quarta-feira, 21 de março de 2018

Uma casa com muita história

A Vila Eulália, residência do amigo Ricardo Bragança e de sua esposa Neca, é sem a menor sombra de dúvidas uma das casas mais bonitas de São Gabriel. Tem 114 anos de existência. Ao todo tem 720 metros quadrados.

Isso me fez procurar o Ricardo, e em uma longa conversa no Facebook, soube de todos os detalhes que envolvem a casa e agora divido essa história com os leitores da minha página “viva saogabriel.blogspot.com”.

A casa foi construída pela bisavó de Ricardo, dona Eulália Bicca de Azambuja, que era filha do velho Ricardo Bicca, um dos doadores de terras para a construção de São Gabriel.  Dai o nome “Vila Eulália”.

Mas nem tudo foi um mar de rosas. Em 1929, dona Eulália acabou perdendo a casa que estava hipotecada junto ao Banco Pelotense, em razão de dívidas contraídas na época do “crack” da Bolsa de Nova York, em 1929.

O gerente chegou a colocar a casa a dispor do doutor Francisco Leivas, seu genro e um médico humanitário na cidade. Posteriormente o doutor Leivas teve um neto, de nome Zeninho. que se suicidou no Tiaraju.

A partir dai a “Vila” teve vários ocupantes. E até foi sede do antigo Esporte Clube Cruzeiro. O gerente do Banco Pelotense na época era o senhor Zeno de Castro.

A casa tem história. Não é que o gerente do Banco Pelotense se envolveu em um crime que teve enorme repercussão na cidade, na época em que ocorreu? Foi Zeno que matou o seu então sócio, em uma charqueada da cidade, Sebastião Menna Barreto.

Um tio de Ricardo, o senhor Galaôr Bragança assistiu o crime, que aconteceu na Estação Ferroviária de São Gabriel. A causa da tragédia foi desconfiança, de que Zeno estaria passando o sócio para trás.

Quando Sebastião desceu do trem e avistou Zeno, foi logo dizendo: "Estou sendo roubado na charqueada", e foi fuzilado. Claro que nada disso aconteceu na casa, mas vale como registro, em razão do assassino ter sido o gerente que fez valer a hipoteca.

A casa só foi recuperada em 1957, longos 32 anos depois de dona Eulália a ter perdido, e isso só foi possível graças a ação de seu genro Lulu Bragança, avô de Ricardo, falecido em 1974. Ele era casado com Maria, filha de Eulália e avó de Ricardo. Coincidência é que Ricardo nasceu nesse mesmo ano.

Ricardo Bragança é o morador com mais “tempo de casa”. Mora na Vila Eulália por 60 anos. E diz que nem por sonho pretende sair de lá. Uma curiosidade: a Vila voltou a fazer parte, também da família Bicca, depois de Ricardo casar com Neca, que tem o sangue da construtora da Vila, dona Eulália.

Apenas como complemento da matéria. Ricardo Bragança é engenheiro civil  e empresário rural. Já foi responsável pela construção de dois “palácios”, que foram as prefeituras da Santa Margarida do Sul e Vila Nova. Além de ter caminhado pelos rumos da política, tendo sido vereador, secretário municipal e candidato e prefeito de São Gabriel. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)





Um comentário:

  1. Quando trabalhei na reforma do presidio de São Gabriel, caminhava muito pelas ruas da cidade, em atividade fisica, todos os dias. Passava por essa bela construção e ficava imahinando muitas histórias
    Obrigado ao blog pelas informações e um abraco aos amigos que ai deixei: Jorge, Getulio, Mario e todos os agentes penitenciarios da classe de 1996/1998.

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