Erasmo Chiappeta, um homem de mãos semeadoras

Erasmo Dias Chiappetta foi um dos políticos mais importantes de São Gabriel, nos últimos anos. Foi prefeito da cidade, deputado estadual, presidente da Companhia Riograndense de Lacticínios (Corlac) e secretário municipal.

Ele nos deixou na tarde do dia 12 de dezembro de 2015, aos 72 anos, depois de um período de hospitalização em Porto Alegre, onde se submetera a delicada intervenção cirúrgica. Produtor rural deixou a esposa Maria Cândida e os filhos Erasmo Filho, Ana Cândida e Giuseppe.

O corpo de Erasmo foi velado durante o dia no saguão do Palácio Plácido de Castro, que fez parte de sua trajetória política, por determinação do prefeito Roque Montagner e aquiescência dos familiares. Lideranças de vários partidos, eleitores, amigos e familiares foram se despedir do líder trabalhista.

Entre as autoridades presentes estavam os ex-prefeitos de Santa Margarida do Sul, Italmar Chaves, e de São Gabriel, Rossano Dotto Gonçalves; o deputado federal Pompeo de Mattos; e o prefeito de São Gabriel, Roque Montagner.

Na ocasião várias pessoas usaram da palavra, com destaque para o deputado Pompeo de Mattos, que contou detalhes da vida de Erasmo Chiappetta e sua importância para o trabalhismo.

O prefeito Roque salientou que “Erasmo foi uma pessoa carismática que conquistou todos os que estavam ao seu redor, pela simplicidade e tranquilidade de tratar. Enfatizou que São Gabriel perdeu um grande homem, um político à frente do seu tempo e um amigo para todos as horas. Um empreendedor que sempre lutou pelo setor agropecuário, do qual fez parte”.

O prefeito Roque Montagner decretou Luto Oficial por três dias. A Prefeitura também cancelou a abertura do “Natal dos Sonhos”, que seria realizado na noite de domingo. O festival “Canta Tchê”, organizado pela Rede Tchê de Comunicações, com shows musicais, também foi adiado para a segunda-feira.

PREFEITO E DEPUTADO ESTADUAL

Erasmo Chiappetta nasceu em 2 de junho de 1943. Assumiu a Prefeitura de São Gabriel em 1973, ficando no cargo até 1976. Sua gestão foi plena de realizações, com destaque para a construção do Ginásio Plácido de Castro, chamado carinhosamente de “Chiappettão”, erguimento de escolas, entre elas a Ferraz Netto, estabelecida em 1976, como forma de suprir a necessidade de ensino público de base para a região do bairro Bom Fim e arredores, em terreno doado pela família Ferraz.

Em cerimônia cívica realizada no dia 14 de abril do ano passado, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Pedro Ferraz Neto, comemorou 42 anos de existência.

Apresentações artísticas, exposição fotográfica, aulas de dança, pintura, brinquedos e jogos, torneio esportivo e outras atividades fizeram parte da semana que se estendeu até o dia 19.

Até o final do ano passado começaram as obras de construção de uma quadra poliesportiva coberta na escola, fruto de emenda parlamentar de R$ 250 mil, de autoria do deputado federal Danrlei de Deus Hinterholz (PSD), por solicitação do vereador André Focaccia (PSD).

Erasmo ainda realizou obras de abertura e manutenção de estradas, pavimentação asfáltica de diversas ruas da cidade, construção do Monumento da Loja Maçônica Rocha Negra Nº 1, entre outras obras essenciais.

O Monumento da Loja Maçônica Rocha Negra Nº 1 é constituído por uma coluna de alvenaria construída dentro de um lago artificial e homenageia o centenário da Loja Maçônica Rocha Negra Nº 1, conforme inscrição nele existente.

Foi construído pelo Executivo Municipal durante a administração do Dr. Erasmo Dias Chiappetta e inaugurado no dia 29 de junho de 1965.

Em 1979 elegeu-se deputado estadual pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), permanecendo no cargo até 1982, não conseguindo a reeleição.

Como parlamentar sua principal bandeira foi a proposta de exploração do “Xisto Betuminoso”, como fonte energética. Inclusive, chegou a propor a instalação de uma Comissão para debater o tema.

Vários políticos locais relembraram a luta histórica desempenhada pelo ex-prefeito e ex-deputado estadual Erasmo Chiapetta, em prol do aproveitamento do xisto betuminoso como matéria-prima.

Como deputado de 1979 a 1983, o líder trabalhista gabrielense, falecido em 2015, liderou a Comissão Especial de Aproveitamento do Xisto, uma sub-comissão da Comissão de Assuntos Econômicos da Assembléia Legislativa do Estado.

O relatório final, denominado “É Hora do Xisto”, tornou-se um dos principais documentos sobre o desenvolvimento da Metade Sul, e em 1983 o trabalho de Chiapetta mereceu o “Prêmio Springer por um Rio Grande Maior”, atual prêmio Ari-Fiergs.

Quando da fundação do Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi um dos primeiros a se filiar. Pela sigla concorreu novamente a Prefeitura Municipal nas eleições de 1982, 1988 e 1992, não logrando êxito.

Quando do governo de Alceu Collares, foi presidente da CORLAC, tendo como seu diretor o atual prefeito da cidade, Rossano Gonçalves. Essa amizade valeu o convite para ser Chefe de Gabinete de Rossano, após ficar um bom tempo longe da política.

Como em São Gabriel, na política se briga por qualquer coisa, Erasmo rompeu com Rossano, e apoiou a candidatura de Balbo Teixeira a prefeito, em 2004. Balbo ganhou e, ele assumiu a Chefia de Gabinete.

Em 2008 fez as pazes com o trabalhismo, apoiando Rossano, mesmo estando no Partido Socialista Brasileiro (PSB). Com a vitória de Rossano, foi Secretário Municipal de Agricultura e durante esta gestão, ingressou no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB).

PARTICIPAÇÃO NA IMPRENSA

Erasmo também teve importante participação na imprensa local, ao manter o jornal “O Imparcial”, por vários anos, em prédio de sua propriedade, na rua Coronel  Sezefredo, evitando que fosse extinto.

Chiappetta foi inspiração de muitos que ingressaram na política e era considerado referência, tanto pela sabedoria como pela liderança que exerceu durante parte de sua vida - 12, que é o número do PDT.

O escritor e proprietário da Editora Alcance, Rossyr Berny, nos enviou um poema escrito em homenagem ao ex-prefeito e ex-deputado Erasmo Chiappetta.

Com o tema "Homem de mãos semeadoras", Rossyr prestou a última homenagem à pessoa que Chiappetta foi.

Quando os bons e justos demoram suas partidas/é porque ainda tinham lições a nos ensinarem.

Partem assim, feito frutos do tarde, férteis,/para que tivessem mais tempo pela vida semeadora/Professores de lições permanentes.

Corações chiappettanos /imigraram do outro lado do Atlântico/Aqui semearam e colheram sabedorias/Dignas descendências.

Em 1976/Erasmo Chiappetta/Governador de minha São Gabriel/comprou para as escolas do Município/50 livros do inquieto Homem-Autômato/Primeiro sopro na minha árdua jornada literária.

Livro inaugural do moço que deixara a família/seguindo o rastro do primeiro amor de sua vida/Inesquecíveis a Musa porto-alegrense, a Poesia,/o Prefeito amigo.

Boas luzes o levem a campos ainda mais férteis/Dr. Erasmo/E de lá continue a semeadura de boas lavouras/Porque em todos os mundos há seres famintos/a serem saciados pelas mãos de bons semeadores/Iguais às suas. (Texto e Pesquisa: Nilo Dias)