O conhecido empresário Luiz Eduardo Assis Brasil, o popular “Secco”
é um amigo de muitos anos, que prezo muito. Não só pela colaboração espontânea
que sempre prestou ao futebol profissional da cidade, ao tempo em que eu
presidia a S.E.R. São Gabriel, e também quando um grupo de desportistas
levantou o Grêmio Esportivo Gabrielense. E por muitos outros motivos,
destacando o fato de ambos torcermos pelo glorioso Esporte Clube Internacional.
Eu sempre tive uma grande admiração pela Família Assis Brasil.
Sabidamente gente de recursos, mas que sempre tratou a todos com imenso respeito
e igualdade, não dando a mínima importância para eventual riqueza material.
Sempre priorizaram a riqueza espiritual, os valores humanos e por isso
angariaram a admiração de toda a população gabrielense.
Eu sei bem disso, pois quando morava em São Gabriel e distribuía o
jornal “Tribuna do Povo”, semanalmente ia até a “Chácara Juca Tigre”, pois
tinha por lá assinantes variados. E muitas vezes fui convidado para saborear um
delicioso café da manhã na casa da dona Lina.
Era uma pessoa extremamente bondosa, que deixou saudade naqueles que a conheceram. O mesmo se pode dizer da dona Vera, amiga que sempre me autorizava a pescar junto com o tenente Dutra e o Flávio Lucca, em sua propriedade rural.
Era uma pessoa extremamente bondosa, que deixou saudade naqueles que a conheceram. O mesmo se pode dizer da dona Vera, amiga que sempre me autorizava a pescar junto com o tenente Dutra e o Flávio Lucca, em sua propriedade rural.
E o que dizer do Carlos Dácio? Uma das pessoas mais admiráveis que
conheci. Amigo leal e também torcedor do Internacional. A última vez que estive
com ele foi quando do lançamento de meu livro “100 anos de futebol em São
Gabriel”.
Na ocasião, ele adquiriu dois exemplares, um para ele e outro para enviar ao seu amigo de muitos anos, o grande craque colorado do passado e treinador de sucesso, Cláudio Duarte. Antes, eu participara de um majestoso jantar na residência do “Secco”, quando lá estava o Carlos Dácio, que me brindou com uma cachaça com butiá, que mais parecia um néctar dos Deuses.
Na ocasião, ele adquiriu dois exemplares, um para ele e outro para enviar ao seu amigo de muitos anos, o grande craque colorado do passado e treinador de sucesso, Cláudio Duarte. Antes, eu participara de um majestoso jantar na residência do “Secco”, quando lá estava o Carlos Dácio, que me brindou com uma cachaça com butiá, que mais parecia um néctar dos Deuses.
E lembro que lá também estava outro grande amigo, que também já
nos deixou, o querido Luiz Porciúncula, o “Popô”, que foi o dono da noite ao
contar histórias verídicas e engraçadas. Pena que pessoas tão amigas tivessem
que partir tão cedo para o outro plano espiritual. Mas fica como consolo a
lembrança dos bons momentos vividos juntos. Carlos Dácio e “Popô” certamente
continuam bem vivos nas recordações de seus amigos, que foram muitos.
Pois bem, depois dessa introdução, digo que a matéria a seguir,
falando sobre Cláudio Duarte foi feita para contar alguma coisa sobre a amizade
de muitos anos que une os Assis Brasil ao ex-craque do Internacional, de Porto
Alegre. Essa é uma homenagem que faço ao “Secco”, amigo que admiro muito e também
em memória de Carlos Dácio.
Devo esclarecer que a ideia não foi minha, sim da Ana Rita. Quem
pensa que ela não “mete o bedelho” no jornal está muito enganado. Ela sabe
tudo, dá palpites a torto e a direito, está sempre atenta e busca a perfeição a
qualquer custo. Claro que isso é difícil de conquistar, mas ela consegue o
milagre da aproximação.
Eu não tenho a honra de desfrutar da amizade com o Cláudio, mas me
confesso um admirador do grande atleta que foi e sei também, do cidadão probo
que é. Embora Cláudio não seja gabrielense de nascimento, foco principal desse
meu trabalho para o jornal “O Fato”, contar sua história encontra validade na
amizade que tem com Luiz Eduardo Assis Brasil.
O Secco não estava sabendo dessa matéria sobre a amizade dele com
o Claudião. Está tomando conhecimento dela somente agora, quando o jornal chega
em sua casa, pois é assinante do “O Fato”, o que nos honra muito. Não quis
perguntar a ele como essa amizade começou, pois se fizesse isso estragaria a
surpresa. E como não sou amigo do Cláudio no Facebook, também não o procurei,
até porque corria o risco dele contar ao Secco.
Mas a essa altura do campeonato isso se tornou uma coisa
irrelevante. O que importa mesmo é que essa amizade continua até hoje e cada
vez mais forte. Com certeza tudo começou pelo fato de todos serem torcedores do
Internacional.
UMA CARREIRA VITORIOSA
Cláudio Roberto Pires Duarte, seu nome completo, é natural de São
Jerônimo (RS), onde nasceu em 9 de maio de 1951. Jogava como lateral-direito, e
fez parte da grande equipe do Internacional, de Porto Alegre, na década de 70,
por quem foi campeão gaúcho por seis vezes e bicampeão brasileiro.
Também foi vitorioso treinador e por algum tempo comentarista esportivo da RBS TV, da TV2 Guaíba e da Rádio Guaíba. E ainda fez aparições esporádicas na Band RS e Rádio Grenal. E foi o primeiro presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul.
Também foi vitorioso treinador e por algum tempo comentarista esportivo da RBS TV, da TV2 Guaíba e da Rádio Guaíba. E ainda fez aparições esporádicas na Band RS e Rádio Grenal. E foi o primeiro presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais do Rio Grande do Sul.
O início da carreira de Cláudio foi nas divisões de base do
Internacional, onde chegou em meados de 1968, com apenas 16 anos de idade. Com
1m84 de altura, dono de boa técnica e muita dedicação dentro de campo, logo se
destacou e foi guindado ao time profissional, pelas mãos do técnico Daltro
Menezes. O primeiro título alcançou nos Juniores do “Colorado”, o “Gauchão” da
categoria, jogando como meio campista.
O titular da posição era Édson Madureira. Mas não demorou para que
Cláudio assumisse seu lugar no time. Na época, o grupo montado por Daltro
iniciou um período de domínio no futebol gaúcho, ganhando de forma consecutiva
os estaduais de 1969 até 1976. A imprensa da época considerava Cláudio um
“cintura dura”, devido a sua lentidão. Mas com muito trabalho e dedicação
superou o período de criticas, tornando-se um dos mais respeitados laterais
direitos de toda a história do clube.
Quando Dino Sani chegou para treinar o Internacional, Cláudio
ganhou representatividade e confiança. Depois, com Rubens Minelli foi efetivado
como titular durante a campanha vencedora no estadual de 1974. Com o
bicampeonato brasileiro de 1975/1976, seu nome foi cotado para o mundial da
Argentina em 1978. Porém, problemas de repetidas lesões o impossibilitaram de
chegar ao onze “Canarinho”, na época treinado por Cláudio Coutinho, meu
conterrâneo de Dom Pedrito.
Como jogador atuou só no Internacional. Como treinador dirigiu as
equipes do Internacional, Santa Cruz, de Recife, Bahia, Colorado, do Paraná,
Pinheiros, do Paraná, Guarani, de Campinas, São Bento (SP), Juventus (SP),
Avaí, Corinthians Paulista, Grêmio, Criciúma, Fluminense, do Rio de Janeiro,
Paraná Clube, Coritiba, Juventude, de Caxias do Sul, Gama, do Distrito Federal,
Ceará e Brasil, de Pelotas, alguns desses, por mais de uma vez.
Cláudio Duarte foi o lateral-direito da equipe que ganhou o
bicampeonato brasileiro. Em 1985, sofreu uma lesão e Valdir Nascimento, que era
seu reserva, assumiu a titularidade e não deixou mais a equipe na reta final do
Brasileirão. Valdir faleceu no dia 10 de junho deste ano, aos 67 anos, vítima
de infarto.
Daquele time também já nos deixaram Vacaria e Caçapava. Em 1986, o time que derrotou o Corinthians no jogo final era este: Manga – Cláudio – Figueroa - Marinho Peres e Vacaria. Caçapava - Falcão e Batista. Valdomiro - Dario e Lula. Técnico: Rubens Minelli.
Daquele time também já nos deixaram Vacaria e Caçapava. Em 1986, o time que derrotou o Corinthians no jogo final era este: Manga – Cláudio – Figueroa - Marinho Peres e Vacaria. Caçapava - Falcão e Batista. Valdomiro - Dario e Lula. Técnico: Rubens Minelli.
Uma série de lesões no joelho, iniciadas durante o “Brasileirão”
de 1986, e quando se encontrava no auge da forma física e técnica constituíram
o início de seu final de carreira. Ao término do ano de 1977, após duas
cirurgias no joelho, o departamento médico do Internacional anunciou que ele
dificilmente teria possibilidade de prosseguir no futebol. Em março de 1978,
Claudio ainda tentava voltar aos gramados, trabalhando firme. E paralelamente,
ocupava o posto de auxiliar do técnico Carlos Gainete.
A CARREIRA DE TREINADOR
Com a demissão do treinador, Cláudio assumiu interinamente a
direção do plantel, enquanto a Diretoria buscava um novo nome. E deu certo,
permanecendo no cargo. E não era de brincadeira, prova disso que foi logo
avisando aos seus comandados: “Não vamos ganhar nada de ninguém com uma equipe
de “bonecas”. Por isso, vou logo avisando, quem não chegar junto e deixar de
cumprir minhas determinações vai sair do time, seja quem for e tenha o nome que
tiver”.
Com apenas 26 anos ficou quatro meses no cargo, sendo o treinador
mais jovem na história do clube. Foi campeão gaúcho em 1978. E no ano seguinte,
quando o Internacional se sagrou tricampeão brasileiro invicto, ele era o
supervisor técnico de Ênio Andrade.
Títulos conquistados: Como jogador. Pelo Internacional: Campeão
Gaúcho (1971, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1976); Campeão Brasileiro (1975 e 1976);
Como treinador. Internacional: Campeão Gaúcho (1978, 1981, 1991 e 1994);
Grêmio: Campeão Gaúcho (1989) e Copa do Brasil (1989) e Gama: Campeão
Brasilense (2001).
No início de 2009 ele foi convidado para treinar o Brasil, de Pelotas,
no Campeonato Gaúcho, em substituição a Armando Dessessards que, à época, se
recuperava do acidente de ônibus que provocou a morte de três pessoas da
delegação do time pelotense, em uma estrada do Rio Grande do Sul, na altura de
Canguçu. Cláudio, num ato de grandeza e solidariedade, nada cobrou pelo seu
trabalho.
Mas voltando a falar da amizade de Cláudio com os Assis Brasil,
recentemente ele ganhou do “Secco” alguns “pomelos” uruguaios, uma fruta
cítrica também chamada de laranja-natal. Com ela se faz um doce maravilhoso.
Sei disso, pois quando eu morava em São Gabriel tinha uma senhora perto da minha casa, que guardava um pé dessa fruta no seu quintal. E seguidamente me presenteava com alguns frutos, com os quais eu fazia doces deliciosos.
Sei disso, pois quando eu morava em São Gabriel tinha uma senhora perto da minha casa, que guardava um pé dessa fruta no seu quintal. E seguidamente me presenteava com alguns frutos, com os quais eu fazia doces deliciosos.
O Cláudio, pelo que sei é um excelente cozinheiro, enveredando por
receitas salgadas e doces. E já teve a oportunidade de mostrar seus dotes
culinários, quando de visitas a Chácara Juca Tigre ou a Estância Tejupá. E
recentemente nos surpreendeu, ao mostrar no programa da Rádio Gaúcha, de Porto
Alegre, “Confraria do Pedro Ernesto”, que é também um bom cantor, dono de
bonita voz.
Muitas vezes o Cláudio manda para o Secco, algumas receitas que
parecem inacreditáveis de serem feitas. É o caso do “Frango na latinha da
cerveja”, que Secco sugeriu que enviasse “para um hospício ou penitenciária,
que os loucos e os presos iriam mata-lo“. E o Cláudio não se limita a
recomendar somente receitas. Envereda por outros caminhos, como mandando a
planta de uma mesa rotativa para varanda, sugerindo que o amigo comum, Bojo
Bérgamo tentasse construí-la.
E Secco arrisca dizer que até Deus duvida que o Bojo seja capaz de
fazer uma igualzinha, tal a sua complexidade. Receitas e invenções a parte, o
que importa é que essa amizade é sincera e verdadeira. Mas ainda tenho vontade
de saber como tudo isso começou. Tenham certeza, um dia vou saber. (Texto e
pesquisa: Nilo Dias - Publicdo no jornal "O Fato", de São Gabriel-RS, na edição de 8 de novembro de 2017)
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