Nos anos 65 a 67 quando casei, vivia em Porto Alegre e a
convite do Dr. Ivar Beckmann, (que hoje tem nome de rua em Bagé) um sueco
cientista que conheci por acidente na Rua da Praia, apresentou-me no Hotel
Magestic o poeta Mário Quintana e com ele privei alguns momentos hilariantes,
pois era um sarcástico de primeira.
Olhar vivaz, voz mansa, gostava de satirizar palavras. Lá
pelo Magestic aportei algumas vezes a procura do amigo Quintana e falamos certa
vez, de Rui Barbosa, cujo ele contava boas piadas:
Disse-me o poeta:“Certa vez um cidadão no intuito de
agradar Rui quando este passava pela calçada, logo na chegada de Haia onde se
notabilizou mundialmente, lhe disse: "Insigne passante” e Rui olhando-o
respondeu: "Insigne ficante”!
Minha vida tem sido pródiga em pessoas assim. Já meu avô
a quem conheci até os seis anos, Dr. Camilo Mércio, médico e político do Partido
Libertador, maragato, gostava de jornal e de escrever por óbvio, embora fosse
um cirurgião, contratou em 1935 o Barão de Itararé, na época apenas Aparício
Torelli, para dirigir um jornal em São Gabriel. E todos sabem das boas e menos
boas do Barão, que nunca foi Barão, e se intitulava o 1º. Barão da República.
Agora São Gabriel, que também é conhecida por “Atenas
Rio-grandense”, por ter em sua história, um acadêmico das letras como Alcides
Maya, contemporâneo e indicado por Machado de Assis, surgem novos letrados e
inspirados escritores e poetas na vida da cidade.
Esses artistas das letras, como Quintana, Aparício e
agora outros tão bem postados na comunidade, como Osório Santana (falecido)
Clair Alves, José Antônio Macedo e João Alfredo Reverbel Bento Pereira e um sem
numero de outros, o fazem, por mero sentimento de contar o que viram e sentiram
de modo totalmente, às vezes diverso, do que as pessoas veem.
As coisas acontecem e na sensibilidade deles, artistas
das letras, os fatos parecem divertidos. Um simples olhar ou gesto e mesmo uma
palavra perdida, fazem toda a diferença. E São Gabriel é um reduto de artistas
a maioria anônima.
Mas quem conhece a cidade, sabe que lá existe uma alma
que perambula, inspirando seus moradores às mais diversas emoções.
Lembram do Rubem Helwing? Do Osvaldo Nobre? Dagoberto
Foccácia e do Edilberto Teixeira? Dagô, embora pelotense entrou nesse sentimento
da terrinha e seus juris eram brilhantes e hilariantes.
Na rádio fez sucesso com seu espírito divertido. No
futebol como radialista foi homérico. E quem conhece o Cacaio (Carlos) Bicca
Benavides, sabe que ali reside uma cultura exótica da alma da cidade.
É uma vida agradável ser assim. A comunicação é
necessária, seja de que jeito for. Nos livros do João Alfredo se vê isso
nitidamente incorporado na cultura na cidade. (Fonte: Blog “Confraria dos Amigos
de São Gabriel”)
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