Tarquino Cardoso, ou simplesmente “Talco Cardoso” foi, com
certeza, o maior bandoleiro que São Gabriel conheceu em toda a sua história.
Era odiado pelos estancieiros da época e adorado pelas populações mais pobres,
especialmente às ribeirinhas.
Contam que ele costumava roubar dos mais abastados, para
distribuir entre os mais pobres. “Talco” era uma espécie de “Robin Hood dos
Pampas”.
Era o líder dos chamados “matreiros” de seu tempo. Estancieiros o
protegiam em troca de serviços. Davam-lhe dinheiro e cavalos. Suas armas eram
essas: bons cavalos e bons revólveres.
É bom que se explique o uso do termo "matreiro", para
que os leitores desavisados tenham uma idéia. O termo é fronteiriço. A rigor,
um espanholismo. Designava os tauras campeiros rebelados contra a justiça e a
lei.
Não eram criminosos comuns. A exemplo de Martin Fierro foram os
últimos gaúchos gaudérios, que não aceitavam as imposições do modernismo e da
evolução. Vindos de ancestrais libertos na largueza dos campos, sem aramado,
não podiam compreender, nem aceitar, a estreiteza das rédeas da lei de uma sociedade
padronizada.
Acuados no fundo dos campos, nos “pajonais”, nos montes e nos
descampados, viviam de pilhagens, forçados pela situação, carneando os rebanhos
das estâncias para sobreviver. De quando em vez, faziam uma incursão arriscada
nalgum povoado escondido, para, desafiando a polícia, comprar, com magros
cobres, um pouco de erva, sal, munição e alguma garrafa de canha.
Se o comissário, avisado, chegava, trocavam tiros. E atropelando o
cerco, se mandavam “à la cria”, valendo-se das patas de “pingos” velozes.
Sempre andavam bem montados. Cavalos, é claro, não lhes faltava.
Martin Fierro foi um poema de José Hernandez, que conta a vida de
um gaúcho da região dos pampas, com estrofes recheadas por um vocabulário
popular, que expressa seus sofrimentos, indignações, contestações, esperanças
etc.
Ao longo de seus 13 capítulos, Hernandéz narra a história de um
gaúcho que "perde sua liberdade" ao ser convocado à força para servir
ao exército. Sendo vítima de inúmeras arbitrariedades de seus superiores, em
pouco tempo se transforma em um desertor e, depois, ao regressar para casa,
descobre que esta havia sido destruída e sua família tinha desaparecido.
Tomado pelo desespero, o desertor, e também payador
("trovador"), se une aos índios e se torna um fora-da-lei. O sargento
Cruz, que o persegue, acaba por se tornar seu grande amigo e, ambos partem em
busca de um lugar para viver em paz, na esperança de um dia poderem rever seus
entes queridos.
Gente humilde também lhe dava guarida e aconchego: de cada ataque,
“Talco” carneava algumas reses e as repartia entre os mais pobres. Daí as
dificuldades da polícia em prendê-lo. Ninguém nunca sabia nada do que havia
feito ou onde se encontrava.
O abigeato, furto de gado em alta escala, muitas vezes aliado ao
contrabando, fez parte da história do pampa. Na fronteira do Rio Grande do Sul
com Uruguai e Argentina, ainda há grandes faixas de terra e a divisa é
assinalada pelo rio e por marcos brancos que serpenteiam em meio a imensas
áreas verdes. Era e ainda é fácil estar ora de um lado, ora do outro.
Nesse cenário de liberdade, e muito em função dele, nasceram
heróis e bandidos. Alguns, misto dos dois, uma espécie de “Robin Hood dos
pampas”.
Foi o caso de Tarquino Cardoso, apelido de “Talco” ou “Tarco”.
Nascido em São Gabriel em novembro de 1916, construiu sua história e sua lenda
nas andanças entre Rosário e Uruguaiana.
O escritor e pesquisador de Santa Vitória do Palmar, o saudoso
Sejanes Dornelles, que era militar da reserva e tradicionalista de primeira
linha, escreveu um livro intitulado “Os últimos bandoleiros a cavalo”, em que
conta a história de “Talco Cardoso”, Artur Alberto de Melo, mais conhecido por
“Artur Arão” e Francisco Sanchez Filho, o famoso “Paco Sanchez”.
Sejanes Dornelles escreveu entre outros, os livros “Causos da
Querência” e “Gumercindo Saraiva: o guerrilheiro pampeano”. Eu o conheci
pessoalmente quando trabalhava na Companhia Jornalística Caldas Júnior,
Sucursal de Rio Grande, na época em que editava, além do “Correio do Povo”, os
jornais “Folha da Manhã” e “Folha da Tarde”.
Em uma das minhas idas a Santa Vitória do Palmar fui apresentado a
ele pelo também saudoso escritor e jornalista, Péricles Azambuja, autor de
obras importantes como “História das terras e mares do Chui” e “Tahim, a última
divisa”.
Devo a Sejanes Dornelles ter sido o jornalista que primeiro
divulgou a chamada “Tragédia do Hermenegildo”, que dominou as manchetes
jornalísticas de todo o mundo em abril de 1978. Na verdade, tudo começou na
noite de 31 de março, quando ocorreu uma grande mortandade de mariscos, que se
espalhavam por toda a praia.
Eu noticiei o fato em primeira mão, no “Correspondente Renner”, da
Rádio Guaíba, de Porto Alegre, às 9 horas da manhã. E em seguida partimos para
Santa Vitória do Palmar, eu, o saudoso fotógrafo Gerson Abranson e o motorista
Paulo Arrieche. Mas essa é outra história.
Voltemos então a “Talco Cardoso”. Quem viveu há alguns anos atrás
na região dos municípios de Rosário do Sul, Cacequi e São Gabriel, por certo
conheceu pessoalmente Tarquino Cardoso, ou ouviu falar das façanhas do “Talco”,
nome pelo qual ficou conhecido.
"Talco" Cardoso foi considerado durante muito tempo, o
homem mais valente da fronteira Oeste. Uma vez fez parar o trem Minuano no meio
do campo para pegar um cavalo. Foi morto pelas costas por Jorge Locatelli, seu
companheiro de roubo de gado, em 1955.
Constituiu-se em um personagem real que amedrontou muita gente, em
São Gabriel, lá por volta dos anos 40 ou 50. O autor do livro sobre sua vida,
Sejanes Dornelles, conta que até já visitou o túmulo de “Talco” no cemitério da
cidade. Era um homem valente, que deu muito trabalho a policia. Não desprezava
nenhum bochincho.
Contam que certa vez um subdelegado da região de Catuçaba chegou
em uma casa e disse que estava procurando o “Talco” Cardoso. Permaneceu por lá
o dia todo, na esperança de que ele aparecesse. A tardinha, já cansado de
esperar e suando muito, o policial pediu para tomar um banho.
Passados alguns minutos, a moça da casa bateu na porta do banheiro
e gentilmente disse: “Senhor, o “talco” está ai”. (ela se referia ao talco para
após o banho) E o subdelegado, já tremendo gritou: “Não diga que eu estou
aqui”.
Sério, de cara fechada, retaco e forte, como o descreveu Antônio
Augusto Fagundes, “Talco” viveu uma vida de “matreiro” até a noite de 26 de
julho de 1955. Só acrescentou aos arreios uma tesoura de cortar arame, para
facilitar os roubos.
Todos que o conheceram confirmam que “Talco” não era bandido,
perverso, capaz de matar para roubar. Há uma única morte comprovada cometida
por ele, e foi em legitima defesa, já que um carpinteiro bêbado atirou nele.
Tiroteios com milicianos, provocações, prisões e fugas
espetaculares passaram a fazer parte do seu dia-a-dia. Depois de uma briga no
mercado público e nas ruas de Uruguaiana, quando seu parceiro e compadre, Ênio
Flores matou um policial, “Talco” foi levado para a cadeia do Gasômetro, em
Porto Alegre. E ao sair, protagonizou um espetáculo que ninguém esqueceu:
Comprou passagem no luxuoso “trem Minuano”, e, ao chegar próximo a
parada “Inhatium”, para não descer em São Gabriel, temeroso de alguma cilada,
obrigou o chefe do trem a brecá-lo nos trilhos, sob a mira de um revólver e o
olhar espantado dos passageiros.
Ali o esperavam os comparsas, com um cavalo encilhado. Precisavam
de dinheiro.
O gabrielense Jonatas Palermo, disse que conheceu às história de
“Talco”. Na Década de 50, sempre comentavam sobre suas façanhas em São Gabriel
onde moravam. O pai de Jonatas serviu em Bagé com um irmão de Talco, o Osvaldo
Alves.
Certa vez, lá por 1952, uma pessoa esteve onde eles moravam,
querendo falar com seu pai, mas ele não estava em casa e ninguém ficou sabendo
do que se tratava. Mas a empregada da casa disse que se tratava de um bandido.
Passados muitos anos, Jonatas foi ligando os acontecimentos e descrições de
como “Talco” se vestia, sempre usando um lenço azul.
Jonatas lembra que ele usava um lenço de pescoço, parecia de seda
em xadrez azul e branco. Além de sua fisionomia semelhante ás fotos publicadas
depois.
Uma irmã de Osvaldo, que se chamava Leonilda Alves, pediu para o
pai de Jonatas licença para fazer um baile em uma casa desocupada que tinha na
chácara onde moravam. Na ocasião roubaram um revolver 45 que seu pai guardava
por lá. Sabe que houve uma investigação pelo Exercito, mas que deu em nada.
Em outra ocasião o grupo de “Talco” chegou a noite em um
acampamento na Divisa, onde estavam funcionários do antigo Setor de Estradas da
Prefeitura Municipal de São Gabriel.
O cozinheiro dos acampados era um sujeito chamado Manoel Benedito
da Silva, que todos chamavam de “Maneco”. Este, ao saber quem eram os
visitantes, se dirigiu rápido ao “Talco Cardoso” e pediu para entrar no bando.
“Eu quero me vingar de uns e outros”, disse.
Depois se soube de quem se tratavam: na maioria, bolicheiros que
não queriam vender cachaça fiado para ele.
Contam que “Talco” chegou a tentar uma vida séria. O historiador
Osório Santana Figueiredo tinha 10 anos menos que “Talco” quando o conheceu.
Moravam próximos. Sua família, segundo Osório, era muito distinta. “Talco” no
trato era um gentleman.
Os dois entregavam leite. Um dia assaltaram Osório e “Talco” foi
lá defendê-lo. E, quando no acerto de contas semanal, um bolicheiro tentou
enganá-lo. “Talco” retribuiu-lhe com uma surra de relho.
Refugiou-se na Fazenda do Espinilho, e aquerenciou-se. Casou com
Zoé, que o acompanhou toda a vida. Mudou-se para Rosário do Sul. Empregado de
uma indústria, era diligente, campeiraço, moço e disposto, conforme o
testemunho do escritor Sejane Dornelles.
Então ocorreu um incidente decisivo, o chefe “gringo” o suspendeu
por ter faltado ao serviço para cuidar do filho que estava doente. “Talco” não
aceitou e não lhe deu tempo de usar o revólver. Empurrou-o, com o cavalo junto,
até as baias, e deu-lhe uma surra inesquecível.
O fim de “Talco” começou quando ele e seu bando dividiram uma
grande quantia em dinheiro, fruto de um roubo de gado entregue a um estancieiro
no interior de Dom Pedrito.
O dinheiro foi repartido entre oito “matreiros”: Cr$ 9 mil para
cada um. Antes disso, Jorge Locatelli, lugar-tenente de “Talco”, havia recebido
Cr$ 80 mil. É que o líder, audacioso começava a incomodar os mandantes do
abigeato. Ditava ordens, fazia exigências.
Locatelli pediu para ir junto de “Talco” depois do acerto. Fazia
muito frio naquela noite de julho. Uma perdiz levantou voo da macega, e, com o
ruído, Locatelli frenou seu cavalo. Ficou um pouco atrás. Disparou seis vezes
nas costas de “Talco”.
Acertou três tiros. O “matreiro” caiu e, deitado nos arreios, morreu
aos poucos. Locatelli nunca o enfrentaria de frente.
A esposa de “Talco”, dona Zoé de Mello Cardoso, era viva até bem
pouco tempo, não sei se já faleceu. Residia na Rua Botafogo, no bairro Menino
Deus, em Porto Alegre.
O pesquisador Jorge Marcos Telles de Oliveira, que hoje mora em
Santa Maria, conta que não chegou a conhecer ”Talco”, visto que ele foi morto
25 dias antes dele nascer.
Mas, conheceu um irmão dele, o Osvaldo que era carreirista e
cuidava cavalos lá na antiga cancha de carreiras que tinha nos fundos do
afamado “Bolicho do Branco” (Darci Lopes), em Rosário do Sul, onde em novembro
de 1948 “Talco” e o castelhano Anselmo deram combate a um enorme contingente da
polícia.
Esse combate ganhou notoriedade em todo o Rio Grande do Sul na
época, pois foi noticiado pelos jornais da capital. Foi considerado no tempo
como uma versão gaúcha do famoso combate do “OK Corral”, em Tombstone nos
Estados Unidos.
Uma irmã de “Talco”, a dona Gení Alves Gasso, que morava em
Rosário do Sul e já falecida, deu ao pesquisador uma foto do bandoleiro, da
qual foram tiradas várias cópias e que se espalharam pela Internet.
E também os versos de cordel, que segundo se sabe são de autoria
de Raul Sotero de Souza, poeta gabrielense, intitulado “A morte de Talco
Cardoso”, que descrevo abaixo:
Amigo preste atenção/Desta história verdadeira/Da morte de um
gaúcho/filho desta fronteira/Gaúcho forte e disposto/Que a morte foi
traiçoeira.
Seu nome Talco Cardoso/Residente aqui no Sul/Mas já deixa de
existir/Com seu belo lenço azul/Agora onde ele mora/O marco é uma cruz.
Era um cabra gaúcho/Filho de São Gabriel/Daquela terra bendita/Mas
amarga como fel/Porque foi a criadora/Daquele nome cruel.
Cruel pelo seu destino/De ser triste o seu passado/Sempre
enfrentando perigo/Por tudo oque era lado/Por ser gaúcho valente/Que ele era
respeitado.
Gaúcho dos bens gaúchos/Que o rosto não demudava/Que a fama caia
longe/Por toda a parte rolava/Por mais valente que fosse/ a ninguém ele
respeitava.
Era um guerreiro tirano/Que confiava na sorte/O que pensava
fazia/Embora encarando a morte/E tinha fé no gatilho/Seu santo sempre foi
forte.
Era ele quem dizia/Com a força do pulmão/Pra matar homem
valente/Só mesmo de traição/Porque de frente acho forte/Sou tutu deste rincão.
Talco sem esperar/Que seu amigo era traiçoeiro/Convidou
amigavelmente/Para ir dar um passeio/Mas seu amigo ratão/O tal amigo ladrão.
E lá se ia Talco/Com Ratão acompanhado/De Sodré a São Félix/Onde
ele tinha marcado/Mas no meio do caminho/Talco ficou plasmado.
O Ratão era covarde/De Talco tinha respeito/Mas na verdade
pensou/Não é nada/Vou dar jeito/Vou atirar pelas costas/O meu plano está feito.
De frente não acho jeito/De enfrentar esse ladrão/Sei que se ele
souber/Vai me dar muito facão/Assim que a melhor maneira/É eu matar ele a
traição.
Talco seguia a trote/Ratão ficou atrasado/Quando Talco se deu
conta/Era tarde estava baleado/Caindo de seu cavalo/Com seu revolver empunhado.
Talco caindo do cavalo/Com pensamento nos filhos/Conheceu a
mocoteira/Foi o certeiro aquele tiro/Mas por ter perdido a força/Não pode puxar
o gatilho.
Ratão que era malvado/Seu gesto foi de bandido/Continuou sua
viagem/Deixando Talco caído/Ai que talco ficou vendo/Que Ratão era fingido.
E ali o pobre homem/Conhecendo que morria/Com dois buracos no
corpo/E o sangue que escorria/Lembrando logo no passado/Nos crimes que ele
fazia.
Quando acharam o seu corpo/Lá na beira de um banhado/Viram um
jorro de sangue/Onde tinha se arrastado/Mas nove mil cruzeiros/No seu bolso foi
achado.
E assim se terminou/Aquele homem valente/Não tinha medo de
nada/Seu sangue era uma corrente/Que foi morte de traição/E morreu
covardemente.
E aqui ao terminar/Este caso tão funéreo/Quem mandou eu
escrever/Foi um homem muito sério/Que hoje o corpo de Talco/Se encontra no
cemitério.
Assim o ponto final/Desta história derradeira/Onde no dia vinte/Lá
no meio da fronteira/Que abalou todo o Rio Grande/Essa morte traiçoeira.
Último verso eu dou/Daquele peito valente/Que tem certa sua
memória/Porque quem fala a verdade/Sempre conta com a vitória.
O militar aposentado, Luiz Caros Bergenthal , escreveu o livro “A
Brigada Militar em São Gabriel”, em que conta os combates que a instituição deu
a famosos bandoleiros, entre eles “Talco Cardoso”.
Conta que existiam em São Gabriel, os famosos bandoleiros, que aos
moldes de “Lampião”, passavam, no interior do município cometendo barbáries,
matando e cometendo o roubo de gado, abigeato.
Alguns fazendeiros por medo ou por algum detalhe davam guarida a
este bando de marginais, conhecidos na época pelo “Bando de Locatelli”, que em
uma divisão de dinheiro, produto de venda de uma tropa roubada, assassinou
pelas costas o “Talco Cardoso”.
Juntamente com “Carlinhos, Torrada” e o “Castelhano Anselmo”,
passaram anos a fio cometendo delitos. Usavam de muita astúcia, armas longas
como fuzil e metralhadoras, chegando nas casas onde só tinha mulheres,
estupravam. Cometiam as maiores atrocidades.
O tenente Oritz foi nomeado pelo comando da Brigada Militar o
encarregado do combate deste tipo de delito, sendo criada uma “Patrulha
Volante”, isto pelos meados do ano de 1956. Em várias diligencias por uma
colônia de arroz na Argentina, foi localizado e preso Jorge Locatelli.
Mas ao chegarem na Ponte da
divisa com o Brasil, o bandoleiro conseguiu fugir e nunca mais foi
localizado. Como este fato teve repercussão nacional, o tenente Oritz foi
entrevistado pela revista “O Cruzeiro”, que fez intensa matéria, inclusive fotografando
o oficial, dentro do cemitério local ao lado do túmulo de “Talco”.
Mas por um detalhe, deu processo na justiça e muitos comentários,
pois o militar colocara um pé em cima da calçada da sepultura de “Talco”, o que
foi condenado pelos familiares e por parte da comunidade, que considerou isso
um ato de desrespeito para com o falecido.
Nos anos 1950 a 1965, os municípios de Cacequi, Rosário do Sul e
São Gabriel eram considerados o “Triângulo do Abigeato”. Foi uma época em que
os próprios criadores de gado, ricos estancieiros, arrebanhavam quadrilhas de
marginais para roubarem o gado de outras fazendas, levando-o de um município
para outro e até para o Uruguai.
Entre os que se prestavam para esta atividade ilícita, estavam
“Talco Cardoso”, Jorge Locatelli, Ciro Dutra, “Castelhano” e outros.
Esses fazendeiros que eram chefes de quadrilhas às vezes se
desentendiam com seus propostos e, como não tinham condições de enfrentá-los,
contratavam outros bandoleiros para fazerem o “serviço”. Caso de “Talco” que
morreu pelas costas, vitimado por Jorge Locatelli.
A reportagem de “O Cruzeiro”, a mais importante revista daquela
época, relatou várias mortes no combate entre as quadrilhas de abigeatários, a
polícia e os capangas dos fazendeiros, que também eram obrigados a se defender
a bala.
Meu avô, Talco....
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