Sou até hoje seu fã de carteirinha e não entendo como a cidade ainda não o colocou na Câmara Municipal. Com certeza seria um excelente vereador, pois além da sua honestidade inquestionável, tem lucidez e inteligência suficientes para realizar um grande trabalho em beneficio da sociedade local.
Mas essa é outra história. Hoje, me limito a publicar um artigo escrito por ele e publicado no jornal "Correio Gabrielense", em que lembra a figura extraordinária do grande amigo que foi o Ervandil Machado e de sua esposa dona Lucinda, ainda entre nós.
Homenagem merecida, sem a menor dúvida, que nos remete a uma viagem ao passado, nos tempos dos imorredouros churrascos na Mercearia do Tamica, encontro de amigos nos sábados a tarde..
Tributo à Educação
Bereci da Rocha Macedo
Lucinda de Souza Machado e Ervandil Vieira Machado
Nestes tempos modernos em que o avanço da tecnologia e da
Ciência é inegável, mas que a extraordinária decadência moral do ser humano é
também inquestionável, reafirmo minhas convicções de que tudo isso acontece
pela ação do homem, independente de sua posição socioeconômica.
Quando na modernidade existe corrente de pensamento que
transfere a responsabilidade da Educação ao Estado, através das escolas, venho
por meio deste espaço, mais uma vez, reafirmar que a Educação é obrigação na
família e a escolaridade do Estado.
O exemplo do que afirmo é o casal Lucinda-Ervandil
Machado, união que concebeu, criou e encaminhou nada menos do que oito filhos.
Nossa família foi uma das primeiras a morar na Vila
Mariana, parece que hoje bairro, e foi
lá que conheci o senhor Ervandil, que a maioria conheceu como Machadinho, mas
foi no Bairro Menino Jesus que aprofundamos nossa convivência e onde aprendi a
admirar e respeitar o casal.
Ele funcionário da Prefeitura Municipal, responsável pelos
cuidados à Praça Independência e outros serviços que lhe eram atribuídos pela
sua chefia, ela somente dona de casa encarregada da criação e educação dos
filhos e demais afazeres domésticos.
Outros tantos moradores do Bairro Menino Jesus são testemunhas incontestes do que afirmo e da
vida exemplar desse cidadão como funcionário, como amigo, como pai e como chefe
de família, sempre ao lado de sua mulher Lucinda, quem sabe tão ou mais merecedora
dos elogios dedicados ao nosso Machadinho.
E em uma vida de
tantos sacrifícios, mas de coragem, de abnegação e de uma moral inquebrantável
o casal Lucinda-Ervandil (Machadinho) transferiu a todos os filhos uma educação
primorosa que a todos enaltece perante a sociedade da qual fazem parte.
Sou um homem diferente, mas protegido de Deus, pois as
pessoas de mais idade sempre gostaram de mim e talvez isso justifique o carinho
que o Machado me dispensava, porque, dito por ele, o senhor João, seu pai,
apostava que eu seria um grande homem pelo fato de ir descalço para o colégio e
em dia de chuva usar um saco de estopa como capa.
O pai do Machadinho muitas vezes me preparava o cavalo
para desfilar no 20 de setembro. Talvez venha dai nossa identificação.
O Machadinho era um homem simples, mas determinado, e era
o único a me chamar de Macedo. Certo dia os amigos descobriram que estava de
aniversário e dei-lhe a melhor camisa que tinha na loja.
Ele desenrolou e disse: “Muito obrigado Macedo, mas não
uso camisa de mangas curtas." Foi quando descobrimos que ele não usava camisas
de mangas curtas e quando usava chinelos não abotoava os punhos da bombacha.
Educado e solicito sempre teve o respeito do Nilo Dias, do
Carlos Alberto Moreira, do Sérgio Brasil, do Tadeu Nagipe, do Lázaro Gomes e de
todos quantos participavam de nossos churrascos no Bairro Menino Jesus, quase
sempre na Mercearia do Tamica.
E se o Machado e a Lucinda conseguiram, sem roubar, sustentar
e educar seus oito filhos e formá-los como verdadeiros cidadãos, muitos outros simplesmente
não o fazem porque não querem.
E neste momento em que lembro dos nossos, quero estender
este reconhecimento a tantos outros pais que na mesma situação do casal
Lucinda-Ervandil são os heróis anônimos que constroem as coisas boas que essa
estupida sociedade de consumo tenta a todo custo destruir. Mas não conseguirá.
Tenho a dizer ao Claudiomiro, ao Valdomiro, à Maria
Claudina, à Elizete, à Elizeine, ao Valdemir, à Ângela Maria e ao João
Alexandre (em memória) que não esqueçam em nenhum momento que se vocês são
ricos, extremamente ricos, é porque seus pais lhes deram vida, alma, educação e
respeito.
Preservar os ensinamentos recebidos é eternizar vida de
quem os transmitiu.
Ao Ervandil Vieira Machado, nossa saudade, a dona Lucinda
de Souza Machado, nosso respeito pela mãe zelosa que é e pela lição de vida.
Obrigado.
Boa tarde Nilo. Não nos conhecemos pessoalmente. Mora em Santa Catarina a 20 anos, mas sou natural de São Gabriel, filho de Renato Antonio de Ávila Rodrigues (conhecido como Renatinho da Caixa Estadual) e Conceição Viedo Rodrigues (conhecida como Vera). Ambos infelizmente falecidos. Meu pai considerava o "tio Bera", como ele chamava o Bereci, como uma pessoa elogiável na postura e conduta dos seus atos. Realmente merece ser reconhecido pela nossa terra. Grande abraço e continue nos brindando por matérias desta terra tão amável.
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