Os sepultamentos eram feitos às pressas, numa carroça funerária chamada de "Maria Crioula", pertencente à Santa Casa de Caridade. Tanto o carroceiro, quanto o coveiro, andavam exaustos e fartos de conduzir mortos e sepultá-los. Eram 10 ou 12 por dia.
Naquele tempo quando alguém morria, a casa ficava de
luto, e as portas eram fechadas. Uma semana depois se abria uma
fresta, como um sinal para se receber as visitas de pêsames. Com a calamidade
da gripe as portas todas acabaram ficando bem fechadas, pois não se sabia
ao certo os perigos e de como era o contágio da nova gripe.
Muitas histórias foram contadas naquele tempo de epidemia. Algumas verdadeiras, outras nem tanto. A tradição oral encarregou-se de guardar um acontecimento fantástico, tragicômico até, que dizem ter sido real. Um doente sofreu uma síncope e desfaleceu por algumas horas. Dado como morto, estava sendo conduzido para o cemitério, ao tranco lento da carroça funerária. No meio do caminho, veio a si e rebentou a tampa do caixão.
O carroceiro, ouvindo o barulho, virou-se para trás e viu o "morto" sentado no caixão e a sorrir. O susto foi tão grande, que o pobre homem desceu da carroça e saiu correndo rua afora, seguindo pelo "morto", vestido com um camisolão branco, que gritava "para aí, moço... para aí, moço".
Na antiga "Ponte Seca" alguns populares acudiram o carroceiro. E em seguida surgiu o "morto", bastante suado e agitado pela correria de várias quadras. Contam que o burro e a carroça chegaram logo em seguida, o que tornou mais "fantasmagórica" a perseguição. (Extraído do livro "História de São Gabriel", de autoria do historiador Osório Santana Figueiredo")
Nenhum comentário:
Postar um comentário