quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Homenagem merecida

Se tem uma pessoa em São Gabriel que eu prezo muito, é Bereci da Rocha Macedo. Amigo sincero e leal de muitos anos, escreveu em todas as edições do meu saudoso jornal "Tribuna do Povo", que circulou por muitos anos, quando eu morava em São Gabriel.

Sou até hoje seu fã de carteirinha e não entendo como a cidade ainda não o colocou na Câmara Municipal. Com certeza seria um excelente vereador, pois além da sua honestidade inquestionável, tem lucidez e inteligência suficientes para realizar um grande trabalho em beneficio da sociedade local.

Mas essa é outra história. Hoje, me limito a publicar um artigo escrito por ele e publicado no jornal "Correio Gabrielense", em que lembra a figura extraordinária do grande amigo que foi o Ervandil Machado e de sua esposa dona Lucinda, ainda entre nós.

Homenagem merecida, sem a menor dúvida, que nos remete a uma viagem ao passado, nos tempos dos imorredouros churrascos na Mercearia do Tamica, encontro de amigos nos sábados a tarde..

Tributo à Educação

Bereci da Rocha Macedo

Lucinda de Souza Machado e Ervandil Vieira Machado

Nestes tempos modernos em que o avanço da tecnologia e da Ciência é inegável, mas que a extraordinária decadência moral do ser humano é também inquestionável, reafirmo minhas convicções de que tudo isso acontece pela ação do homem, independente de sua posição socioeconômica.

Quando na modernidade existe corrente de pensamento que transfere a responsabilidade da Educação ao Estado, através das escolas, venho por meio deste espaço, mais uma vez, reafirmar que a Educação é obrigação na família e a escolaridade do Estado.

O exemplo do que afirmo é o casal Lucinda-Ervandil Machado, união que concebeu, criou e encaminhou nada menos do que oito filhos.

Nossa família foi uma das primeiras a morar na Vila Mariana, parece que hoje bairro, e foi lá que conheci o senhor Ervandil, que a maioria conheceu como Machadinho, mas foi no Bairro Menino Jesus que aprofundamos nossa convivência e onde aprendi a admirar e respeitar o casal.

Ele funcionário da Prefeitura Municipal, responsável pelos cuidados à Praça Independência e outros serviços que lhe eram atribuídos pela sua chefia, ela somente dona de casa encarregada da criação e educação dos filhos e demais afazeres domésticos.

Outros tantos moradores do Bairro Menino Jesus são  testemunhas incontestes do que afirmo e da vida exemplar desse cidadão como funcionário, como amigo, como pai e como chefe de família, sempre ao lado de sua mulher Lucinda, quem sabe tão ou mais merecedora dos elogios dedicados ao nosso Machadinho.

E em uma vida de tantos sacrifícios, mas de coragem, de abnegação e de uma moral inquebrantável o casal Lucinda-Ervandil (Machadinho) transferiu a todos os filhos uma educação primorosa que a todos enaltece perante a sociedade da qual fazem parte.

Sou um homem diferente, mas protegido de Deus, pois as pessoas de mais idade sempre gostaram de mim e talvez isso justifique o carinho que o Machado me dispensava, porque, dito por ele, o senhor João, seu pai, apostava que eu seria um grande homem pelo fato de ir descalço para o colégio e em dia de chuva usar um saco de estopa como capa.

O pai do Machadinho muitas vezes me preparava o cavalo para desfilar no 20 de setembro. Talvez venha dai nossa identificação.

O Machadinho era um homem simples, mas determinado, e era o único a me chamar de Macedo. Certo dia os amigos descobriram que estava de aniversário e dei-lhe a melhor camisa que tinha na loja.

Ele desenrolou e disse: “Muito obrigado Macedo, mas não uso camisa de mangas curtas." Foi quando descobrimos que ele não usava camisas de mangas curtas e quando usava chinelos não abotoava os punhos da bombacha.

Educado e solicito sempre teve o respeito do Nilo Dias, do Carlos Alberto Moreira, do Sérgio Brasil, do Tadeu Nagipe, do Lázaro Gomes e de todos quantos participavam de nossos churrascos no Bairro Menino Jesus, quase sempre na Mercearia do Tamica.

E se o Machado e a Lucinda conseguiram, sem roubar, sustentar e educar seus oito filhos e formá-los como verdadeiros cidadãos, muitos outros simplesmente não o fazem porque não querem.

E neste momento em que lembro dos nossos, quero estender este reconhecimento a tantos outros pais que na mesma situação do casal Lucinda-Ervandil são os heróis anônimos que constroem as coisas boas que essa estupida sociedade de consumo tenta a todo custo destruir. Mas não conseguirá.

Tenho a dizer ao Claudiomiro, ao Valdomiro, à Maria Claudina, à Elizete, à Elizeine, ao Valdemir, à Ângela Maria e ao João Alexandre (em memória) que não esqueçam em nenhum momento que se vocês são ricos, extremamente ricos, é porque seus pais lhes deram vida, alma, educação e respeito.

Preservar os ensinamentos recebidos é eternizar vida de quem os transmitiu.

Ao Ervandil Vieira Machado, nossa saudade, a dona Lucinda de Souza Machado, nosso respeito pela mãe zelosa que é e pela lição de vida. Obrigado.

Até enquanto a censura não me cortar novamente.

Bereci da Rocha Macedo. (Foto: Caderno 7)

Um comentário:

  1. Boa tarde Nilo. Não nos conhecemos pessoalmente. Mora em Santa Catarina a 20 anos, mas sou natural de São Gabriel, filho de Renato Antonio de Ávila Rodrigues (conhecido como Renatinho da Caixa Estadual) e Conceição Viedo Rodrigues (conhecida como Vera). Ambos infelizmente falecidos. Meu pai considerava o "tio Bera", como ele chamava o Bereci, como uma pessoa elogiável na postura e conduta dos seus atos. Realmente merece ser reconhecido pela nossa terra. Grande abraço e continue nos brindando por matérias desta terra tão amável.

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