sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A alma da cidade

Por Mario F. Mércio

Nos anos 65 a 67 quando casei, vivia em Porto Alegre e a convite do Dr. Ivar Beckmann, (que hoje tem nome de rua em Bagé) um sueco cientista que conheci por acidente na Rua da Praia, apresentou-me no Hotel Magestic o poeta Mário Quintana e com ele privei alguns momentos hilariantes, pois era um sarcástico de primeira.

Olhar vivaz, voz mansa, gostava de satirizar palavras. Lá pelo Magestic aportei algumas vezes a procura do amigo Quintana e falamos certa vez, de Rui Barbosa, cujo ele contava boas piadas:

Disse-me o poeta:“Certa vez um cidadão no intuito de agradar Rui quando este passava pela calçada, logo na chegada de Haia onde se notabilizou mundialmente, lhe disse: "Insigne passante” e Rui olhando-o respondeu: "Insigne ficante”!

Minha vida tem sido pródiga em pessoas assim. Já meu avô a quem conheci até os seis anos, Dr. Camilo Mércio, médico e político do Partido Libertador, maragato, gostava de jornal e de escrever por óbvio, embora fosse um cirurgião, contratou em 1935 o Barão de Itararé, na época apenas Aparício Torelli, para dirigir um jornal em São Gabriel. E todos sabem das boas e menos boas do Barão, que nunca foi Barão, e se intitulava o 1º. Barão da República.

Agora São Gabriel, que também é conhecida por “Atenas Rio-grandense”, por ter em sua história, um acadêmico das letras como Alcides Maya, contemporâneo e indicado por Machado de Assis, surgem novos letrados e inspirados escritores e poetas na vida da cidade.

Esses artistas das letras, como Quintana, Aparício e agora outros tão bem postados na comunidade, como Osório Santana (falecido) Clair Alves, José Antônio Macedo e João Alfredo Reverbel Bento Pereira e um sem numero de outros, o fazem, por mero sentimento de contar o que viram e sentiram de modo totalmente, às vezes diverso, do que as pessoas veem.

As coisas acontecem e na sensibilidade deles, artistas das letras, os fatos parecem divertidos. Um simples olhar ou gesto e mesmo uma palavra perdida, fazem toda a diferença. E São Gabriel é um reduto de artistas a maioria anônima.

Mas quem conhece a cidade, sabe que lá existe uma alma que perambula, inspirando seus moradores às mais diversas emoções.

Lembram do Rubem Helwing? Do Osvaldo Nobre? Dagoberto Foccácia e do Edilberto Teixeira? Dagô, embora pelotense entrou nesse sentimento da terrinha e seus juris eram brilhantes e hilariantes.

Na rádio fez sucesso com seu espírito divertido. No futebol como radialista foi homérico. E quem conhece o Cacaio (Carlos) Bicca Benavides, sabe que ali reside uma cultura exótica da alma da cidade.

É uma vida agradável ser assim. A comunicação é necessária, seja de que jeito for. Nos livros do João Alfredo se vê isso nitidamente incorporado na cultura na cidade. (Fonte: Blog “Confraria dos Amigos de São Gabriel”)

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