O seu Lima, como é carinhosamente chamado, expele simpatia por todos os poros. Quando vou a São Gabriel, sempre sobra um tempinho para ir visitá-lo, tomar o café da manhã bem cedinho, ler as páginas esportivas de Zero Hora e mais tarde voltar para a cerveja amiga.
Por lá costumam ir muitos amigos, entre eles o próprio Bereci, o João Alfredo Bento Pereira, Flávio Lucca, Flávio Socca e antigamente o tenente Dutra, velho companheiro de pescarias, que há muitos anos não vejo.
Mas vamos ao que interessa, o bonito artigo do amigo Bereci, intitulado Gelmo Flores de Lima.
Natural de São Vicente do Sul, nascido no dia 10 de
janeiro de 1935, o referido cidadão chegou para ficar na nossa querida São
Gabriel no ano de 1970, há portanto, 47 anos.
Estabeleceu-se como comerciante, e, ao longo dos anos,
foi logo conquistando uma clientela fiel pelo seu modo de tratar, mas
principalmente pela disciplina, respeito e camaradagem reinantes em seus
estabelecimentos, o que impera até os dias atuais.
Acompanho o “Seu Lima” desde os tempos da Rodoviária
Velha à Rua Celestino Cavalheiro; na Praça Fernando Abbott; no Cine Vitória; na
esquina da Rua Coronel Soares com a Rua Tristão Pinto; na própria Rua Tristão,
na frente da Agência do IPERGS e hoje na Rua Mascarenhas de Moraes.
Todos têm a sua preferência, mas para mim nenhum dos
locais onde o Gelmo se estabeleceu com seu comércio teve maior destaque do que
o Bar à Rua Tristão Pinto, na frente do Ipê, talvez por ter sido o de maior
frequência e se não me falha a memória, o mais duradouro.
De quando em vez era auxiliado nas tarefas mercantis pela
sua mulher, dona Dora Paulina Del Duca que ele buscou em Bagé e de cuja união
nasceu a Ana Antonieta e a Maria Luiza.
O Gercy, o Hero, ou Ero, o Pérsio, o Aladi (y) e o Gersio,
todos irmãos que também se estabeleceram nesta cidade e muito contribuíram com
o seu desenvolvimento. Inicialmente foram tratados carinhosamente de Irmãos
Lima.
Foi no Bar do Lima à Rua Tristão Pinto que o João Alfredo
Reverbel Bento Pereira debutou na vida de bar (e parece que gostou), pois até
então ele desconhecia esse tipo de convivência, pelo menos aqui. Não sei se ele
lembra, mas eu lembro perfeitamente.
Freqüentei muitos bares, mas acredito que o Bar do Lima
marcou mais.
Aprendi ao longo da vida que as pessoas devem se impor e
jamais impor, independente da atividade que exerçam e no Bar do Lima, que eu
lembre, apesar da diversidade dos frequentadores, nunca houve alaúza,
enfrentamentos e anarquia devido à imposição moral exercida pelo Gelmo. Todos o
respeitam.
O Gelmo comprova minha teoria de que não é com bordoadas
que se educa, mas sim com energia sustentada no respeito e no carinho.
De quando em vez ainda tomo o café da manhã no Bar do
Lima, pois é o Gelmo quem faz o pastel (não é terceirizado). Em um dia desses
estou tomando meu café e chegam dois cidadãos de Porto Alegre (dito por eles),
um muito falante e o outro mais reservado.
O falante disse: Quero tomar um
café, como o desse cavalheiro, acompanhado de um pastel. O Gelmo prontamente serviu.
Ao levar o dorso da mão no pastel o cidadão perguntou: Não dá para esquentá-lo?
Ao que o Gelmo respondeu: Não.
O homem retrucou: Mas está frio. O sério e
impassível Gelmo, com os braços cruzados saiu com essa pérola: Eu recém o tirei
da geladeira. Diante de tamanha delicadeza o cidadão tomou o café, comeu o frio
pastel e certamente foi comentar o ocorrido em Porto Alegre onde ele costuma
tomar café e comer pastel quentíssimo.
Esse é o nosso querido Gelmo, proprietário do Bar do
Lima, e já nosso conterrâneo, pois adquiriu esse direito pelos anos que nos
brinda com seu estilo extraordinário e próprio, sem mostrar os dentes,
aparentemente de durão, mas que tem uma alma na qual abriga carinhosamente cada
um e todos os frequentadores do Bar do Lima.
Caro Gelmo, muito obrigado pela tolerância que sempre
tiveste comigo e que continues feliz junto com todos os que te são caros.
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