Heron de Lima Domingues é pouco lembrado em São Gabriel, sua
terra natal. O único vestígio existente sobre ele na cidade é uma pequena rua
de apenas pouco mais de 100 metros, localizada atrás do Estádio Sílvio de Faria
Corrêa. De resto, nada.
E Heron Domingues, que nasceu no dia 4 de junho de 1924 e
faleceu no Rio de Janeiro em 9 de agosto de 1974, não foi pouca coisa. Trata-se
do maior locutor de notícias da história do rádio brasileiro. Talvez o silêncio
reinante em sua terra natal se explique pelo fato dele não ter tido nenhum
contato com o rádio local.
O historiador Osório Santana Figueiredo certa vez escreveu
um elucidativo artigo sobre a vida de Heron Domingues, do qual este jornalista
retirou boa parte deste trabalho. Como, por exemplo, que seu pai era o tabelião
Gabriel Pedroso Domingues, chefe de cartório e sua mãe dona Gelsa Lima
Domingues, do lar.
Tinha mais quatro irmãos, Ceres, Vera, Eurydice e
Eudyceléia. Eles viviam em uma casa que ainda existe na rua General Mallet, 637
e com a mesma fachada. Em 1935 seu Osório conheceu toda a família.
Quando criança em São Gabriel, Heron inventou um Circo e ele
próprio representava todas as cenas. Certa vez, conta o historiador, ele afinou
uma pera com a faca até deixar tipo vela. Mas ninguém sabia.
Cravou um toco de pau de fósforo na ponta. Todos pensava que
era uma vela mesmo. Depois das suas comparações pôs fogo no pau de fósforo e
comeu a vela.
INTELIGÊNCIA PRECOCE
O senhor Sady Barbosa, seu contemporâneo, também de saudosa
memória, contou a Osório que Domingues como guri era singular. Dotado de uma
inteligência precoce, desde menino mostrava vocação para ser radialista.
Quando havia futebol numa cancha que existia na Praça Doutor
Camilo Mércio, antiga “Praça da Cadeia”, ele pegava uma caneca de lata e
irradiava toda a partida com perfeição que causava admiração a todos.
Em 14 de junho de 1939, quanto tinha 15 anos, Heron perdeu
sua mãe, que foi vítima da tuberculose. Entristecido com o golpe seu pai
resolveu mudar-se para Porto Alegre, onde Heron completou o curso ginasial no
Colégio Rosário, tendo como colega, entre outros, o veterano jornalista Flávio Alcaraz
Gomes.
Quis o destino que Heron iniciasse a carreira de radialista
longe de São Gabriel. Aos 16 anos participou de um concurso para cantor na
Rádio Gaúcha, de Porto Alegre. Era um domingo do mês de dezembro de 1941, dia
escolhido pelos japoneses para bombardear “Pearl Harbour”, no Havaí.
Como para tudo é preciso ter sorte, não havia nenhum locutor
na emissora naquele momento e coube a Heron, que nem funcionário era, lançado
às pressas aos microfones para dar a notícia em primeira mão.
Não participou do concurso, mas saiu da rádio empregado.
Depois foi para ás Rádios Difusora e Farroupilha, onde apresentou o “Grande
Jornal Falado Farroupilha”, ao lado de Ruy Figueira.
Em 1944, mudou-se para o Rio de Janeiro, para trabalhar na
Rádio Nacional, como apresentador do “Repórter Esso”, o mais importante
noticiário radiofônico da época, que estava no ar desde 28 de agosto de 1941.
Heron Domingues apresentou o “Repórter Esso” por 18 anos.
Foi o primeiro noticiário de radio jornalismo do Brasil que
não se limitava a ler as notícias recortadas dos jornais, pois as matérias eram
enviadas por uma agência internacional de notícias sob o controle dos Estados
Unidos.
Nos primórdios do rádio era comum o recorte de notícias dos
jornais, para serem lidos nos noticiários. A sabedoria popular apelidou essa
prática de “Gillette Press”. Algumas emissoras custaram a abolir isso e criar
seus próprios Departamentos de Notícias.
Em uma das emissoras que trabalhei, o dono contratou um
funcionário só para fazer isso. E contavam-se muitas histórias de foras
monumentais ocorridos em razão disso. Não conto por razões óbvias.
O PATROCÍNIO DA ESSO
O “Repórter Esso” era patrocinado pela Esso Brasileira de
Petróleo e já existia em cidades como Nova York (EUA), Buenos Aires
(Argentina), Santiago (Chile), Lima (Peru) e Havana (Cuba) – fruto da “Política
de Boa Vizinhança” dos Estados Unidos com os países da América Latina, seus
aliados na guerra.
O programa era produzido no escritório de uma agência
estrangeira de Publicidade e Propaganda, sediada no Rio de Janeiro, a partir de
informações distribuídas pela agência internacional de notícias United Press
International (UPI).
Minutos antes do programa entrar no ar um estafeta cruzava a
Avenida Rio Branco até a Praça Mauá e entregava o noticiário, no 22º andar do
edifício “A Noite”, na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro.
Os locutores que fizeram maior sucesso no noticioso foram:
Munir Mieli Kalil, Gontijo Teodoro, Luiz Jatobá e Heron Domingues.
Munir Mieli Kalil foi o primeiro Repórter Esso no Brasil e
em São Paulo, na época, o noticiário mais famoso da TV Tupi. Nasceu em 2 de
dezembro de 1930 e faleceu em 13 de abril de 1970, num acidente na Marginal
Pinheiros em São Paulo.
Luiz Jatobá foi dono de uma das mais belas vozes da locução
e narração no rádio, cinema e televisão, durante 45 anos. Depois de trabalhar
nos Estados Unidos voltou ao Brasil, tornando-se o apresentador do primeiro
noticiário da TV brasileira, o “Repórter Esso”, na TV Tupi, do Rio de Janeiro.
Faleceu em 1982 em Nova York, aos 67 anos.
Gontijo Teodoro ficou famoso por comandar o popular
"Repórter Esso", programa que marcou época na televisão brasileira. A
célebre frase "Amigos ouvintes, aqui fala seu Repórter Esso, testemunha
ocular da história", sempre era acompanhada por uma das vinhetas musicais
mais conhecidas na história da TV brasileira.
O apresentador comandou o programa entre 1953 a 1970, na
extinta TV Tupi. Gontijo morreu aos 78 anos de idade, vítima de enfarto, no Rio
de Janeiro.
O “Repórter Esso” também lançou no Brasil o primeiro guia
impresso para orientar radialistas na preparação do noticiário. O “Manual de
Produção” destacava três regras básicas cumpridas com rigor pelo programa:
O “Repórter Esso” é um programa informativo. O “Repórter
Esso” não comenta notícias. O “Repórter Esso” sempre fornece as fontes da
notícia.
Determinava que seria de 5 minutos a duração no ar de cada
edição normal do “Repórter Esso”. Vinte segundos a abertura e encerramento,
quatro minutos notícias locais, nacionais e internacionais. Quarenta segundos
mensagem comercial.
A abertura seria padronizada: “Prezado ouvinte, bom dia (boa
tarde ou boa noite). Aqui fala o Repórter Esso, um serviço público da Esso
Brasileira de Petróleo e dos revendedores Esso com as últimas notícias UPI”.
Encerramento: “O Repórter Esso voltará ao ar logo mais (ou
amanhã) às (...) horas. Até lá, muito bom dia (boa tarde ou boa noite) e...
lembre-se: dá gosto parar num posto Esso”.
E também aconselhava que cada edição do informativo contasse
com 40% de notícias locais, 40% de notícias nacionais e 20% de notícias internacionais.
O conceito de “furo” subordinava-se à verdade do acontecimento; precisava dar a
notícia certa, se possível, em primeira mão.
Heron Domingues fundou em 1948, na Rádio Nacional, uma seção
de jornais falados e reportagens com a finalidade de dar uma linguagem própria
ao Radiojornalismo.
Até esta época, e pouco antes da chegada do manual de
redação, o Repórter Esso era apresentado com os telegramas lidos da forma que
chegavam diretamente da agência UPI. Heron Domingues descobriu a medida de
tempo de leitura de uma notícia, que correspondia a 15 linhas por minuto.
A CREDIBILIDADE DE HERON DOMINGUES
Boa parte da grande credibilidade do “Repórter Esso” junto
aos ouvintes na época da guerra foi resultado da locução de Heron Domingues,
escolhido entre centenas de candidatos para dar voz ao noticioso. Milhares de
ouvintes se acostumaram e aprenderam a confiar no estilo de locução de Heron,
que passou a ser imitado em todo o País.
Ele mesmo relatou que trabalhou no “Repórter Esso” de 1944 a
1962, sem um dia de folga. Levantava ás 6h45min e voltava para casa à 1h30min
da madrugada. Nos períodos críticos, dormia na rádio, que tinha uma cama na
redação.
Durante a guerra, dormia na Rádio Nacional com um fone no
ouvido, diretamente ligado a UPI. Sempre que havia uma notícia importante, ele
era despertado e colocava a emissora no ar e Transmitia a notícia.
Para o fim da guerra, a emissora preparou uma programação
especial do “Repórter Esso”, em que a notícia seria dada fundida com o repicar
de sinos. Com medo de se emocionar muito diante do microfone, gravou o início
da transmissão: “Atenção! Atenção! Acabou a guerra”.
Acampado no estúdio da Rádio Nacional, Heron Domingues,
aguardava sôfrego pelo telegrama que confirmaria o fim da Segunda Guerra
Mundial, em 1945. Deveria fazer jus ao apelido a ele atribuído, “o primeiro a
dar as últimas” e não arredaria pé da rádio até que anunciasse as boas novas.
Após passar Natal, Ano-Novo e Páscoa em alerta, os colegas
insistiam para que ele fosse descansar em casa. Aceitou o conselho a
contragosto e, para sua decepção, foi em casa que o radialista soube do fim do
armistício, pela emissora concorrente, a Tupi, na voz do repórter Carlos Frias.
Este, além de locutor era apresentador, repórter e produtor,
tendo exercido a profissão de 1943 até 1967. Nasceu em 1917, no Rio de Janeiro
e morrei em 21 de dezembro de 1977, também no Rio de Janeiro, aos 60 anos de
idade.
Ele foi apresentador do programa "Boa Noite para
Você", em 1946. Doi namorado da cantora e atriz Dircinha Batista
(1943-1965). Aposentado, também atuou na política. Sofreu um grave acidente
automobilístico, em 1946, quase perdendo parte da língua, que foi preservada
pela insistência do produtor de rádio e médico Paulo Roberto, que proibiu a
amputação do órgão.
Depois de ter perdido a chance de noticiar primeiro o fim da
guerra, indignado, Heron Domingues ligou para a UPI e responderam que “devia
ter sido a Associated Press passando adiante dos fatos”.
Chamando uma edição extraordinária, Domingues anunciou que o
“Repórter Esso” estava atento à espera da confirmação do fim do conflito, e que
a UPI ainda não tinha notícias acerca do acontecimento e que os fatos
divulgados ainda eram prematuros.
A Rádio Nacional teve de ser protegida pela polícia porque
agitadores acusavam o “Repórter Esso” de derrotista e fascista e ameaçavam
apedrejar a emissora. No entanto, a guerra realmente terminara, como anunciou
Carlos Frias, na Rádio Tupi.
Para consolo, sua credibilidade ressoou: “Se o Repórter Esso
ainda não deu, não deve ser verdade”, comentava-se pelo país. Só depois que
empostou sua inconfundível voz ao microfone é que a notícia ganhou veracidade.
E foi ao ar às 11 horas da manhã do dia 7 de maio de 1945.
NOTÍCIAS DE MAIOR IMPACTO
Segundo Heron, às cinco notícias que lhe causaram maior
emoção foram:
O lançamento do primeiro satélite artificial em órbita
terrestre. O fim da II Guerra. A conquista pelo Brasil da Copa do Mundo de
1958. O lançamento da bomba atômica em Hiroshima e o suicídio do presidente
Vargas que, segundo suas palavras, o levou às lágrimas.
Depois da Segunda Guerra Mundial, o Repórter Esso noticiou
grandes fatos, como a Guerra da Coréia (1950) e a Revolução Cubana (1959). No
dia 5 de agosto de 1955, a notícia da morte da cantora Carmem Miranda parou o
Brasil. Heron Domingues foi o primeiro a noticiar o fato, em edição
extraordinária do “Repórter Esso”.
Mas não informava, por exemplo, notícias da Europa, da Ásia
e da África se não houvesse interesses norte-americanos envolvidos. O programa
terminou suas transmissões em 31 de dezembro de 1968 com Heron Domingues
narrando a abertura, e Roberto Figueiredo despedindo-se dos ouvintes bastante
emocionado.
Depois que o “Repórter Esso” saiu do ar, Heron trabalhou
como comentarista internacional dos jornais “A Imprensa” e “A Noite”, redator
da United Press e locutor dos jornais cinematográficos da Atlântida.
Possuía uma leitura cadenciada e com pausas, além de uma
ótima memória fotográfica. Caracterizava-se por interpretar as notícias,
transmitindo emoção e dramaticidade.
Independentemente de pequenos percalços, Heron Domingues
fazia valer, em cada notícia, uma espécie de norma pessoal. Narrava o fato como
se estivesse em uma trincheira. E deixou lições para as gerações de
profissionais que vieram depois. Estagiou durante três anos nas grandes redes
de TV americanas.
Na televisão, trabalhou na extinta TV Rio, onde apresentou o
“Telejornal Pirelli”, ao lado de Léo Batista. A partir de 1972, se tornou
comentarista do “Jornal Nacional”, da Rede Globo.
Quando foi trabalhar na televisão, teve de fazer um regime para perder 20 quilos. E ainda mudou o guarda-roupa e o corte do cabelo, tudo para aprimorar o visual.
Era um profissional cuidadoso, tinha o costume de ligar para
as embaixadas a fim de confirmar a pronúncia de nomes estrangeiros e retificava
os textos entregues pelos redatores para que ele os apresentasse.
UM BOÊMIO INVETERADO
Sua voz era um primor. Heron acreditava ser uma dádiva de
Deus, e por isso nunca cuidou de preservá-la. Boêmio inveterado, bebia e fumava
sem o menor controle. Depois do expediente, era comum ir para a casa de amigos
para notívagos bate-papos.
Quando as visitas partiam, virava-se para a esposa, a
jornalista Jacyra Domingues, e dizia: “Já faz muito tempo que estou em casa,
vamos sair para dançar.”
Uma equipe médica estudou a voz de Domingues por dez anos e
nenhuma alteração foi observada, um fenômeno. “Bebo e fumo em excesso”, disse
ele. “Pois continue bebendo e fumando”, teriam lhe aconselhado os médicos.
Um professor de Direito da “Faculdade Cândido Mendes” chamou
Heron Domingues, na frente dos alunos, de “gênio da califasia” – a arte de bem
pronunciar as palavras.
Desde 1972, estava na TV Globo, eufórico para anunciar com
exclusividade a renúncia do ex-presidente americano Richard Nixon, sem imaginar
que seria seu último noticiário. Poucas horas depois, amigos acreditam que
Domingues foi vencido pela emoção e por isso morreu dormindo, vítima de um
ataque cardíaco, em 9 de agosto de 1974.
Causa da Morte: Heron Domingues morreu dormindo, aos 50 anos
de idade em sua residência no Rio de Janeiro, devido à ocorrência de infarto. O
corpo foi sepultado no dia 10, no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro.
O jornalista Telmo Ferrari, seu contemporâneo e amigo dizia
que Heron foi um dos mais completos repórteres de rádio e televisão de todos os
tempos. Lembra que era um apaixonado pela carreira que amou e dignificou.
O famoso radialista Saint Clair Lopes, na Rádio JB, dizia
que "quando o Repórter Esso entrava no ar, podia-se acertar o relógio. A
pontualidade era britânica".
E era verdade. Sua pontualidade era tal, que para ser
colocada no ar a fanfarra composta pelo maestro Carioca, característica musical
do noticiário, os relógios precisavam ser antes acertados.
Saint–Clair nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1906 e
faleceu na mesma cidade, em 6 de março de 1980, aos 73 anos. Ele foi locutor,
ator, apresentador, redator, diretor e professor. Atuou em rádio e em cinema. Seu nome completo
era Saint-Clair da Cunha Lopes.
Formou-se em Direito, mas foi professor na Faculdade de
Filosofia da Universidade do Brasil e da PUC, onde lecionou rádio e jornalismo.
Em 1937, iniciou sua carreira em rádio como locutor, através
de um concurso promovido pelo famoso homem de rádio da época, Renato Murce.
Depois Saint-Clair foi para a Rádio Nacional, onde
permaneceu por 34 anos, e onde fez de tudo: foi locutor, animador,
apresentador, produtor e diretor. Fez parte do elenco da primeira novela da
emissora, em 1951, “O Direito de Nascer”, no papel de Dom Rafael. Fez parte
também do programa: “O Sombra”, que ficou no ar por seis anos.
O publicitário Chico Socorro escreveu no site “Caros
Ouvintes”, que Villas-Boas Corrêa, o mais antigo analista político em atividade
no país, fez em 2003 um interessante relato sobre a notícia da morte de Getúlio
Vargas dada por Heron Domingues e que vale a pena transcrever:
“Na época eu trabalhava no jornal “O Dia”, que ficava na rua
Marechal Floriano, e no “Diário de Notícias”, na rua da Constituição,
transversal da Praça Tiradentes”. O desfecho, ao que tudo indicava, estava
próximo: Getúlio ia tirar uma licença, que se transformaria em renúncia. Era
uma fórmula menos polêmica.
Como o jornal era matutino, a edição estava pronta e tinha
todo mundo ido para casa. Eu fui o último porque tinha que fazer a matéria de
“O Dia”, que era vespertino. Estava morto de cansado após uma noite em claro;
lavei o rosto e fui me arrastando para a Praça Tiradentes.
A notícia do suicídio explodiu quando eu estava na altura da
Uruguaiana. Numa loja de rádios, ouvia-se alto a voz de Heron Domingues lendo a
carta-testamento. Bem na minha frente estava uma senhora negra, baixota, gorda,
com duas sacolas na mão.
Ela parou e parecia inchar. De repente, berrou com
violência: “Canalhas, ladrões, mataram nosso amigo, mataram o velhinho”. Ela
fez um comício desesperado.
Heron Domingues, aos 50 anos, veio a falecer, vítima de um
ataque cardíaco fulminante, na noite de 9 de agosto de 1974 em que dava
destaque ao dramático discurso de renúncia do presidente Nixon através do
“Jornal Nacional” na TV Globo.
Pela repercussão de seu trabalho, Heron não encontrou rivais
em 30 anos de rádio. Tinha o dom de personalizar a notícia.
Tem toda a razão o historiador Osório Santana Figueiredo ao
dizer que existe apenas uma rua sem expressão, para lembrar que ele nasceu em
São Gabriel.
E completa: “Acredito que o primeiro dever de um povo é
honrar a imagem daqueles que contribuíram, expressivamente, para o seu
engrandecimento. Esquecer os seus valores morais é promover a falência cultural
das gerações futuras”.
Essa declaração do nosso querido historiador me faz lembrar
que a última menção pública ao nome de Heron Domingues, em São Gabriel, deve
ter sido feita há muitos anos atrás, quando o decano dos radialistas locais,
embora filho de Pelotas, o incomparável Dagoberto Focaccia ainda narrava futebol
e dizia: “A nossa S.E.R. São Gabriel vai atacar na goleira de fundo, a goleira
Heron Domingues...”
Heron Domingues empresta seu nome a um colégio estadual
na cidade de Marechal Cândido Rondon, Paraná, e também ao Grêmio Estudantil do
mesmo educandário. É nome de praça em Porto Alegre e de rua em Ribeirão Preto
(SP), Rio de Janeiro, Novo Hamburgo (RS), Londrina (PR), São Paulo, Guarulhos
(SP), São Bernardo do Campo (SP), Ourinhos (SP), Santo André (SP) e Araruama
(RJ),
(Publicado no jornal "O Fato", de São Gabriel-RS, edição de 25 de novembro de 2016. Pesquisa: Nilo Dias)
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