O amigo Dilmair Monte, gabrielense que hoje mora em Porto
Alegre, estará comemorando no próximo dia 13, nada menos do que 65 anos de
idade. E, com sabedoria, garante que isso é um presente do "Deus Criador", pois
apesar de toda a “vida louca” de sua juventude, consegue chegar a uma idade em
que muitos da sua geração subiram para a vida espiritual.
Já com os cabelos grisalhos continua sendo um adepto do
Carnaval, e nos presenteia com duas belas recordações as fotos acima. E diz sobre elas: “Dezembro
de 1980, provavelmente 2 de dezembro – Dia Nacional do Samba –, nasceu na Vila
Maria em São Gabriel, uma escola de samba, idealizada por jovens sonhadores,
homens e mulheres amantes do Carnaval, insatisfeitos com o modelo até então dos
festejos na cidade.
E decidiram criar uma nova agremiação carnavalesca,
batizada com o nome de “Academia de Samba Unidos da Zona Sul”. Foram escolhidas
as cores vermelha e branca, uma homenagem ao “Acadêmicos do Salgueiro”, do
Rio de Janeiro, escola de samba que a maioria do grupo de fundadores era
simpatizante.
Assim como a gloriosa escola de samba carioca, não
queríamos ser a melhor, nem a pior, mas uma escola de samba diferente. Uma
agremiação que fosse democrática e inclusiva. Determinamos que nossa
apresentação fosse um desfile de percurso, um cortejo por toda a avenida.
Naquele tempo era tradição na cidade somente uma
apresentação fixa em frente ao coreto da praça Doutor Fernando Abbott, local
oficial do Carnaval. Mas a gente era rebelde, quebramos o protocolo.
Apostamos
na inovação e desfilamos em cortejo, com sonorização própria em carro de som,
improvisado sobre um jipe. O povão vibrou com a nossa criatividade. Foi um Carnaval
inesquecível e emocionante.
Na comunidade constituímos um atelier de artes, onde
confeccionamos em forma de mutirão as fantasias e adereços. Foi gratificante o
processo de criação coletiva, todos ajudaram de uma forma ou de outra.
Quem sabia costurar foi produzir fantasias, outros criavam
e montavam os adereços, um grupo pintava os chapéus, calçados e instrumentos.
Cada um dava sua parcela de
contribuição. Uma verdadeira "escola de samba comunitária", até as
crianças participaram do processo criativo.
Não havia disputa pessoal, nem ego, nem vaidades. O mais
importante era ver nossa escola de samba bonita e deixar fluir o amor ao
samba e ao carnaval. Estas inovações promoveram um impacto positivo. Criamos a
primeira ala gay, que foi uma atração à parte, pelo luxo e criatividade das
fantasias apresentadas pelos integrantes.
A amiga e musa Elisa Gonçalves, uma bela e talentosa
jovem de nossa comunidade foi consagrada a rainha. A minha prima Maria
Ribeiro ofereceu o quintal de sua casa, um terreno amplo com muitos pés de laranjeiras
no seu entorno, para ser nossa “Quadra de Ensaios”.
A “Zona Sul” foi a primeira escola de samba da cidade a
ter uma “Quadra de Ensaios”, um verdadeiro “Terreirão do Samba”.
Tive a alegria de ser aclamado presidente da “Academia”.
O genial Hamilton Leão compôs nosso samba de enredo e Joacy Cesar (o primo
carioca da gema) era o nosso Diretor de Bateria.
Entre os fundadores e integrantes aficionados, ainda lembro alguns: Airton Ribeiro, "Zé Carnaval” Ribeiro e esposa Iara, Vera Beatriz Ribeiro Cesar, Ângela Ribeiro (Porta Bandeira), Déa Ribeiro, Bereu, "Zé do Surdo", "Baleia", Duca, Vando, Dudu e tantos outros. A saudosa Iyalorixá Enilda da Iansã era nossa coordenadora da "Ala de Baianas".
Entre os fundadores e integrantes aficionados, ainda lembro alguns: Airton Ribeiro, "Zé Carnaval” Ribeiro e esposa Iara, Vera Beatriz Ribeiro Cesar, Ângela Ribeiro (Porta Bandeira), Déa Ribeiro, Bereu, "Zé do Surdo", "Baleia", Duca, Vando, Dudu e tantos outros. A saudosa Iyalorixá Enilda da Iansã era nossa coordenadora da "Ala de Baianas".
Foi imprescindível para o êxito de nosso projeto de Carnaval o apoio de Maria Izukto (a Kátia, proprietária de bordel e madrinha da
escola), do vereador Sergio Monteiro Lopes e do vice-prefeito José Gonçalves.
Faz muito tempo que não participo do Carnaval de minha
terra natal, pois aqui na Capital estou sempre envolvido com a minha querida “Academia
de Samba Puro”. Por vezes tenho viajado para outras cidades, inclusive São
Paulo, para ser avaliador do quesito tema de enredo, minha qualificação.
Confesso com emoção ter saudades destes tempos idos, das
boas amizades e de nossas jornadas de samba no “terreirão” da Unidos da Zona
Sul. (Fonte: Página de Dilmair Monte, no Facebook)
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