*Em 9 de junho de 1854, a cidade alvoroçou-se com a
chegada em visita à então Vila, de Dom Feliciano José Rodrigues Prates,
primeiro bispo do Rio Grande do Sul, aparentado com a Família Prates, de São
Gabriel e que pela primeira vez visitava a localidade, que, também por sua vez
era a primeira visita episcopal que recebia.
Exercia o vicariato nesta paróquia, o padre Joaquim
Ribeiro de Andrade e Silva. O senhor bispo, depois de se encontrar com os
fiéis, retornou a Porto Alegre, tendo permanecido na povoação de 9 a 12 de
junho de 1854, sempre cercado das maiores atenções do povo católico
gabrielense. (Fonte: Livro “São Gabriel
na História”, de autoria de Aristóteles Vaz de Carvalho e Silva)
Dom Feliciano, filho de João Nascimento Nepomuceno de
Carvalho e Maria Leocádia Xavier Prates, era natural de “Aldeia dos Anjos”,
atual Gravataí. Um fato curioso marcou os anos iniciais da vida de Dom
Feliciano, que foi batizado com o nome de Felício. O documento, na época, era a
certidão de batismo. Posteriormente, quando da crisma, seu nome foi alterado
para Feliciano, homenageando um irmão falecido em tenra idade.
Desde menino, Feliciano demonstrou inclinação para o
sacerdócio, tendo em sua família o exemplo de dois tios que haviam se tornado
sacerdotes. Feliciano foi enviado ao Rio de Janeiro para o Seminário de Nossa
Senhora da Lapa, juntamente com seu irmão Felisberto, mais tarde também
sacerdote da Ordem de São Bento.
Feliciano recebeu o subdiaconato no dia 20 de novembro de
1803 e o diaconato, em 27 de novembro de 1803, todas eles conferidas pelo bispo
de São Paulo, Dom Mateus de Abreu Pereira, na Capela do Seminário da Lapa, no
Rio de Janeiro.
Em 25 de julho de 1804, na mesma capela do Seminário da
Lapa foi ordenado sacerdote pelo frei Dom Joaquim de Santa Maria, bispo de
Angola. Como sacerdote, permaneceu por algum tempo no Rio de Janeiro, como
capelão da Fortaleza do Morro da Conceição.
Retornando ao Sul, serviu por muitos anos como capelão
militar, principalmente no Regimento de Dragões de Rio Pardo. Neste período,
por seus serviços e acompanhamento nas campanhas do regimento, recebeu as
medalhas das duas campanhas Cisplatinas e a de Distinção ao Exército e
Esquadras do Sul. Mais tarde o Imperador D. Pedro II o agraciou como grande
dignitário da Imperial Ordem da Rosa.
Depois de reformado, serviu como coadjutor em Rio Pardo.
Durante a Revolução Farroupilha, permaneceu em Rio Pardo e também em sua
propriedade, próxima a Encruzilhada do Sul, afastado das contendas políticas
riograndenses e fiel à autoridade legal.
Feita a pacificação no Rio Grande do Sul e achando-se
vaga a freguesia de Santa Bárbara da Encruzilhada, pediu para ser nomeado seu
vigário encomendado. Foi passada a provisão com data de 25 de outubro de 1842,
pelo vigário geral da província, o cônego Tomé Luís de Sousa. Depois foi, por
seis anos, pároco em Encruzilhada.
Aposentou-se em Encruzilhada, já adoentado e foi morar em
um sítio que possuía. Durante este período recebeu o pedido de D. Pedro II para
que aceitasse a nomeação para bispo do Rio Grande do Sul.
Por decreto imperial de 5 de maio de 1851, o pároco de
Encruzilhada do Sul foi nomeado primeiro bispo da província de São Pedro do Rio
Grande do Sul. Aos 10 de abril de 1852, era feita, em carta imperial, sua
apresentação ao Papa Pio IX, por D. Pedro II.
A 10 de julho de 1852, dispensava o Papa Pio IX, o padre
Feliciano de todas as falhas do processo consistorial e, dois dias depois, da
falta da láurea doutoral em teologia ou direito canônico. Foi feita a sanção no
consistório de 27 de setembro de 1852, confirmado pelo Papa com a “Bula
Apostolatus Officium”, dois dias depois. Junto com a Bula o Papa escreveu uma
carta pontifícia ao clero e ao povo do Rio Grande do Sul, carta inédita na
história do estado.
Tomou posse na Catedral de Porto Alegre em 3 de julho de
1853. Seu primeiro ano de governo episcopal findou com uma solenidade religiosa
na capela do Menino Deus, em Porto Alegre, quando foi transferida a imagem da
Igreja das Dores para o pequeno templo.
No dia de sua posse, apresentou uma longa carta pastoral,
onde deixava claro que a sua missão era organizar a Igreja do Rio Grande do
Sul. Falava na necessidade de criar novas paróquias. Desejava organizar os
limites das paróquias.
Afirmava que era necessário reformar os prédios
religiosos. Em novembro de 1853, publicou a segunda carta pastoral e afirmava
sobre a necessidade de reforma do clero, uma catequese organizada, queria
padres bem formados, homens de Deus, distantes da política, fora da maçonaria e
sempre mais homens de oração.
Realizou uma obra gigantesca: organização das paróquias e
criação de novas, insistiu na melhoria da catequese para as crianças e adultos,
criou o primeiro seminário no Rio Grande do Sul e foi um grande disciplinador
do clero.
Criou as paróquias de: São João Batista de Camaquã, em
1854; Santa Cristina do Pinhal, em 1855; São José do Hortêncio, em 1856; São
Miguel de Dois Irmãos, em 1857; São Francisco de Assis, em 1857 e Santo Antônio
de Palmeira das Missões, em 1857.
Em 30 de abril de 1854 iniciava as visitas pastorais,
começando pela Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de São Leopoldo; Dom
Feliciano foi acompanhado pelo secretário do bispado, o Padre Francisco das
Chagas Martins Ávila e Sousa e do Padre Juliano de Faria Lobato.
Dom Feliciano desejava muito ter em sua diocese um
seminário. Até 1853, o único seminário que atendia a todo o sul do Brasil era o
Seminário São José da Lapa, no Rio de Janeiro.
Em janeiro de 1855, em casa alugada, o bispo começou o
Seminário, junto a residência episcopal, com 18 seminaristas. Antes do final de
1857 ordenara os primeiros sete padres ali formados. O prédio ele não chegou a
construir.
Embora não tivesse prédio próprio, o Seminário já existia
e era uma feliz herança do bispo. Em homenagem a ele, o seminário era chamado
de: Seminário Episcopal São Feliciano. O terreno para o novo seminário era
localizado atrás da Catedral.
Assim, depois de quase cinco anos de governo diocesano,
uma rápida enfermidade (um ataque de erisipela) vitimou o primeiro bispo do Rio
Grande do Sul. Na manhã de 27 de maio de 1858 faleceu em Porto Alegre. (Fonte:
Wikipédia)
Dom Feliciano José Rodrigues Prates (Foto: Domínio Público)
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