terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Homenagem a São Gabriel

Pompeo de Matos

Advogado, bancário, ex-deputado Estadual e Federal

Patrão velho com licença
Eu lhes peço a compreensão
Peço junto a inspiração
Para reescrever a história
Recontar feitos e glórias
Do nosso antepassado
Do Rio Grande abarbarado
Do gaúcho destemido
Que sem se dar por vencido
Guarda a fama de aporreado.

Quando o pago ainda semente
Ganhava a conformação
Fazendo a miscigenação
Do índio, luso e o espanhol
Num raio de por de sol
Em honra a “Gabriel Del Fierro”
Neste pampa ouviu-se um berro
Da legenda que surgia
São Gabriel das sesmarias
Já nasceu terceando ferro.

Teus campos que hoje florescem
Cobertos de arrozais
Regados por mananciais
Escondem lutas bravias
Heróicos feitos que um dia
Demarcaram a trajetória
Que trago em minha memória
Herança dos ancestrais
Avós dos pais dos meus pais
Guerreiros da tua vitória.

Tu tens a força e a fibra
Do cerro do batoví
Onde contigo nascí
Gaúcho libre e altaneiro
Sinuelo dos carreteiros
Em sua profissão de fé
Guerreiros do caiboaté
E lá na sanga da bica
Onde quem bebe aqui fica
Em reverência a Sepé.

Terra linda e abençoada
São Gabriel padroeiro
És o arcanjo milagreiro
Na crença dos “irmãozinhos”
Da sanga funda, o neguinho
Da “guapa” santa e profana
Cuja vida desumana
Hoje inspira muita fé
E a bica do santo pajé
Que amansa a vida aragana.

São Gabriel de antanho
Da riqueza das charqueadas
Das domas, das carreteadas
Tempos que não voltam mais
És a terra dos Marechais
Mãe de ilustres brasileiros
Mascarenhas o primeiro
Hermes da Fonseca Presidente
Plácido de Castro, cuja semente
Assis Brasil foi herdeiro.

Por isso tu representas
A história viva da raça
Que hoje retratas com graça
Em tua própria geografia
Foi Capital por um dia
Foi legenda, és sentinela
És dentre todas a mais bela
E disso tenho certeza
Pois reproduz a beleza
Dos olhos de tuas donzelas.

Eu hoje te homenageio
Em versos que faço p’ra ti
Lembrando o “Vacacaí”
Dos remansos e das correntezas
Dando vida a natureza
Que sábia e inteligente
Faz germinar a semente
Que gera um fruto novo
Para alimentar teu povo
E a alma da tua gente.

Tua bandeira hasteada
Com garbo e galhardia
Revela que neste dia
Eu te devo reverência
É que na minha consciência
Tu simbolizas uma saga
E o minuano que te afaga
Redesenha o próprio mapa
Relembra a história farrapa
Escrita a ponta de adaga.

São Gabriel legendária
Do Tiarajú, do Arcanjo
Do guerreiro feito anjo
Do gaúcho insubmisso
Não será talvez por isso
Que eu te fico admirando!?
E a mim mesmo perguntando
Se existe outra terra igual!?
Tu és meu torrão natal

Por ti eu morro cantando.


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