Passado algum tempo, porém, José Rufino dos Santos de Menezes, genro de Juca dos Santos, vindo de Uruguaiana, ergueu no ponto mais alto da propriedade, um outro prédio, onde viveu até o fim de seus dias.
Construída e cuidada com esmero, tornou-se a Estância da Boa Vista uma das propriedades mais importantes e aprazíveis da época. A casa sólida, de paredes caiadas tinha um belo aspecto senhorial, com uma vasta varanda que acompanhava toda a extensão da frente.
Havia, ainda, um pátio fechado com altos muros, sendo que as dependências comuns nas fazendas daquela época ficavam ao fundo. À frente, desdobrava-se um verde gramado que descia suavemente até as canhadas próximas.
Havia, ainda, as senzalas, uma à direita, outra à esquerda da casa grande, um pouco distantes, mas de tal maneira posicionadas que poderiam ser, perfeitamente, vigiadas pelo fazendeiro. E, para todos os lados, vastas coxilhas de pasto rasteiro, aqui e ali rebordadas por capões de mato, os quais, invariavelmente, ocultavam sangas de águas límpidas.
Mais além,, a mataria densa, cujas árvores seculares, na primavera, sacudiam, complacentes, as poderosas comas ao sopro suave do Minuano. Mas quando eram agredidas pelas rajadas violentas das tempestades hibernais, retorciam-se irritadas.
Mas o tempo passou, José Rufino e Benedita morreram. Os escravos, que representavam o braço trabalhador, foram libertados. Os descendentes do fazendeiro não possuíam a mesma garra de seu antepassado para administrar uma propriedade daquele porte.
Além disso, aos poucos, a Fazenda foi sendo dividida pelos sucessivos inventários. Vários herdeiros venderam a parte que lhes cabia. E, de acordo com uma planta que veio à público, datada de 1916, pouco antes da última proprietária, Amélia dos Santos de Menezes, vender o que restava da propriedade, a mesma já estava reduzida a apenas quatro mil e poucos hectares.
Mudando de dono, a Estância da Boa Vista também mudou de nome: é hoje Estância do Panorama. Sua fachada também foi modificada, é claro, aos gostos dos sucessivos proprietários, mas a paisagem que a rodeia permanece a mesma.
E assim ficará até que a mão do homem transforme toda aquela bucólica beleza em um aglomerado de prédios imensos, povoados de gente apressada e insensível que não tem tempo, sequer, para administrar as maravilhas que a natureza esconde naquele pedaço de paraíso.
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