sexta-feira, 15 de junho de 2018

O que esperar do Brasil na Copa?

Estamos batendo as portas de mais uma Copa do Mundo. Novas expectativas, esperanças renovadas. Se bem que aqueles 7 X 1 não nos sai do pensamento. Estamos confiantes, mas também receosos. Um pé na frente, outro atrás.

Se bem que o técnico Tite nos pareça ser um verdadeiro santo milagroso. Transformou um arremedo de time, numa seleção bonita de se ver jogar. Futebol pra frente, não acovardado.

Pena que não haja unanimidade em torno do Brasil nessa Copa. Tem quem não queira ver o nosso país ganhando mais um troféu. Resultado das divisões políticas, das camisas amarelas na rua, que em vez de unir, desuniram.

Como diz o ditado, “a voz de Deus é a voz do povo”, o jornal “O Fato” procurou ouvir a opinião de gabrielenses, sobre o que esperam do Brasil na Copa do Mundo. O resultado está aqui. (Nilo Dias)


CARMEN LÚCIA EVANGELHO LOPES

Economista, doutora em sociologia e amante do samba e da cultura popular.


E a Copa de Mundo de 2018?

Estamos vivendo os preparativos para enfrentar as angustias e ansiedades que os jogos das Copas sempre geram no nosso país ... é o momento de encontrar grupos de curiosos, torcedores fanáticos ou não, que sem tempo ou condições de chegar a um local mais confortável, assistem aos jogos, de pé na frente de televisões expostas nos estabelecimentos comerciais; tempos das ruas enfeitadas de verde e amarelo; das coberturas antecipadas nas redes de TV sobre as curiosidades do país sede do maior evento mundial de futebol. 

Futebol e política se misturam desde a Copa de 1934, quando a Itália de Mussolini ficou com o título debaixo de uma massiva propaganda fascista, com a presença do “Duce” na Tribuna e a ameaça aos jogadores se não ganhassem a Copa: ”Vitória ou Morte!”

Desde então, em maior ou menor grau o futebol e a política andam de mãos dadas.

Não sou especialista nem em política nem em futebol. Mas, como cidadã antenada com a vida social e econômica do país, eu observo (e as vezes me posiciono) as diferentes opiniões do conjunto de torcedores.

A “Pátria de Chuteiras” parece que existe mesmo quando a seleção entra em campo. As divergências políticas se encobrem e torcemos todos pelo Brasil.

Mas, um olhar um pouco mais observador, nos mostra debates interessantes que associam a relação dos três últimos países-sedes da Copa (África do Sul-2010; Brasil-2014 e Russia-2018), com uma quebra do eixo Europa-EUA nos grandes eventos esportivos. O que significa o deslocamento expressivo da aplicação dos investimentos atrelados ao mundo do esporte.

Um outro elemento importante para considerarmos é a composição da atual seleção escolhida pelo técnico Tite: dos 23 jogadores, 22 são provenientes do eixo Centro-Sul ( 4-RJ, 9-SP, 1-SC, 2-MG, 2-PR, 4-RS) e um único representante da região nordeste (AL).

As regiões Norte e Centro Oeste não forneceram nenhum jogador. Do ponto de vista sócio econômico, a maioria dos jogadores são oriundos de região metropolitana dos grandes centros das regiões Sul e Sudeste, de bairros com altos índices de criminalidade e baixos indicadores sociais ou de municípios distantes da capital, sem infraestrutura adequada.

A maioria é de família de trabalhadores braçais, com baixa escolaridade e o futebol propiciou uma melhoria significativa do nível de vida.

Por fim, um outro ponto interessante é a discussão se a vitória do Brasil pode ser ou não faturada pelo governo. Lembro, imediatamente, da Copa de 70 em pleno governo Médici, do “Prá Frente Brasil”.

Erguemos a “Taça Jules Rimet!” pelo tricampeonato. Mas, em termos de direitos individuais e sociais enfrentávamos, historicamente, um dos nossos piores períodos. E, no último minuto para inicio do primeiro jogo os brasileiros torciam pela Seleção embora o governo não fosse consenso.

No momento em que enfrentamos uma crise social tão forte, com 14 milhões de desempregados, como devemos analisar a Copa de 2018?

JORGE BALTAR

Locutor Esportivo da Rádio Gazeta, de Santa Cruz do Sul


Tite, um estrategista

Um dos grandes trunfos do técnico Tite é a variação tática. Tite o Adenor Bachi que conheci na Rádio Caxias em 1998 como comentarista, é um apaixonado pelo sistema tático de envolvimento, de chegada, de aproximação das linhas.

Como foi que Tite conseguiu fazer o Brasil jogar, mesmo fazendo poucas trocas daquele time que levou 7 X 1 da Alemanha? Primeiro trabalhando o psicológico dos jogadores, depois definindo posições e atribuições dentro de campo.

O técnico conhecido por ser disciplinador, mas amigo dos jogadores, conseguiu a chamada “Consciência Tática”, onde todos marcam e tem as suas funções bem definidas, sem ter função.

Eu explico, não quer dizer que Neymar porque é atacante, não precise fechar o lado e até pelo meio, quando não está com a bola. O mesmo valendo para Philippe Coutinho, Willian e até para o Renato Augusto, quando este entra como titular.

O time de Tite é hoje um time surpreendente a cada jogo, mas com um futebol competitivo e solidário, o que nunca aconteceu com as equipes de Felipão, Mano Menezes e Dunga.

Ser competitivo, não tirou o brilho do futebol de Marcelo, Daniel Alves e Neymar. O segundo, lesionado irá fazer muita falta. Mas em termos de time compactado, com a chamada marcação alta, Casemiro e Paulinho, sabem fazer isso muito bem.

A equipe do Brasil, no meu entendimento, tem sim condições de buscar o “hexa”. No sistema defensivo, a Seleção Brasileira, nos parece mais equilibrada justamente por ter neste setor, jogadores que se completam em termos de cobertura e de saída rápida de bola.

Esta seleção Brasileira do Tite é, na minha visão, uma seleção igual às demais europeias com o acréscimo de qualidade técnica que todo o jogador brasileiro tem, com o improviso que é no meu entendimento o grande diferencial ainda do futebol brasileiro.

Tenho esperanças de um futebol bem jogado, e com o professor, sabendo explicar, o que é flutuar entre as linhas, a compactação e a variação tática que ele Tite impõe aos seus comandados.

O que fez com que Adenor Bachi fosse parar na seleção Brasileira, e fizesse a grande campanha nas eliminatórias, e nos desse esperanças na terra de Putin.

Que venha o “hexa”, com um futebol vistoso e brilhante, para cada vez mais ver renascer nos campos russos, o futebol que outrora encantou o mundo.

CERES FÉLIX

Administradora de empresas


O que eu espero do Brasil na Copa.

Eis que abro o Messenger enquanto assisto ao noticiário e me deparo com o convite do amigo Nilo Dias para escrever sobre “o que eu espero do Brasil na Copa”.

Boa pergunta, amigo Nilo Dias! Em meio a tantas ocorrências negativas, tanto mar de lama na política sendo revolvido, tanta criminalidade chegando até nós através da mídia, não tive muito tempo de pensar que a Copa está chegando...

Pois bem, meu amigo, como boa brasileira, logo pensei: “Quero que o Brasil ganhe todas!”, “Quero que a final seja contra a Alemanha e a gente inverta o 7x1!”, enfim “Quero ser Hexacampeã do Mundo!!!”.

Mas (sempre tem um mas), quero um time que espelhe o bravo povo brasileiro que não foge da luta e acredita que tudo vai melhorar, um time  que jogue com os pés e também com a alma, que tenha garra, que tenha técnica, tenha amor pela nossa camiseta, pelo nosso país, pelo nosso povo e acima de tudo, que carregue em si o orgulho de ser brasileiro.

Enfim, amigo Nilo, é isso que espero da nossa seleção. E do nosso Brasil, espero que ele se erga do berço esplêndido e ressurja gigante pela própria natureza, fazendo cada dia mais nos sentirmos orgulhosos de sermos filhos dessa pátria amada!!! Pra frente, Brasil!!!! Salve a seleção!!!

MIGUEL MONTE

Jornalista e radialista. Assessor de Imprensa da Prefeitura Municipal de Jaguari


Que a seleção não nos humilhe novamente

A cada 4 anos, os brasileiros – apesar de dificuldades ou não por que passa o país -, sempre ficam na expectativa de que a seleção brasileira levante o troféu, ou seja, que seja campeã do mundial.

Independente da suba do combustível, da falta de maiores investimentos na saúde, educação, segurança e infraestrutura. E mesmo que muitos não tenham um emprego fixo e digno que lhes possibilitem colocar a comida na mesa de seus familiares.

Foi assim quatro anos atrás, quando sediamos pela segunda vez a Copa do Mundo. Todos esperavam que a seleção brasileira levantasse o troféu, mas o que infelizmente vivenciamos foi a maior humilhação de todos os tempos – bem maior do que a perda do título em 50 -, ao levarmos uma goleada do selecionado alemão.

Portanto, minha maior preocupação é que o “selecionado canarinho” não nos humilhe mais. Que tenha futebol e garra. Que os 23 jogadores escolhidos pelo treinador Tite, honrem a confiança neles depositada e joguem a exemplo de tantos que já vestiram a amarelinha, como: Pelé, Félix, Piazza, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto, Everaldo, Gerson, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo, Zico, Falcão, Sócrates, Cafú, Tafarel, Romário, Dunga, Marcos, e tantos outros.

Que possamos orgulhosos sentados à frente do aparelho de televisão, estufar o peito e dizermos: Esta é a nossa Seleção Brasileira!

Não é importante que não se levante o troféu de campeã, desde que não passemos pela mesma humilhação de 2014, onde assistimos estarrecidos a seleção da Alemanha - em pleno estádio Mineirão -,  nos humilhar a cada bola que balançava as redes do gol do selecionado do Brasil.

Plagiando o poeta Vinícius de Moraes que dizia: “Que me perdoem as muito feias, mas beleza é fundamental”. Eu digo: “Que me perdoem os jogadores da seleção brasileira, mas fazer bonito na Copa do Mundo é fundamental”.

Outra humilhação jamais. E se a boa apresentação no mundial vier com o título de campeã, aí lavaremos a alma que ainda está inundada pelos 7 gols sofridos da seleção alemã.

LIANE CHAVES

Advogada


A Bandeira verde e amarela da paz

Ano de Copa do Mundo é um ano pautado no verde da esperança, no amarelo do sol, no azul do céu e no branco da paz.

As pessoas “vestem a camiseta”, afloram suas alegrias até então, muitas vezes esquecidas, vibram, cantam e gritam “BRASIL, BRASIL” com garra, honra e orgulho de “SER BRASILEIRO”.

Os rostos são “pintados” não como forma de protestos e sim, pelo sentimento de patriotismo que invade os corações. Nos meios de comunicações o assunto é “Copa do Mundo”, e todas as demais manchetes perdem destaque a esta tão bela “festa do futebol”.

As pessoas “sem tempo” acham o “tempo” para ali estarem reunidas em dias de jogo. As famílias programam encontros e todos esquecem as “brigas cotidianas”, o franzir de uma testa ranzinza ou até mesmo aquela “velha mágoa” há anos armazenada no âmbito da “alma”. Tudo é alegria! Tudo é emoção!

E, então, nos perguntamos:- Por que somente em período de “Copa do Mundo” somos tudo isso? E, logo vem a resposta: - Porque estamos todos unidos no mesmo ideal, com os mesmos objetivos, vibrando na mesma sintonia, levantando a “mesma bandeira” e buscando o mesmo resultado.

Deixamos as posições de defesa, sejam elas, “lateral esquerda” ou “lateral direita”, viemos todos para o meio de campo assumindo nosso papel de “volante”, fazendo as ligações entre defesa e ataque para que a “jogada seja perfeita’”, somos zagueiro ou goleiro numa luta incessante para que a rede possa “tremer” com o mais lindo gol da vitória.

Sendo assim, vamos cada um de nós fazer a nossa parte nas mudanças necessárias para transformar nosso País e fazer crescer o patriotismo como um sentimento permanente onde teremos orgulho de ver “tremular” a Bandeira verde e amarela da paz.

LUIS FELIPE LEÃO

Funcionário da Saúde


Independência e justiça social

Como você sou de uma geração que viu a maior seleção de todos os tempos conquistar o tri no México e isso me tornou um torcedor exigente quando o assunto é Seleção Brasileira.

Quem viu Pelé e se indigna quando fazem comparações com o incomparável , aquela Copa foi emblemática por tudo pelo futebol apresentado, pela situação do país, com a ditadura assassina caindo em cima de quem quer que fosse, que expressasse um sentimento contrário a seus interesses.

Hoje o cenário é até parecido. Vivemos um golpe, temos uma boa Seleção, nem perto daquela. Mas para os padrões atuais é uma boa seleção com chances de trazer o hexa.

A diferença é que hoje os golpistas de agora não irão faturar com o momento de civismo e patriotismo que aflora em todas as copas. São tão imorais e sujos, que nem podem tentar semelhante fato.

Estou otimista, porque sou assim. A Seleção é um bem do povo, ainda que os 7 X 1 tenha nos ferido a alma.

A seleção é a Pátria, somos um povo sofrido, explorado, e que ainda hoje clama por independência e justiça social.

ANA RITA FAGUNDES LÉO

Mestre em Ensino de Línguas


Que se abram as cortinas

Meu amigo Nilo Dias passou-me a bola quicando e eu, na minha ignorada ignorância, matei-a no peito e estou até agora correndo atrás dela.

O foco do texto é “o que você espera do Brasil na Copa do Mundo”. Como ele me deu a liberdade de mudar o foco, optei por redigir um texto leve e solto, baseado no meu pensar, no meu olhar, talvez caolho.

Sinto dificuldade de apropriar-me dos recursos da linguagem técnica do futebol, mesmo acompanhando o Eduardo em sua trajetória como jogador profissional.

Porém, falar de futebol, nessa época, deixa-me à vontade, pois todo mundo fala com propriedade, notoriedade, ficamos ufanistas, somos 200 milhões de técnicos com chuteiras, somos tietes do Tite, “somos todos Tite”, até que o Tite nos prove o contrário. Cruzem os dedos, que Tite, opa, que Deus nos livre!!!

Temos uma característica única: a esperança até o último instante, nada, mas nada nos tira esse foco. Já dizia Mário Quintana: “A esperança é um Urubu pintado de verde!”, que seja, o que importa é acreditar até o urubu aparecer.

Com o olhar técnico-semianalfabeto, de torcedora da gema, minha expectativa para essa copa é a conquista do título para recuperar os traumas do passado e o do passado presente ainda hoje “entalado” com o placar de 7 X 1 contra a Alemanha.

Lançamos toda a esperança nos 23 jogadores e na comissão técnica, os quais construíram suas histórias até chegarem ao topo de sua profissão e que servem de exemplo para os jovens.

Também sabemos que as festas populares como carnaval e futebol são cortinas para encobrir os problemas estruturais, políticos, econômicos e sociais do País, mas, apesar de tudo, o carnaval e o futebol são o urubu pintado de verde em relação aos avanços do País.

É como se o Brasil permanecesse no berço esplêndido com o povo heroico fazendo “bilu, bilu”!  Então, que se abram as cortinas, que assistamos ao espetáculo, momento contraditório, mas o nosso povo brasileiro alegre, festeiro, embora sofrido, merece!

Não será uma bola na rede que de fato mudará o Brasil. Mas, com certeza, um voto na urna fará toda a diferença!

Queremos nada mais, nada menos trazer da Rússia o hexa. Que venha a Alemanha, a Espanha, a Rússia, a Argentina...

Queremos uma vaga no coração de cada craque e queremos sonhar, pois a capacidade de sonhar nos impulsiona a vencer os obstáculos. Sonhar com a bola na graciosidade do bailado nos pés dos jogadores chutando-a no gol e arrancando de nossa garganta o grito engasgado de campeão.

Só não queremos buscar o título no Posto Ipiranga!

ALEX SILVEIRA

Empresário rural e tradicionalista


Tite Gaúcho resgata nosso orgulho!

Sim, somos um povo que estava com o orgulho ferido pelos 7 X 1, uma humilhação sem precedentes! Mas graças ao Tite, um gaúcho, mago das palavras, da gestão de pessoas e honesto, agora temos fundadas esperanças de resgate do nosso orgulho maior!

O país do futebol não poderia perder este brio! Porque em tempos difíceis, de intolerância, de divisões políticas, de políticos desonestos que trabalham para os próprios bolsos, o único orgulho que nos resta em toda esta realidade é a Seleção Brasileira de Futebol.

Quem sabe, após a Copa, uma onda de otimismo e de comprometimento com o país se faça presente! Porque Tite, o mago da gestão de pessoas, é um exemplo para a classe política do nosso país. (Matéria publicada no jornal "O Fato", de São Gabriel-RS edição de 13 de junho de 2018)

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