Farroupilha foram assumidas pelo Império. Em 1845 a paz foi selada e o Brasil manteve sua unidade territorial.

CAÇA AOS FARRAPOS

Fevereiro de 1843. Sete mil homens marcham à Fronteira Oeste da província sob as ordens de Luís Alves de Lima e Silva à caça dos farrapos. Com pressa e para ganhar agilidade, o futuro Duque de Caxias, em março, deixou em São Gabriel parte da bagagem, a cavalhada e dois mil homens.

Além de precipitar o confronto, o comandante queria 14 mil cavalos dos republicanos espalhados pela fronteira. Foi em vão. Os farrapos escapuliam por caminhos que dominavam e evadiram a manada da região.

Caxias teve de ir ao Uruguai comprar montaria. E os inimigos aproveitaram para atacar São Gabriel, em 10 de abril. “O desastre foi completo. Toda a cavalhada foi recolhida pelos rebeldes”, escreveu Morivalde Calvet Fagundes.

No dia 10 de abril de 1843, o tenente-coronel farroupilha, Manuel Carvalho de Aragão e Silva, surpreendeu na madrugada desse dia, em São Gabriel, os legalistas, aprisionando o coronel Antônio Pinto, matando 77 homens e apoderando-se de 1.500 reses.

Em seguida reuniu-se, na Caieira, às forças do general Portinho, sendo, porém, atacados por Juca Ourives que, protegido pelo 9º Batalhão de Caçadores, comandado pelo coronel Francisco de Arruda Câmara, os desalojou e os repeliu no campo do Fidélis, matando um capitão, dois tenentes e 13 soldados, incorporando-se logo após às forças do general João Antônio, que rumava para São Gabriel.

No dia 11 de abril de 1843, a tropa do general farroupilha João Antônio da Silveira atacou a guarnição imperial de São Gabriel, comandada pelo coronel Jacinto Pinto de Araújo Corrêa, e tomou posse da manada de cavalos e tropa de bois ali mantidos.

Caxias, ao saber do fato no dia 16, foi até Santana do Livramento, em socorro do chefe imperial, e resgatou, no dia 19, as manadas aliciadas pelos republicanos.

FIM DA REPÚBLICA RIO-GRANDENSE

A República Rio-Grandense foi dissolvida em 1 de março de 1845, pelo “Tratado de Poncho Verde”, que manteve em vigor algumas leis derivadas da constituição rio-grandense.

Teve ao todo cinco capitais durante os seus nove anos de existência: Piratini, Caçapava do Sul, Alegrete e São Gabriel (capitais oficiais), Bagé (somente por duas semanas) e São Borja. Os seus presidentes foram Bento Gonçalves e Gomes Jardim.

O alto comando da Revolução desejava dominar a guarnição de primeira linha da vila de São Gabriel, o 3º Regimento de Cavalaria, aquartelado no sobrado onde depois se instalou o Hotel Rio Branco, na antiga Praça da Matriz, hoje Fernando Abbott.

Contava a unidade militar com um contingente de 120 homens mais ou menos, e era comandado pelo capitão Francisco de Paula Macedo Rangel, avô dos antigos ruralistas gabrielenses Antônio, Gabriel e Otávio Macedo Rangel.

Com o objetivo de melhor coordenar o movimento em São Gabriel, inclusive entrada de armas e soldados na calada da noite, resolveram os insurretos patrocinar um suntuoso baile a 7 de setembro, dia comemorativo da Independência. Entretanto, a data teve de ser dilatada para 19 de setembro.

Foram convidadas para as festividades que se anunciavam brilhantes, todas as pessoas de maior destaque social na pequena, porém aristocrática povoação. Entre os principais convidados, situavam-se o capitão Macedo Rangel, alguns de seus oficiais e às respectivas famílias.

Oficial que não primava pela imprevidência, Macedo Rangel antes de dirigir-se à festa, deixou de prontidão a guarnição sob seu comando, mandando distribuir farta munição e reforçou os efetivos com praças de Infantaria de Pernambuco que, embora desmobilizadas, moravam na localidade e foram reengajadas. Assim estava preparado para qualquer emergência.

Macedo Rangel, para demonstrar que estava muito bem informado das maquinações que se estavam processando, no decorrer do baile referido e num intervalo das danças, chamou à sua presença o inspetor do 3º quarteirão, encarregado das patrulhas, mostrando-lhe uma carta que havia interceptado.

Na missiva, depois do pedido de certas armas, dizia-se “que o tempo tinha chegado”. Segredava-se com isto, já estarem os revolucionários em campo com mais de 150 homens. Informavam, ainda, ser o dia 25 a data marcada para “atropelar a capela, a rebenque”, disse Varela. (Pesquisa: Nilo Dias - Publicada no jornal "O Fato", de São Gabriel em 28/04/2017)

Garibaldi esteve com Anita em São Gabriel.

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