A principal praça de São Gabriel leva o nome de “Doutor Fernando
Abbott”, que foi um misto de médico e político. Governou o Estado do Rio Grande
do Sul por duas vezes e criou a Brigada Militar, instituição que é um
verdadeiro orgulho para o Rio Grande do Sul.
O historiador Osório Santana Figueiredo, foi de uma felicidade
imensa ao escrever em um de seus magníficos livros, que o doutor Fernando
Abbott foi “um homem do tamanho de uma coletividade”.
Filho do médico baiano Jonathas Abbott Filho e de Zeferina
Fernandes Abbott, o doutor Fernando Fernandes Abbott nasceu em São Gabriel, no
dia 12 de agosto de 1857, em uma casa situada na esquina das ruas Barão do
Cambaí e Jonathas Abbott, construída em 1857 e que hoje abriga o Instituto São
Gabriel.
Seu pai, Jonathas Abbott Filho, médico e militar nasceu em
Salvador (BA) em 1825 e faleceu em São Gabriel, em 1887. Ingressando no corpo
de saúde do Exército foi transferido ao Rio Grande do Sul durante a guerra
contra Oribe e Rosas. Terminada a guerra radicou-se em São Gabriel, onde passou
a dirigir o hospital do Regimento de Artilharia.
Em 1852 foi promovido a tenente e em 1861, já estabilizado,
reformou-se e passou a trabalhar como médico particular. Embora afastado do
Exército, participou do cerco de Uruguaiana durante a Guerra do Paraguai, tendo
por isso sendo nomeado major honorário.
Em 29 de junho de 1873, juntamente com outros maçons, Jonathas
Abbott Filho fundou a loja maçônica Rocha Negra em São Gabriel, aquela que
viria fundar a Grande Loja do Estado do Rio Grande do Sul, em 8 de janeiro de
1928.
O avô de Fernando Abbott era Jonathas Richard Abbott, que se
naturalizou brasileiro em 31 de outubro de 1821, passando a ser apenas Jonathas
Abbott.
Nasceu no dia 6 de agosto de 1796, em uma humilde família
anglicana, em Londres, Inglaterra, e, ainda adolescente, em 1812, quando o
Grande Exército de Napoleão avançava pela Europa Central em direção à Rússia,
veio para o Brasil como servidor do doutor José Álvares do Amaral, lente de
Cirurgia do Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia.
Começou na Escola de Cirurgia da Bahia, a primeira do Brasil, como
servente. Formou-se na terceira turma, em 1820, e chegou a vice-reitor, sendo
titular da cadeira de Anatomia.
Foi sócio de diferentes sociedades científicas e recebeu grande
número de títulos honoríficos. Além de diferentes trabalhos sobre anatomia, em
português, Abbott publicou uma tradução do “Tartufo”, de Molière, assim como
outras composições literárias.
Fundou e presidiu em 1856 a Sociedade de Belas Artes, primeira
associação de artes do Brasil. Sua coleção particular de mais de 400 obras,
entre pintores brasileiros e estrangeiros, sendo muitas delas oriundas da
Europa, originou o Museu de Arte da Bahia.
Foi agraciado com a Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila
Viçosa, de Portugal e com a Imperial Ordem da Rosa, do Brasil. Foi ainda
comendador da Imperial Ordem de Cristo.
O DIÁRIO DE JONATHAS ABBOTT
Em 1 de setembro de 2007 o jornal “Folha de São Paulo” publicou um
texto critico a respeito do livro “O Diário de Jonathas Abbott", de
autoria de Fernando Abbott Galvão, diplomata, educador, político e escritor e
trineto de Jonathas. A publicação diz o seguinte:
Em 1812, um rapaz inglês de 16 anos chamado Jonathas Abbott viajou
para a Bahia, onde viveria por 56 anos. Veio como espécie de pajem de um médico
português (depois lente do Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia) e se tornou um
dos personagens mais importantes da medicina, ciência e cultura do século 19
naquela parte do país.
Aos 34 anos, em 1830, Jonathas Abbott cruzou de volta o Atlântico
para uma temporada de estudos de pós-graduação em medicina na Europa. No
período que passou lá, manteve um diário, que agora vem à luz para o grande
público pela primeira vez.
Trata-se de um dos mais interessantes lançamentos do ano da
indústria editorial brasileira. Enriquecido por prefácio erudito e instigante
do embaixador Rubens Ricupero e por notas de rodapé e anexos detalhistas e
esclarecedores -fruto de trabalho minucioso e demorado de pesquisa histórica e
documental- do embaixador Fernando Abbott Galvão. "O Diário de Jonathas
Abbott" é um documento curiosíssimo.
Abbott, embora cidadão inglês era muito mais brasileiro quando foi
para a Europa aperfeiçoar-se como médico e seu relato nos oferece a rara
perspectiva de um conterrâneo que observa a Europa com olhar tropical. Ele se
incomoda com o frio do Velho Mundo, tem saudades da sua "cara Bahia",
odeia Paris: "Eu te esconjuro, coisa ruim!". Só deseja voltar depressa:
"Quero asas, quem me empresta? ... Ninguém."
Não havia glamour nenhum nas viagens interoceânicas de então, nem
nas carruagens que trafegavam por estradas empoeiradas e esburacadas da França
ou da Itália de então, e Abbott no seu diário, escrito provavelmente apenas
para si próprio e talvez alguns poucos íntimos, não tinha motivo nenhum para
dourar pílulas.
A medicina já havia obtido avanços significativos, mas as
práticas, especialmente as cirúrgicas, eram muito brutais para os hábitos de
hoje em dia e a descrição crua é outro atrativo desse livro.
Abbott descreve confrontos políticos que ocorriam e se impressiona
com a violência de manifestantes: "Esta gente não me agrada. No Brasil,
temos rusgas, mas não são bárbaras e ferozes como as dos franceses. Passa
fora!"
O doutor Fernando Abbott era irmão de Cecilia Ophelia Abbott,
nascida em 26 de abril de 1853, em São Vicente do Sul (RS), falecida em 3 de
Outubro de 1931, em São Gabriel.
Foi casada com João Pereira da Silva Borges Fortes Filho e mãe de
Jonathas Borges Fortes, João Borges Fortes, Otávio Borges Fortes, Francisca
Abbott Borges Fortes e Maria Zeferina Borges Fortes.
Também eram irmãos de Fernando Abbott, Jonathas Abbott Neto, João
Frederico Abbott, Olímpia Sarah Abbot, Raul Abbott e Ruben Abbott.
O DOUTOR JOÃO ABBOTT
Em 1905, após adquirir grande área de terras dos supostos
herdeiros do Barão de Antonina, o doutor João Frederico Abbott, conhecido como
doutor João Abbott, mudou-se de São Gabriel com a família para o Mato Grosso,
em 1906.
A permanência dele em Dourados durou pouco mais de 10 anos e a sua
atividade médica foi comprovada por relatos de pioneiros e registros de óbitos
nos cartórios de Ponta Porã e Dourados.
Junto com João Abbott foram para o Mato Grosso irmão e sobrinhos.
Raul Abbott, seu irmão, foi engenheiro chefe do distrito sul dos telégrafos,
residindo em Ponta Porã e Aquidauana.
O coronel Ruben Abbott, outro de seus irmãos foi tabelião em Ponta
Porã. Ruben Abbott Filho, sobrinho de João Abbott, casou-se com Zilda Rocha,
irmã de Antônio Alves Rocha, um dos primeiros farmacêuticos de Dourados.
O doutor João Abbott nasceu em São Gabriel no dia 6 de fevereiro
de 1856. Formou-se em medicina no Rio de Janeiro e exerceu a profissão em sua
cidade natal e em Porto Alegre.
Na capital gaúcha, dividiu consultório com o doutor Ramiro
Barcelos, o “Amaro Juvenal”, senador que também ficou conhecido pelas sátiras
da política.
Na publicação dos candidatos do partido Republicado levada a
efeito em 24 de janeiro de 1909 constava o nome de João Abbott com menção ao
fato de residir no Mato Grosso. Exerceu seu mandato de 3 de maio seguinte a 31
de dezembro de 1911.
De Dourados, transferiu residência para Aquidauana e mantinha
ainda residência no Rio de Janeiro, onde veio a falecer em 20 de março de 1925.
A notícia da morte de João Abbott foi matéria de capa dos jornais “O Paiz”, do
Rio de Janeiro, e “A Federação”, de Porto Alegre, enaltecendo a figura do
médico, importante político Republicano.
Mesmo afastado do Rio Grande do Sul, continuou adepto dos
princípios do partido e das causas Riograndenses. João Abbott foi casado com
Luísa Barreto Flores, conhecida como Lisette. Teve os filhos Ophelia Abbott,
Heloísa, João Abbott Filho e Luiz.
Envolveu-se com a política por pouco tempo, voltando ao exercício
da medicina. Sempre apoiou as campanhas de seu irmão, Fernando Abbott.
PRIMEIROS ESTUDOS
Fernando Abbott fez o curso primário em São Gabriel e o ginásio em
Porto Alegre. Ainda menino foi mandado para a Bahia, a fim de fazer a
preparatória para o curso de Medicina.
Matriculado na Faculdade do Rio de Janeiro formou-se doutor, em
1880. Começou a carreira médica no Ceará, contratado pelo governo imperial
para, entre outros médicos de todas as regiões do país, socorrer o povo
nordestino que se debatia com o terrível flagelo da seca e as epidemias que lá
grassavam de modo alarmante.
Terminada sua missão, com êxito, voltando ao Rio Grande do Sul,
estabeleceu-se o doutor Fernando Abbott, temporariamente, em Porto Alegre, para
depois desenvolver sua carreira médica na terra natal, São Gabriel.
Nessa ocasião filiou-se ao Partido Liberal e foi nomeado diretor
geral da instrução pública do Estado a cujo serviço, deu notável impulso.
Quando foi lançada em todo o país a propaganda republicana, o doutor Fernando,
juntamente com Júlio de Castilhos, Barros Cassal, Demétrio Ribeiro, Ernesto
Alves, Assis Brasil e tantos outros, lançou-se denodadamente à campanha que
visava derrubar um dos maiores impérios do mundo e lançar a semente da
república brasileira.
Proclamada a República e já residindo em São Gabriel, foi eleito
deputado à Constituinte do governo provisório. Tomou posse em 15 de novembro de
1890 e foi um dos signatários da Constituição de 24 de fevereiro de 1891.
Pouco tempo depois foi nomeado governador provisório do Estado, de
16 de março a 15 de julho de 1891, em cujo cargo promulgou a Constituição de 14
de julho.
O general Cândido José da Costa fora exonerado, a pedido, da
presidência do Estado e do Comando das Armas do Rio Grande do Sul. E como o
primeiro vice-governador, não aceitou o cargo, coube a Fernando Abbott, segundo
vice-governador a tarefa de governar o Estado.
Terminou seu mandato justamente quando lavrava a sanguinolenta
revolução de 93, em cuja campanha tomou parte ao lado das forças legais. O
governo desse gabrielense foi muito controvertido e agitado, dando causa aos
mais acres comentários de seus adversários políticos, apesar de sua curta
duração.
Nesse período da Revolução foi Fernando Abbott nomeado ministro do
Brasil junto ao governo argentino, fixando sua residência em Buenos Aires, por
longo tempo.
De volta dessa elevada comissão, fixou-se definitivamente em São
Gabriel, cuidando de sua numerosa clientela, pois era reconhecido em todo o
Estado como médico de nomeada e até cognominado “o rei do diagnóstico”, pelas
suas previsões clinicas.
Conta-se que indo Fernando Abbott aperfeiçoar-se em Paris, em
determinado método de cura, ao término do curso, indo satisfazer o pagamento ao
médico-chefe, este não aceitou o preço combinado, respondendo que não podia
aceitar tal quantia, porque bem notara que não ensinara nada ao nosso patrício,
porque esse já sabia tudo o que lá fora aprender.
Em 15 de julho de 1891, Júlio de Castilhos foi eleito o primeiro
presidente constitucional do Estado do Rio Grande do Sul, na vigência da República.
Em seguida a posse de Júlio de Castilhos, o doutor Aureliano
Barbosa, requereu fosse lavrado em ata, um voto de louvor ao doutor Fernando
Abbott, pela forma como se houve na gestão dos negócios públicos.
Mas Júlio de Castilhos foi deposto em novembro do mesmo ano em
decorrência do golpe de 3 de Novembro.
Isso fez com que Júlio de Castilhos fizesse aberta e ativa
campanha pelo seu retorno ao governo, tentando derrubar o governador general
Barreto Leite.
A PRISÃO POR SUBVERSÃO DA ORDEM
Como não houve sucesso na empreitada, inúmeros partidários de
Castilhos foram presos no interior do Estado, entre eles, em São Gabriel, o
coronel José Gabriel da Silva Lima e o doutor Fernando Abbott, ambos acusados
de subverterem a ordem e de unirem tropas para combater a situação.
O doutor Fernando Abbott foi conduzido para Porto Alegre, ficando
detido, primeiramente, no quartel da polícia e posteriormente ficou preso sob
palavra, instalando-se em casa de sua sogra, na própria capital.
O tempo dessas prisões não excedeu a uma semana, sendo os presos
políticos tratados com consideração, não havendo excessos.
Entretanto, a 17 de junho de 1892, em nova investida, Júlio de
Castilhos retornou ao poder, depondo o Visconde de Pelotas, que na ocasião
dirigia o Estado. Todavia, este, antes de abandonar o governo, o transmitiu ao
general João Nunes da Silva Tavares, comandante das forças federalistas em
Bagé.
Por sua vez, Júlio de Castilhos, no mesmo dia da retomada do
poder, nomeou para o cargo, de acordo com a Constituição de 14 de julho, o
doutor Vitorino Monteiro e retirou-se do governo.
Em São Gabriel, com a reviravolta havida, os adeptos de Júlio de
Castilhos, em rápida ação tomaram a cidade a 18 de junho, reintegrando no cargo
o intendente Francisco Gonçalves das Chagas.
José Serafim de Castilhos, o “Juca Tigre” que exercia as funções,
retirou-se para Bagé, onde o general Silva Tavares resolvia sua posição nos
acontecimentos, inclusive estudando a possibilidade de formar um governo de
oposição.
Nesse meio tempo, ainda em São Gabriel, o doutor Abbott
diligenciava em formar uma força para apoiar Júlio de Castilho, caso o general
Silva Tavares, entrasse em ação. Contava com forças regulares do Exército e até
artilharia.
Graças, porém, à ação pacificadora do doutor Gaspar Silveira
Martins, que enviou um memorável telegrama ao general Tavares, não se verificou
o confronto.
Tavares dissolveu sua gente, entregando o armamento, ou parte
dele, ao coronel Artur Oscar, representante do marechal Floriano Peixoto,
vice-presidente da República. A luta fora adiada.
Além da força organizada por Fernando Abbott, contava, ainda, a
facção de Júlio de Castilhos, com as aguerridas forças do comando do general
Rodrigues Portugal formadas também em São Gabriel.
Em 25 de janeiro de 1893, Júlio de Castilhos disputou nova
eleição, sem concorrentes, obtendo 26.377 votos, e voltou a ocupar o antigo
posto.
GOVERNANTE PELA SEGUNDA VEZ
Tendo de assumir sua cadeira de senador da República, o doutor
Vitorino Monteiro passou as funções de presidente do Estado ao então secretário
do Interior, doutor Fernando Abbott.
Em 27 de setembro de 1892 Fernando Abbott voltou, interinamente,
ao governo do Estado. No seu segundo período como governador foi um dos maiores
combatentes à proposta de um tratado de livre comércio com o Uruguai,
argumentando que afetaria a economia gaúcha, principalmente a pecuária.
Ainda no seu governo, a força militar estadual foi reorganizada,
tornando-se a Brigada Militar, como é conhecida até hoje.
Em 25 de janeiro de 1893 Abbott transmitiu o governo a Castilhos
e, diante da deflagração da Revolução Federalista no mês seguinte, combateu-a
ao lado das forças legalistas, embora por tempo limitado.
Os excessos gerados pela entranhada paixão política foram
aumentando em extensão, a ponto de se constituírem no pivô da cruenta revolução
que ensanguentou o Rio Grande do Sul.
Em São Gabriel, foram mortos nesse período 12 pessoas, entre as
quais o jornalista Júlio Mamede.
Decorridos apenas 10 dias de sua posse, as forças federalistas,
concentradas na fronteira com o Uruguai, invadiram o Rio Grande do Sul, sob o
comando geral do general João Nunes da Silva Tavares. Assim teve início a
cruenta revolução de 93.
Segundo o historiador Arthur Ferreira Filho, a “Revolução
Federalista” foi um dos raros casos de guerra civil que não obedeceu a qualquer
motivo de natureza econômica. Os motivos de sua eclosão foram exclusivamente
políticos.
O doutor Fernando Abbott esteve presente no “Combate do Cerro do
Ouro”, ocorrido em 27 de agosto de 1893, no interior do município de São
Gabriel.
Reeleito deputado federal, iniciou novo mandato em maio de 1894.
Em 31 de outubro seguinte, assumiu o posto de enviado extraordinário e ministro
plenipotenciário na Argentina, com a incumbência de acompanhar as ações dos
revolucionários federalistas
gaúchos naquele país. Tratou também de uma questão de limites,
vitoriosa em 1895.
Restabelecida a paz em agosto desse ano, permaneceu na missão
brasileira em Buenos Aires até 1897. Em 1906 rompeu com Borges de Medeiros,
presidente do Estado desde 1898, que, ignorando a indicação do Partido
Republicano Democrático Rio-Grandense (PRDR), tencionava candidatar-se à
segunda reeleição consecutiva.
LIDERANÇA POLÍTICA
Positivista e abolicionista, Fernando Abbott fundou em São Gabriel
o Clube Republicano e depois, em 1908 fundou, com seu amigo Joaquim Francisco
de Assis Brasil, o Partido Republicano Democrático Rio-grandense, pelo qual
competiu, como candidato da oposição, à sucessão do governador Borges de
Medeiros.
Perdeu a eleição para o candidato da situação, o também médico
Carlos Barbosa Gonçalves. Derrotado, mesmo assim conseguiu a expressiva soma de
16 mil votos.
Foi também jornalista, tendo dirigido em São Gabriel vários
jornais republicanos, como “O Precursor”, “Zig-Zag” (1885) e “Pátria Nova”.
Escritor elegante, jornalista de combate e disseminador de ideias, ele escrevia
artigos brilhantes, doutrinários e convincentes.
Retornou então a São Gabriel, onde se dedicou à agricultura. Foi
ele que introduziu no município o plantio do arroz. Em sua terra natal clinicou
por mais de 40 anos, atendendo enfermos de todas as categorias sociais, pobres,
ricos e miseráveis.
Casou-se com Matilde Barreto Pereira, filha de José Inocêncio
Pereira e Matilde Barreto Pereira Pinto. Matilde nasceu em 25 de dezembro de
1834 em Jaguari (Uruguai) e foi batizada em 10 de janeiro de 1835 em Bagé (RS).
Em 1914, quando o doutor Fernando Abbott se encontrava em pleno
gozo de suas vitalidades físicas, recebeu o reconhecimento de seu povo, que deu
o seu nome à praça principal da cidade.
A MORTE DO DOUTOR FERNANDO ABBOT
Faleceu em São Gabriel ao meio-dia de 13 de agosto de 1924, depois
de lutar contra incurável doença, cercado da admiração de todo o Rio Grande do
Sul, inclusive de seus mais acirrados adversários políticos.
Fernando Abbott morreu assistido pelo seu colega Alcides Menna
Barreto Prates da Silva, tendo como “causa-mortis”, insuficiência cárdio renal.
Seu enterro foi o mais concorrido da época e, a seu pedido, todo o
numerário que seria gasto em coroas e flores foi doado à Santa Casa de
Misericórdia.
No seu mausoléu, no cemitério local, existe a seguinte inscrição:
“Ao saudoso e humanitário médico doutor Fernando Abbott, homenagem de seus
amigos e admiradores”.
O jornal local “A Reação”, em sua edição de 14 de agosto de 1924
noticiou o acontecimento, escrevendo a certa altura:
“A terra generosa que o viu nascer, recebê-lo-á, hoje, em seu seio
misterioso, para o descanso eterno dos que dormem o sono dos que foram sábios e
justos”.
A 27 de janeiro de 1932, foi inaugurado no cemitério local um
monumento fúnebre, onde repousam os restos mortais do médico humanitário e
político destacado.
Além da Praça de São Gabriel, Fernando Abbot é nome de escola em
São Gabriel e de ruas em Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, Canoas,
Mariana Pimentel, Estrela, Cacequi, Guaporé, Bagé, Tupanciretã e Venâncio
Aires, entre outras cidades.
Em outubro de 2014, em comemoração ao “Dia do Médico”, foi
realizada no Museu Nossa Senhora do Rosário Bonfim, a Exposição “Os Abbott e a
Medicina de São Gabriel através dos séculos XIX, XX e XXI”.
A exposição foi idealizada pela Associação Médica de São Gabriel,
Associação Amigos do Museu Nossa Senhora do Rosário Bom Fim e Santa Casa de
Caridade, com apoio da Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Turismo,
Cultura, Desporto de Lazer.
A população conheceu um pouco da história da família na medicina
local, através de fotos e documentos pessoais, culminando com o médico Fernando
Abbott Filho, já falecido. (Pesquisa:falecido. (Pesquisa: Nilo
Dias)
Excelente rememorar os feitos dos nossos bisavôs na política e na medicina!
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