segunda-feira, 2 de março de 2015

A chegada da pecuária ao Rio Grande do Sul

*Diversos historiadores divergem quanto ao verdadeiro propagador da pecuária no Rio Grande do Sul. Enquanto alguns dão os primeiros bandeirantes como os pioneiros, os espanhóis do Rio da Prata avocam a paternidade do feito para Hernando Arias de Saavedra ou "Hernandáruas", que foi o primeiro “accionero” entre os rios Paraná e Uruguai. “Accionero” é a pessoa que tinha direito a “vaquear” o gado chimarrão e entregar um quinto do lucro às autoridades comunais.

Outros historiadores dizem que o rebanho rio-grandense teve origem no gado paraguaio, predominando o denominado “franqueiro”, de amplas aspas, que o impedia de se internar nos matos, introduzido naquela então província por Gaete, que ali colocou sete vacas, como registrado na história.

O escritor gabrielense general Ptolomeu Assis Brasil, fez um interessante cálculo sobre o que produziriam as “sete vacas de Gaete”, durante 15 anos. Baseado nas quebras naturais conseguiu apurar nesse cálculo, um rebanho final de 450 cabeças, entre touros e vacas, que daria o inicio da pecuária paraguaia.

Do maior interesse para a nossa história, situam-se as primeiras fundações em território gabrielense das estâncias e postos missioneiros, responsáveis ao nosso entender pela difusão da pecuária nessa região.

A primeira e mais antiga dessas estâncias, a de São Miguel, estava dependente da Redução do mesmo nome, nas Missões, sendo esta seguidamente confundida, ao redor dos tempos. Conforme documentos da época, foi instalada na sesmaria do “Batoby”, pelo padre Cristóvão de Mendoza, espanhol, em 1634.

Seus limites muito extensos, estendiam-se desde às cabeceiras do Vacacai. Toropi e Santa Maria. O gado começou a multiplicar-se e depois baixou até o mar, formando a primeira vacaria desse nome, pela dispersão desses rebanhos, em 1638, devido a invasão das Missões pelos bandeirantes a mando de Raposo Tavares.

A debandada desse gado, notadamente do posto jesuítico de “Batovi” ou “Batoby”, deu origem a vacaria gabrielense, mais tarde consolidada pela Estância Jesuítica de São João , hoje em território de São Sepé.

Como é da maior importância fixar-se a localização exata da Estância São Miguel, a primeira que, estabelecida nas margens do rio Jaguari, foi posteriormente transferida para as fraldas do Batovi, vamos ouvir a douta opinião de Aurélio Porto, que diz o seguinte:

“O motivo dessa mudança de São Miguel que, das margens do Jaguari, onde teria sido fundada, passara para o posto que atualmente ocupa, antes de 1960, teria sido o aparecimento de pragas de tigres que, vindo das matarias do rio Jaguari, haviam assolado a doutrina, pondo em continuo perigo a vida dos catecúmenos que não se podiam afastar da aldeia para ir às suas lavouras”.

O rio Jaguari, um dos afluentes do Toropi, juntamente com o Vacacai-Guassu e o Santa Maria, constituíam os limites conhecidos da Estância São Miguel, cujo “Posto de Batovi” estava encravado na base do cerro do mesmo nome, possivelmente no mesmo local onde muitos anos mais tarde foi estabelecida primeiro a “guarda espanhola” e após a povoação de São Gabriel do Batovi, por Dom Félix de Azara.

A outra estância, estabelecida no então território gabrielense, acima nomeada de São João, hoje no atual município de São Sepé, estabeleceu o “Posto de São João”, na base do cerro de mesmo nome. Essa estância localizava-se entre os rios Vacacai, Santa Bárbara e cabeceiras do Camaquã e contava com vasta área de jurisdição.

Junto ao estabelecimento da estância existia, como em todas as povoações missioneiras, uma capela sob a invocação do padroeiro São João.

Outras estâncias de maior ou menor importância havia na Campanha, algumas nos próprios limites do território gabrielense. Diversos postos atendidos por agregados independentes proliferavam nas extensas campinas, coureando e rapinando, noticiados por ousados viajantes que se aventuravam até estas então agrestes paragens.


As crônicas antigas que chegaram aos nossos tempos, dão conta da vida rude desses verdadeiros pioneiros de nossa civilização. (Fonte: Livro “São Gabriel na História”, de autoria de Aristóteles Vaz de Carvalho e Silva)


O espanhol Hernando Arias de Saavedra, teria sido o interodur da pecuária no Rio Grande do Sul. (Foto: Blog Historia del Chaco)

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