O ator Paulo
Vicente Nobre de Lima nasceu em Porto Alegre no dia 15 de janeiro de 1952,
filho de Fernando Ramos de Lima, médico gabrielense e de dona Zeneide Nazareth
Nobre de Lima, já falecidos. Ela em 1986 e ele em 8 de agosto de 2015, aos 93
anos de idade.
O médico Fernando
Ramos de Lima nasceu em São Gabriel no ano de 1922. Foi um dos profissionais
que se destacou pela benemerência, ao lado de outros médicos como os doutores
Nero Meneghello, Eglon Meyer Corrêa, Dirceu Menna Barreto de Abreu e Miguel
Vinhas Varella, entre outros.
Cursou o Colégio
Militar. Formou-se em 1947 na Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Após,
formado, iniciou a atividade médica na cidade de Jacutinga (RS).
Atuou um ano em
Recife, retornando a São Gabriel onde fixou residência. Foi chefe do Posto de
Saúde por vários anos, além de trabalhar no antigo Serviço de Atendimento
Médico Domiciliar de Urgência (Samdu).
Foi ele que criou
o Serviço de Prevenção ao Câncer Ginecológico, referência na região. Em 2017,
foi o homenageado especial do “Mês do Médico”.
Quando Paulo
Vicente tinha apenas um ano de idade seus pais mudaram-se para São Gabriel, por
isso diz para quem “quer saber”, que é gabrielense, “com muito orgulho”. Se não
de berço, mas de coração.
Foi alfabetizado
por sua avó paterna, dona Alice Ramos de Lima. Entrou no segundo ano primário,
no então "Grupo Escolar Menna Barreto”.
Suas professoras
foram Tereza Norberto, segundo ano, Nelizinha Camargo, terceiro ano, Maria da
Graça Cortiana, quarto ano e dona Ilka Caldas no quinto ano.
A partir do
quarto ano primário, até o último ano ginasial, teve como professora
particular, a saudosa dona Julieta Cortiana, sempre lembrada por ele com muito
carinho.
Depois foi para o
Ginásio São Gabriel. O Segundo Grau fez em Porto Alegre, nos colégios Rosário e
Ruy Barbosa.
Sua família
sempre morou no mesmo endereço em São Gabriel, na rua General João Manoel, 775,
casa construída pelo seu avô paterno, Franklin Moreira de Lima. Quando seu pai
nasceu a casa já existia.
Ainda hoje é o
refúgio de Paulo Vicente. De vez em quando passa uns dias lá. E garante que
isso lhe faz bem, sente-se mais forte, renova energias, vê amigos. E do portão
enxerga a “Bekeka”, sua primeira amiga, conforme está escrito no seu “álbum de
bebê”.
Não tem filhos e
garante que assim mesmo é feliz. Ama os sobrinhos, sobrinhos netos, sua
família, os amigos, seus alunos e o público que o prestigia.
Teve muitos
amigos na infância e adolescência. Lembra mais deles pelos apelidos e primeiro
nome: Dado, Toninho, Luiz Cláudio, Gordo, Zé Sena, Francisco, Ligia, que foi
namorada e grande amiga, Malila, Ana Lúcia, Lurdinha, filha do Adair Abreu,
chamada de “Lulu” pelos amigos, Neca, Tota e Jorge “Trovão”.
A maioria desses
amigos conheceu em Porto Alegre, para onde foi sozinho. Seus pais permaneceram
em São Gabriel. Alguns desses amigos foram seus colegas na “Pensão Fronteira”,
na Capital, onde morou por dois anos. Depois se mudou para um apartamento.
COMO TEVE INÍCIO
A CARREIRA DE ATOR
Teve a certeza
que seria ator ainda na adolescência, quando teve a oportunidade de assistir
Paulo Autran no teatro, fazendo "Morte e Vida Severina".
Seus familiares
relutaram no começo, alegando ser uma profissão efêmera. Então Paulo entrou no
Curso de Comunicação da Unissinos, aos 17 anos, e só depois foi para
Licenciatura e Teatro na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Antes de entrar
na Unissinos ele foi à São Paulo, fazer teste para o musical "Hair".
Na fila estavam (todos jovens) Antônio Fagundes, Sonia Braga, Nuno Leal Maia e
Jorge Fernando.
Foi aprovado, mas
não teve apoio da família. Então resolveu cursar “Comunicação”, e depois de
anos, largou tudo e foi fazer teatro, o que sempre quis. E dessa vez com apoio
de toda a família.
Paulo Vicente é
licenciado em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e professor de Educação Artística pela rede estadual de ensino. Iniciou
a carreira de ator há mais de quatro décadas, tendo participado de cerca de 30
montagens de espetáculos de teatro.
Entre elas “O
sentido do corpo”, criação coletiva com o Grupo “Ói Nóis Aqui Traveiz”, “A
Festa secreta” e “Identidade em delito”, todas com direção de Carlos
Wladimissky; “Palco de vidro”, de Georg Bücher com direção de Paulo Mauro da
Silva; “A mãe da miss e o pai do Punk” e “A fonte”, com texto e direção de Luiz
Arthur Nunes; “Lisistrata”, de Aristófanes; “A mulher só” e “Rainhas da
Pesada”, com direção de Roberto Camargo; “Rasga coração”, de Oduvaldo Vianna
Filho, com direção de Nestor Monastério; “Queridíssimo canalha”, de Ivo Bender,
com direção de Graça Nunes; “King Kong Pálace”, de Marco Antônio De La Parra,
com direção de Antônio Carlos Brunet; “Teatro pra mim é grego”, texto coletivo
de publicitários gaúchos, com direção de Antônio Carlos Falcão; “Abajur lilás”,
de Plinio Marcos e “Boca de ouro”, de Nelson Rodrigues, com direção de Roberto
Oliveira; “Nossa cidade”, de Thornton Wilder com direção de Cláudio Cruz; ”Boa
noite, cinderela”, de Luís Francisco Wasilewski, com direção de Caco Maciel;
“Artimanhas de Scapino”, de Molière dirigido por Margarida Leone Peixoto; “Como
agarrar um marido antes dos 40”, com texto e direção de Cláudio Benevenga;
“Transe”, com texto de Ronald Raad, com direção de Gilberto Perin; “Lembranças
no lago dourado”, com texto de Paulo Vicente, Cláudio Benevenga, Eleanora Prado
e Ana Cecilia Reckziegel, com direção de Eleanora Prado; “Reveillon”, com
direção roteiro para a declamadora Conceição de Maria, dividiu a direção com Zé
Adão Barbosa em “Besteirol a comédia”; também participou do longa-metragem
“Beijo ardente”, de Flávia Moraes; “A Hora da Verdade”, de Henrique de Freitas
Lima; “Heimweh – Nostalgia”, de Sérgio Silva.
Recebeu o “Troféu
Escalp de Teatro” como “Melhor Ator”, pelo espetáculo “Rainhas da Pesada” além
de várias indicações ao prêmio “Açorianos”, de teatro.
Paulo continua em
plena atividade. E gosta de dizer que “ator, não tem idade”, e pode interpretar
velhos, crianças, homens, mulheres, árvores, geladeiras, carros, enfim...
Enquanto puder estará na ativa. Só depois disso, poderá passar para outro
plano.
Em sua longa
trajetória pelos palcos, viajou por todo o Rio Grande do Sul, levando trabalhos
também para o Centro do Brasil, indo até o Nordeste, sempre mostrando o teatro
gaúcho. E foi até Montevidéu, acompanhado de sua arte.
Confessa que tem
um sonho, ver o “Theatro Harmonia”, de São Gabriel, funcionando outra vez.
Garante que ficaria feliz demais se isso acontecesse. E lembra de Fernanda
Montenegro, a primeira dama do teatro, que disse: “O umbigo de uma cidade é o
teatro”. Quem sabe um dia...
COZINHAR NÃO É
SERVIÇO
Encontrei uma
postagem da amiga Maria Alice Mendes, que acho interessante publicar, pois o
que aconteceu com ela, pelo visto foi por influência de Paulo Vicente.
“Estou pensando
no ato de cozinhar. E estou pensando porque encontrei essa postagem na página
do meu amigo Paulo Vicente Nobre de Lima - ator e diretor de teatro, professor
de História, filho da terra da minha mãe e cidadão do mundo.
E fiquei
encantada quando li o que eu li: "cozinhar não é serviço. Cozinhar é um
modo de amar os outros". Meu Deus do céu! Eu tenho absoluta certeza disso.
Até 2009, eu não
sabia o que fazer diante do meu fogão, além de pão caseiro, um bom café e belas
conservas. Mas em 2009, no outono de 2009, a minha filha adoeceu.
E adoeceu tão
gravemente, que era preciso reeducá-la para a alimentação. Fazê-la comer,
novamente. E então (e num passe de mágica ou num passe de amor) eu me
transformei numa cozinheira que surpreendeu, principalmente, a mim.
Eu me
especializei em arroz, feijão, batatas, legumes ao vapor, cremes de ervilha e
de cenoura e sopas coloridas. Uma comida extremamente simples, absolutamente
caseira, mas uma comida sagrada, redentora, em cujo prato eu depositava o pão e
derramava o vinho, resgatando a “Sagrada Ceia”.
E contrariei
todas as orientações médicas, dos melhores hospitais. E até fiquei mal vista
(ou malquista) por muitos médicos (antes, meus amigos) e por algumas
nutricionistas (que antes, também, até me queriam bem).
Eu sei que invadi
um território que não era meu. Eu sei que (de uma certa maneira) eu feri o
orgulho profissional (um orgulho justo e natural). E nunca tive a oportunidade
de lhes pedir que me perdoassem aquela invasão (ou aquela insubordinação).
Eu não sei se não
tive oportunidade. Ou se não tive tempo. Acho que não tive tempo, mesmo. Eu
estava completamente envolvida com o meu fogão. Eu sabia que ali, no meu fogão,
eu poderia recuperar a minha filha.
E eu a queria
completa: com a mesma saúde, com a mesma beleza, com o mesmo brilho, com a
mesma alegria. E eu tinha urgência! Eu tinha medo que a tristeza me matasse e
que ela ficasse sem mim.
Sim!
"Cozinhar é o mais privado e arriscado ato". Eu corri o risco. E o
meu arroz fantástico e as minhas sopas coloridas se encarregaram de promover a
“Ressurreição e a Vida”. (Pesquisa: Nilo Dias - Matéria publicada no jornal "O Fato", de São Gabriel-RS, edição de 9 de outubro de 2019)
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