quarta-feira, 25 de novembro de 2015

A ponte sobre o rio Vacacaí

A ponte construída sobre o rio Vacacaí tem também sua história. Segundo o jornal “A Resistência”, edição de 31 de dezembro de1885, as leis provinciais números 1.276, de 2 de maio de 1881 e 1.439, de 8 de abril de 1884, autorizaram a Câmara Municipal de São Gabriel a emitir apólices até o valor de Rs.49:000$000, para a construção de uma ponte mista (pedra e madeira) sobre o rio Vacacaí, no Passo do Fidêncio, então chamado Passo Geral .

O Barão de Candiota, Luiz Gonçalves das Chagas, subscreveu todas as apólices e habilitou a municipalidade a chamar concorrentes para a construção da obra. Em 1º de outubro, apresentaram os construtores interessados suas propostas.

Eram eles os senhores Carlos Cândido Pereira e Francisco José Simch, tendo feito um abatimento de 1% sobre o orçamento apresentado pela Câmara, ressalvando, todavia, os possíveis erros de cálculo que contassem do referido documento.

A municipalidade, por sua vez, aceitou o contrato e sancionou-o com os interessados, firmando pela Câmara, seu presidente e autor do projeto, Geraldo Faria Corrêa, que na ocasião era, também, deputado provincial.

Foi submetido o orçamento a um habilíssimo engenheiro, que construiu a ponte sobre o rio Jacuí, eventualmente em São Gabriel, tendo este técnico acusado um erro de Rs. 5:400$000, confirmado também por uma comissão nomeada para tal fim.

Dessa maneira, o deputado Geraldo Faria Corrêa, apresentou novo projeto de lei à Assembléia Provincial, solicitando autorização para a emissão de Rs. 6:000$000 em apólices, para cobrir a diferença verificada no orçamento e para propiciar a construção de uma pequena casa junto a ponte, para residência do cobrador de pedágio.

Os contratantes se obrigaram a dar a ponte pronta em 18 meses, a contar do dia 1º de outubro de 1885, porém era crença geral que a entregariam ao público em dezembro de 1886, pois ambos eram moradores da cidade e gabrielenses, aspiravam à pronta realização de tal melhoramento.

O mesmo deputado Faria Corrêa conseguiu a lei reguladora do pedágio na ponte, conforme consta do artigo 3º da Lei número 1.276, no início citada. A Lei diz o seguinte, em resumo:

Construída a ponte do rio Vacacaí, não podem ser abertos passos particulares até quatro quilômetros, tanto para cima, como para baixo do lugar em que for construída a referida ponte, no Passo do Fidêncio, devendo a Câmara Municipal de São Gabriel mandar inutilizar para o trânsito, as que atualmente se prestam a ele.

Cobrará a municipalidade, de acordo com o artigo 38, da Lei número 1.276, de 2 de maio de 1881, o seguinte pedágio:

- Carreta ou qualquer outro veículo com cargas ou passageiros, inclusive os animais que o tirarem: Rs.1$000.
- Carreta ou qualquer outro veículo vazios, com os animais que o tirarem: Rs. $500.
- Cargueiro: Rs. $120.
- Animal vacum: Rs. $040.
- Animal cavalar, muar e asinino: Rs. $ 020.
- Animal montado: Rs. $040.
- Animal ovino, caprino e suíno: Rs. $010.
- Pessoa a pé: Rs. $020.
Nota: Os bois guias de tropa de gado e seus condutores ficam isentos de pedágio.

A verdade é que a ponte sobre o rio Vacacaí foi motivo para grandes discussões politicas, visto ter o Barão de Candiota adquirido sozinho as apólices emitidas pela Câmara Municipal. Artigos e mais artigos foram escritos sobre o assunto.

Também a terra fornecida por construções da cidade para o aterro da ponte, foi objeto de celeumas e mal entendidos, gerando uma série de “a pedidos”, procurando cada um dos oponentes estabelecer a verdade dos fatos.

Afinal, a ponte foi construída e até os nossos dias “muitos litros d’água” já lhe passaram por baixo, muito servindo à cidade de São Gabriel, que louva os pioneiros de sua construção. (Fonte: Livro “São Gabriel na História”, de autoria de Aristóteles Vaz de Carvalho e Silva)

Ponte sobre o rio Vacacai, construída por Carlos Cândido Pereira e Francisco José Simch. (Foto: Reprodução)

Ponte sobre o rio Vacacaí em reconstrução. (Foto: Reprodução)

Atual ponte sobre o rio Vacacaí. (Foto: Divulgação)

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